Vandré Colares
Acadêmico do 3º semestre de Relações Internacionais
da Unama
O dia 14 de abril é tido
como o Dia Internacional do Café. Em proveito da data, far-se-á uma reflexão
acerca da importância histórica deste produto para o Brasil, com suas
implicações quanto à inserção do país no sistema internacional (SI). Para
tanto, recorrer-se-á aos ensinamentos do teórico neorrealista Robert Gilpin,
que destaca o aspecto econômico em sua análise.
O
ciclo do café no Brasil se deu, grosso modo, entre 1800 e 1929/30.
Anteriormente, a economia nacional (ainda que em tempos coloniais) fora marcada
por outras matrizes, tais quais cana-de-açúcar, mineração e até mesmo uma
tímida atividade industrial (surto industrial). Entretanto, foi no ciclo do
café que o Brasil imperial e da republica velha conseguiu alçar voos econômicos
mais altos, no que diz respeito às exportações, por conseguinte à economia
internacional.
O
cenário de oferta e demanda pelo café à época se mostrou propício para
a ascensão econômica do Brasil no ramo cafeeiro. Além da demanda europeia pelo
produto, uma vez que não possuía grandes plantações deste, a independência dos
Estados Unidos da América também contribuiu bastante para a existência de
mercado para o café brasileiro. Os americanos, povo recém-independente e em
crescimento evitavam comprar produtos da Inglaterra, sua antiga metrópole. O
Brasil se apresentou como alternativa, uma vez que as colônias britânicas na
Ásia eram as principais produtoras até então.
Uma
vez dispondo de larga demanda pelo produto, bem como características favoráveis
à produção deste (larga extensão territorial, mão-de-obra escrava,
posteriormente imigrante e etc.), o Brasil passou a ser detentor de expressiva
parcela da oferta de café no mercado internacional. Assim, pode controlar os
preços deste produto no mercado internacional, ou seja, graças ao café o Brasil
ganha certo destaque, pujança no sistema internacional.
É
possível analisar tal recorte através da teoria do professor Robert Gilpin.
Apesar da tradição realista, o autor engloba os fatores econômicos em sua
análise do sistema internacional, afirmando ser também relevante a economia na
construção do poderio estatal (apesar de não se sobrepor ao poder bélico).
Gilpin,
portanto, admite que a economia seja é fator capaz de atribuir
importância, de propulsionar um Estado dentro do SI. Assim sendo, pode-se dizer
que foi exatamente o ocorrido no Brasil durante o ciclo do café. Por mais que
não se tratasse de uma potência, dada ausência de poderio bélico, o país passou
a exercer certa influência pelo viés econômico, destacando-se no cenário
internacional.
Assim, o papel do café
na construção do Brasil foi o de posicionar o país dentro do sistema
internacional. Por conta de fatores como a detenção de grande parte da oferta e
um mercado com boa demanda pelo produto, o Brasil – pelo viés econômico – passa
a exercer certa influência, deter certa importância no referido sistema, tal
como é preconizado na teoria de Robert Gilpin.
De
certa forma, se não garantiu a manutenção do Brasil como potência média no SI
até os dias atuais, o café colaborou para ser reconhecido como forte potência
regional na América Latina.
Ótima abordagem!
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