segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Desarmamento é um Passo Fundamental para a Paz




Renato Cordeiro
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A Organização das Nações Unidas instituiu os dias entre 24 a 31 de outubro como a Semana Mundial do Desarmamento. A reflexão sobre a necessidade de tornar o sistema internacional mais seguro, através da regulação de armamentos, é de extrema importância para entender a situação da ameaça sempre presente de guerras e conflitos, e como os desentendimentos internacionais podem ser potencializados por meio de armas com poderio inimagináveis. Por isso, a organização enxerga o desarmamento como uma forma de propagar a Cultura de paz e a amistosidade entre as nações.
O desarmamento é a retirada e/ou destruição de qualquer tipo de arma, podendo também estar atrelada a uma política de impedir a criação de novas armas e controlar as já existentes. No âmbito das Relações Internacionais, as armas e os acordos de desarmamento são motivos de muitos dos principais conflitos que ocorrem entre países.
       Neste contexto, foi assinado em 1925 o Protocolo de Genebra, o primeiro acordo do tipo na história; nele vetava-se totalmente o uso de armas químicas e bacteriológicas. O acordo, que entrou em vigor em 1928, embora bem intencionado, não foi bem sucedido quanto ao fim do emprego destas armas, visto que a Alemanha, embora tenha assinado o tratado, não o ratificou e ainda voltou a produzir tais armamentos durante o governo de Hitler, que por sua vez não encontrou impedimentos para utilizá-las novamente na Segunda Guerra Mundial, e desta vez em escala industrial, como ocorria com as câmaras de gás dos campos de concentração.
         Com isso, o Protocolo de Genebra foi abandonado, assim como as discussões quanto a utilização de armas químicas e biológicas. No entanto, este serviu de base para as futuras convenções que retomariam este assunto. Apenas em 1972, 27 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, retomou a discussão, com a Convenção sobre as Armas Biológicas, assinada em Washington e que novamente proibia o uso, mas também a produção e o armazenamento destas armas.
Já as armas químicas continuaram sem regulamentação, devido os impasses entre as grandes potências no contexto da Guerra Fria, produzindo episódios lamentáveis, como o uso de Napalm pelos EUA na Guerra do Vietnã e o uso de vários tipos de armas de químicas pelo Iraque durante as guerras contra o Irã(1980-1988), na Guerra do Golfo(1991) e em ataques contra aldeias curdas no país que deixaram milhares de mortos.
Apenas em 1993, após o término da Guerra Fria, foi assinado um novo tratado internacional sobre o assunto, a Convenção sobre as Armas Químicas, entrando em vigor em 1997 e criando a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). No acordo, determina-se as mesmas proibições destinadas às armas biológicas, com o acréscimo da obrigação de destruir as armas químicas já existentes.
           No entanto, o tipo de desarmamento mais importante para a segurança internacional é o desarmamento nuclear. Essas armas, criadas pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e usadas apenas duas vezes, em ataques a Hiroshima e Nagasaki, no Japão em 1945, levaram o mundo a uma nova corrida armamentista, com a criação de arsenais nucleares grandes e poderosos o suficiente para inviabilizar a vida na Terra em caso de uso das mesmas em uma eventual Terceira Guerra Mundial.
Cientes disso, as grandes potências da época (EUA e URSS), criaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e, após a Crise dos Misseis em Cuba, viu-se a necessidade da criação de um tratado a respeito da regulamentação desses armamentos, o que foi concretizado em 1968 com a criação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, além de vários acordos bilaterais assinados posteriormente.
     Obviamente, todos esses tratados não conseguiram eliminar as ameaças representadas por essas armas, como pode-se notar pelo ataque com armas químicas ocorrido na Síria em 2013, além da obtenção de bombas atômicas por Índia, Paquistão, Israel e talvez pela Coréia do Norte. Entretanto, as agências resultantes de tais acordos tem uma atuação constante e relevante, por servirem de fórum para discussões a respeito de armas e determinar diretrizes a serem seguidas sobre o assunto; prova disso foi que a OPAQ recebeu em 2013, mesmo ano dos ataques na Síria, o Prêmio Nobel da Paz.
Assim, constata-se a relevância de todos esses acordos e organizações intencionais, para que não se concretize na prática a famosa frase de Albert Einstein: “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta; com pedras e paus”.


Referências:

A ONU e o Desarmamento. Disponível em:http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-desarmamento/

Convenção de 1972 sobre a proibição de armas bacteriológicas e sobre sua destruição. Disponível em:https://www.icrc.org/por/resourchttps://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/5yblc9.htmes/documents/misc/5yblc9.htm

Saiba mais sobre a Opaq, laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2013. Disponível em:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/saiba-mais-sobre-opaq-laureada-com-o-premio-nobel-da-paz-de-2013.html

Decreto No 2.864, de 7 de dezembro de 1998. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2864.htm
Decreto No 2.977, de 1o de março de 1999. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2977.htm

Protocolo de Genebra que proíbe armas químicas e bacteriológicas completa 80 anos – E agora?. Disponível em:https://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/6ddhtv.htm.





 

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