Jean Diego
Acadêmico do 3º
semestre de Relações Internacionais da
Unama
Pará,
um Estado com aproximadamente 1.250.000 km² cercados de uma imensa diversidade
cultural. Sejam elas danças folclóricas, folguedos populares, lendas, mitos,
pratos típicos, frutas regionais, cultura indígena, entre outros. Porém, a
festa que move grande parte da população paraense, brasileira e mundial,
realizada em Belém do Pará há mais de dois séculos, não pode ser esquecida. O
Círio de Nazaré.
A
festa é uma das maiores procissões católicas realizadas no Brasil e no mundo, a
qual reúne por volta de 2 milhões de pessoas, denominadas de romeiros, que são
grupos religiosos que peregrinam a uma determinada igreja ou local considerado
santo, a fim de pagar promessas, agradecer, pedir graças ou por devoção.
Ou
seja, mais de meio milhão de turistas de outros Estados e países se reúnem na
capital paraense, uma vez que o Pará possui cerca de 1,4 milhão de habitantes.
Os mesmos, na celebração da festa, caminham pelas ruas da capital do Estado em
homenagem à Senhora de Nazaré, mãe de Jesus. Tal caminhada é denominada pelos
católicos de “caminhada da fé”. Mas antes de qualquer afirmação, é importante
relembrar a “lenda-história” do Círio de Nazaré.
Nos
confins do ano 1700, Plácido José de Souza, que era um caboclo paraense, saiu
pra caçar nos arredores do igarapé Murutucu e ao refrescar-se nas margens do
igarapé, viu a imagem da Senhora de Nazaré entre as pedras, coberta por lodo.
Imediatamente
o caboclo levou a mesma para sua casa e a pôs num altar para que pudesse
venerá-la. No dia seguinte, no entanto, a imagem não se encontrava mais no
local onde havia sido posta. Então, Plácido, sem saber o que estava
acontecendo, procurou-a nas margens do igarapé e, para sua surpresa, lá estava
ela, novamente entre as pedras.
O
acontecimento ocorreu diversas outras vezes e com isso chegou ao conhecimento
do governador da época, que decidiu pôr a imagem no palácio sob rígida
vigilância. Entretanto, a mesma voltou a sumir e reaparecer às margens do
Murutucu.
Os
religiosos concluíram que a imagem queria ficar no igarapé, então, decidiram
erguer ali a primeira capela. Foi assim, que nasceu e evoluiu o culto de
adoração à Senhora de Nazaré.
Porém,
há uma grande divergência entre os estudiosos da área.
Uns
dizem que Plácido realmente existiu e foi o criador do culto em Belém, afirmam também
que Plácido não era um caboclo humilde como relatado na lenda e sim um grande
caçador e agricultor que possuía grandes pedaços de terra, como diz a escritora
paraense Mízar Bonna: “Ele não era um simples caboclo como muitos dizem por aí.
Plácido fazia parte de uma das primeiras famílias colonizadoras do Pará”.
A
escritora afirma que Plácido nasceu no município de Vigia, era filho do
português Manoel Ayres de Souza e sobrinho de um dos primeiros capitães-mores
do Grão Pará, Ayres de Souza Chichorro. Sua esposa era uma paraense, chamada
Ana Maria de Jesus, filha do português Fernão Pinto da Guia. Estrada do
Maranhão, hoje bairro de Nazaré, era a região onde o casal morava, em terras
que lhes foram doadas pelo tio, em 1673.
Em
um artigo sobre a festa popular, publicado em uma edição do Diário do Pará, um
engenheiro chamado Waldemir Jorge João relatou que a veneração à Senhora de
Nazaré foi introduzida no Pará por padres jesuítas portugueses antes de Plácido
ter achado a imagem às margens do igarapé Murutucu.
O
autor também diz que Plácido viveu em Vigia, mas se mudou para Belém e que era
um homem simples e religioso, que provavelmente conhecia os jesuítas
portugueses. Tal ideia faz com que o engenheiro ache que a imagem não foi
encontrada de forma tão casual como é descrita na lenda.
Outros
dizem que o caboclo nunca existiu, como afirma o professor de História da
Universidade Federal do Pará (UFPA), Geraldo Mártires Coelho, em um de seus
discursos, definindo Plácido como “uma figura mitológica”.
O
historiador diz que não existe nenhum documento que comprove a existência do
“homem que encontrou a imagem”, como é conhecido o caboclo. “Ninguém sabe quem
ele era. Não há prova, não há documento. O que existe é uma tradição”, declarou
o professor.
De
qualquer forma, é preciso reconhecer que o Círio, além de ser de grande
importância para a cultura paraense, é, também, uma grande estratégia
econômica, uma vez que a festa de 2013 injetou na economia paraense
aproximadamente R$ 895 milhões, através do aumento dos serviços, comércio,
agropecuária, industrias, os quais são os principais influenciados pela grande
festa religiosa, e representam 25% de geração de empregos, mesmo que 95% das
oportunidades sejam informais.
Para
os paraenses e para os que vêm participar das celebrações, o Círio de Nazaré é
uma grande representação cultural paraense. Uma cultura que é extremamente
diversificada, rica em cores, gostos, aromas, beleza e, principalmente,
personalidade.
REFERÊNCIAS
Prodepa. Cultura,
fauna e flora. Disponível em: http://www.cdpara.pa.gov.br/index.php
Diretoria da Festa de Nazaré. Círio de Nazaré 2014. Disponível em: http://www.ciriodenazare.com.br/portal/
Diário do Pará. História:
quem era o caboclo Plácido, afinal?.
Disponível em: http://diariodopara.diarioonline.com.br/impressao.php?idnot=64098
Nenhum comentário:
Postar um comentário