sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A importância da Segurança Humana na Contemporaneidade

Paulo Yuri Lameira
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


            Desde o final da Guerra Fria o cenário internacional começou a passar por sérias modificações, como o surgimento de novos atores internacionais com interesses diversos, associado a uma nova agenda de temas internacionais. Com isto, um dos principais conceitos do campo de estudos das Relações Internacionais também sofreu alterações: a segurança passou a ser foco principal dos Estados. O tema, no decorrer dos anos, ganhou uma definição mais abrangente, elevando a percepção da qualidade de vida humana, em detrimento do conceito de segurança tradicional, militarista e estatocêntrica.
O conceito de Segurança Humana defende todas as formas de proteção para a sociedade, gerando uma interação a todas as instâncias sociais, como por exemplo a economia, a alimentação, a política, a saúde e até mesmo as questões ambientais. Por isso, o conceito de segurança humana é uma preocupação institucional necessária para qualquer ator internacional. Isto se deve ao fato de a segurança humana ser um conceito operacional, com empenho de aliviar o sofrimento humano, mobilizando ações tanto por parte dos Estados, como por Organizações Internacionais, ONGs e a sociedade civil.
Questões como soberania, territorialidade, impactos climáticos, combate ao desemprego e bem-estar social, estão contidos nas premissas de segurança humana. Proteger os povos nunca foi tarefa fácil quando se vive em um mundo com uma imprevisibilidade enorme. Por isso, a ideia de segurança humana se complementa com os conceitos de Diretos Humanos e Desenvolvimento, buscando fortalecer uma alternativa às tradicionais perspectivas de segurança a nível global. Sendo assim, por se tratar de vidas humanas, possui dois aspectos principais: 1) manter as pessoas a salvo de ameaças crônicas como fome, doenças, repressão e; 2) protegê-las de mudanças súbitas e nocivas nos padrões de vida cotidianos.
O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) é uma Importante agência coordenadora de questões sociais, presente na organização das Nações Unidas (ONU), que tem por objetivo identificar as dimensões que a segurança pode apresentar para melhor proteger a todos os seres humanos. Seriam elas: Segurança Econômica, para garantir o emprego e remuneração; Segurança alimentar, para combater a fome e a Má distribuição de alimentos; Segurança Sanitária, para combater as epidemias, doenças e até falta de água; Segurança Ambiental, para questões de preservação; além da sustentabilidade e da Segurança Política, para garantir o respeito aos direitos fundamentais do homem. Todas estas dimensões devem reproduzir um processo viável e eficiente para melhorar cada vez mais o bem-estar das pessoas.
Assim como a paz, a segurança também é construída socialmente, ao passo que, em segurança, não se pode ter uma vida plenamente digna, pois ela envolve fatores essenciais, como já foram citados. Neste sentido, é possível perceber que algumas construções teóricas em Relações Internacionais são questionadas, tais como a soberania estatal e o princípio da não intervenção, principalmente porque as intervenções humanitárias também se incluem nos fundamentos de segurança humana.
Portanto, a segurança é a probabilidade de redução do risco e da vulnerabilidade. Ou seja, a diminuição e o controle da insegurança podem ser vistos como uma forma de prevenção das diversas causas dos males que preocupam o mundo. Alguns casos de vulnerabilidade podem ser percebidos atualmente, como o vírus Ebola, que vem afetando o continente africano e preocupa a comunidade internacional como um todo, gerando, assim, cooperação mútua para combater a epidemia
Com isso, É necessário que as políticas de segurança internacional foquem na preocupação com a dignidade da vida humana, pois é impossível estar realmente seguro enquanto ainda acontecerem mortes em massa causadas pela fome, doenças, guerras civis, desastres naturais, dentre outros. As intervenções humanitárias servem justamente para isso: proteger os seres humanos de contextos adversos, e promover o apoio ao desenvolvimento de normas para construção de um mundo realmente seguro.


REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Arianna Bazzano de. Segurança Humana: avanços e desafios na política internacional. Universidade estadual de Campinas são Paulo, 2011, pag. 73 - 88. 

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