Marcilene
Pinheiro
Terapeuta
Ocupacional/UEPA
Esp.
Integração Sensorial/USC
MSc.
Teoria e Pesquisa do Comportamento
Inter – Qual
a diferença entre Fisioterapia e Terapia Ocupacional, suas especialidades e seus procedimentos?
De acordo com o CREFITO 12,
o fisioterapeuta é um profissional da área da saúde capaz de intervir junto aos
distúrbios cinéticos funcionais ocasionados por alterações genéticas, traumas
ou doenças adquiridas, sendo sua conduta baseada nos aspectos da cinesiologia e
biomecânica. Já o terapeuta ocupacional apesar de ser um profissional da área
da saúde em sua formação tem muito da área social, sua intervenção se dá junto
às alterações em funções práxicas, ou seja, junto à própria atividade humana,
sendo sua conduta a partir dessa atividade humana frente ao eixo referencial
pessoal, familiarmente coletivo e social.
Costumo dizer que alguns
termos, como cinesiologia e práxis, parecem de outro mundo para aqueles que não
são fisioterapeutas ou terapeutas ocupacionais, mas, se formos pensar de uma
maneira bem empírica e até grosseira para definirmos ambas as profissões e
diferenciá-las rapidamente, podemos afirmar que o fisioterapeuta em sua prática
busca (re)habilitar o movimento, a força, a contração, a diminuição da dor,
entre outras alterações que o indivíduo venha a apresentar em virtude de sua
doença, enquanto que o terapeuta ocupacional busca (re)habilitar a função desse
movimento, dessa força, dessa contração, dessa redução do dor que o fisioterapeuta
trabalhou no indivíduo.
Acredito muito que
fisioterapia e terapia ocupacional são duas profissões que trabalham em
conjunto, principalmente, quando se trata da especialidade de reabilitação
física, não tem como o indivíduo ser tratado só por um desses profissionais,
pois, é justamente esse trabalho em conjunto que faz a reabilitação dessa
pessoa ser eficaz!
Sobre as especialidades e
condutas, são variadas! Normalmente as especialidades seguem o fluxo de eixo de
desenvolvimento humano, principalmente na terapia ocupacional, isto é, infância
e adolescência, adulto, e, velhice, além disso, tem especialidades que seguem a
proposta de áreas de atuação, por exemplo, área de saúde mental, área
hospitalar, onde a fisioterapia tem grande atuação, porque intervém muito junto
à reabilitação respiratória e UTI, área social, saúde coletiva, educação e
esporte, entre outras. As condutas e os procedimentos vão depender da
especialidade de cada profissional.
Inter – Qual
é o conceito histórico entre a relação da Terapia Ocupacional e Fisioterapia na
América Latina?
Sabe-se que ambas as
profissões surgem a nível de Estados Unidos e Europa para tratar militares com
traumas, sequelas dos conflitos da Primeira guerra mundial, contudo, vale ressaltar
que os registros da época e demais referências afirmam que até então as profissões
ainda não eram definidas como são hoje, e que esse trabalho de tentar
reabilitar esses indivíduos era muito primitivo, ou seja, sem padronização, sem
conduta estabelecida, sem muitas especificidades, e feito muitas vezes por
enfermeiros ou uma espécie de assistente social.
Diante disso, quando chegou
à América Latina, mas, precisamente ao Brasil, (e agora a minha fala se volta
pra Terapia Ocupacional) vem ainda muito com essa perspectiva de reabilitação
física, mas, também com um viés voltado para a saúde mental, pois, na Europa
Pinel, um psiquiatra francês, inicia por volta de 1790, um movimento de reforma
psiquiátrica a partir da introdução de uma terapia através da ocupação no
tratamento de pessoas com transtornos mentais.
Inter – No
início dos anos 50, uma comissão da ONU visitou a América Latina e apresentou o
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
como o local mais adequado para a implantação de um Centro de Reabilitação.
Qual foi o papel fundante dessas duas áreas de atuação referente naquela época?
A implantação desse Centro
de Reabilitação foi um divisor de águas para ambas as profissões, pois, é a
partir da implementação desse centro que se consegue iniciar a formação
acadêmica em fisioterapia e em terapia ocupacional, ainda não como bacharelado,
mas, como "técnicos de alto padrão", pois, apesar de ser reconhecida
como profissão desde o final dos anos 40 na Europa, no Brasil ainda era feita
muito por enfermeiros e assistentes sociais. E só em 13 de outubro de 1969 que
se tem o decreto lei n 938 que reconhece as atribuições profissionais e a
formação de nível superior de Fisioterapia e Terapia Ocupacional.
Inter – Qual
a importância do dia dos profissionais de Fisioterapia e Terapia Ocupacional e
qual suas perspectivas da atuação na região amazônica?
Acredito que a importância
deste 13 de outubro seja imensurável, pois, se formos analisar a fundo a
história de ambas as profissões, apesar de suas peculiaridades, foi marcada por
muita luta, muitos desafios, que perduram até hoje, pois, ainda enfrentamos a
dificuldade para ser reconhecido muitas vezes por outros profissionais de saúde
dentro de uma equipe multidisciplinar, por uma remuneração mais justa, por
métodos e técnicas que outros profissionais querem usar e insistem em se
apropriar e acabam deturpando esse método, essa técnica de intervenção e,
consequentemente, o maior prejudicado é o paciente, o indivíduo que recebe
diretamente esse método, essa técnica de maneira inadequada.
E as minhas perspectivas são
as melhores possíveis! Acredito que são profissões importantíssimas e não tem
como falar de uma sem pensar na outra, pois, se complementam a todo tempo,
apesar disso muitas vezes ser desvalorizado por profissionais de fisioterapia e
terapia ocupacional.
Agora, falando mais de
Terapia Ocupacional, tenho a esperança de daqui a alguns anos ter mais
profissionais na região amazônica envolvidos com pesquisa própria de Terapia
Ocupacional, com métodos e técnicas próprios de Terapia Ocupacional, em áreas
onde a intervenção da Terapia Ocupacional é fundamental, como nas áreas de
Educação e Saúde coletiva, por exemplo.
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