terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Pensamentos Internacionalistas: Putnam e os jogos de dois níveis

Robert David Putnam (1941) norte-americano, cientista político, professor de Havard e da Escola de Governo John F. Kennedy, ocupa a cadeira Don K. Price. É autor do livro “Comunidade e Democracia: a Experiência da Itália Moderna”. Nesta obra demonstra a utilização de conceitos como o de “capital social” para o bom desempenho institucional do Estado.
É o autor da teoria dos “Jogos de dois níveis”, no qual, expressa o entrelaçamento entre a política doméstica e a internacional de um Estado, afirma que são nas arenas decisórias internas que são traçadas as possíveis perspectivas do país para o Sistema Internacional, através da analise dos winsets (conjunto de vitórias). Ressalta também a importância do negociador-chefe nos jogos de dois níveis.


“Uma concepção mais adequada dos determinantes domésticos das políticas externa e das relações internacionais deve enfatizar a luta política: os partidos, as classes sociais, os grupos de interesse (tanto econômico quanto não-econômico), os legisladores e mesmo a opinião pública e as eleições – e não apenas os funcionários do poder Executivo e os arranjos institucionais”

PUTNAM. Robert. A Diplomacia e Política doméstica: A lógica dos jogos de dois níveis.

Globalizando: A Organização Internacional do Trabalho.


A OIT é uma agência multilateral da Organização das Nações Unidas, especializada nas questões do trabalho, especialmente nas normas internacionais do trabalho. A ideia de uma legislação trabalhista internacional surgiu como resultado das reflexões éticas e econômicas sobre o custo humano da revolução industrial. A relevância da OIT está na existência de uma estrutura internacional que torna possível abordar estas questões e buscar soluções que permitam a melhoria das condições de trabalho no mundo. 


segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

Resenha: Adeus, Lenin!

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.



Nome original: Good bye, Lenin!
Lançamento: 2012 (118min) 
Dirigido por: Wolfganger Becker
Com: Danie Bruhl, Katrin Sass
Gênero: Drama/Comédia 
Nacionalidade: Alemanha





No início da década de 90 o Sistema Internacional sofreu uma grande mudança ao deixar de ser um sistema bipolarizado. A queda do muro de Berlim representou também praticamente a "morte" da força do socialismo em todo o mundo, se tornando isolado apenas em certos países.
Tempos após a queda do muro, existiram movimentos na Alemanha para que o antigo regime voltasse, inclusive para que o muro fosse construído novamente. Um desses movimentos era chamado de "Olstagie" que terminava passando programações na TV e documentários da época do socialismo, formando uma espécie de nostalgia politica, que foi principalmente movida pelo desemprego e situação difícil com a entrada do capitalismo.


E ao estudarmos tudo isso, desde o ensino médio de várias formas, o filme "Adeus Lenin" se tornou famoso também nas escolas, sendo exibido por quase todos os professores junto com "Tempos Modernos" de Chaplin e tambem "Forrest Gump", todos eles usados como pano de fundo para ensinar os alunos sobre o período histórico. No caso de ‘’Adeus Lenin’’ o diretor e roteirista Wolfganger Becker se diferencia de outros filmes do mesmo tema ao abordar a mudança politica naquele momento de uma forma um tanto diferente.
O filme conta a historia de Alexander (Daniel Bruhl) que ao se envolver em uma manifestação é preso, o que faz com que a sua mãe Christiane (Katrin Sass) fique nervosa e vá parar no hospital. E enquanto Christiane está internada, o muro de Berlin é destruído, e, tentando impedir que a mãe tenha um impacto emocional forte por causa do seu problema de saúde (e por ser uma comunista ferrenha), Alexander faz de tudo para que a mãe não saiba sobre a mudança politica que estava acontecendo, deixando a União Soviética viva, ao menos dentro do quarto da mãe.


Com essa premissa, poderíamos esperar qualquer tipo de filme, seja ele mais dramático e sério, mas o roteirista decidiu sabiamente em tornar o longa em uma espécie de comédia crítica. colocando Alexander em situações bem diversificadas e engraçadas junto aos seus amigos igualmente carismáticos (como o que filma casamentos e pensa que é Hitchcock). O bom nisso tudo é que a direção de Wolfganger Becker, apesar de ser relativamente simples, é criativa ao usar ângulos de câmera para criar justamente os momentos divertidos, inclusive a famosa cena do gigantesco logo da Coca Cola que aparece no fundo enquanto uma visita acontece no quarto de Christiane.
Muito do mérito do filme também vai para a atuação de Daniel Bruhl que tem uma ótima performance ao representar não apenas um rapaz engajado politicamente e que se preocupa com a situação política, mas também não esquece de nos passar a juventude ali presente, principalmente quando se trata da correria ao tentar ‘’improvisar’’ a União Soviética para mãe.
Enfim, ‘’Adeus, Lenin’’ é um bom filme, que varia em sua estrutura sendo às vezes documentário e ao mesmo tempo um filme de relações pessoas e, claro, internacionais também. Não abordei muitos assuntos políticos porque o filme é rico o suficiente para ser interpretado de diversas formas (Marxismo, Liberalismo estão presentes) e, na minha opinião, isso faz parte da experiência.
Até a Próxima!


Globalizando: A Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura.


A FAO é uma organização das Nações Unidas cujo objetivo é aumentar a capacidade da comunidade internacional em promover o suporte adequado e sustentável para a segurança alimentar e nutrição global. Para isso, a organização realiza programas de melhoria da eficiência em especial na produção e distribuição de alimentos e produtos agropecuários, além de projetos que contribuam para a redução da pobreza rural e o crescimento econômico global. 


Desenvolvimento e Sustentabilidade. É possível?



Paulo Victor Rodrigues,
Acadêmico do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

            Ao pensar em Desenvolvimento muitos podem pensar em acumulação de capital ou riquezas materiais, bom, não deixa de ser um conceito acerca desse tema tão amplo e diversificado, porém, será que ao pensarmos em Desenvolvimento também associamos isso à Sustentabilidade? Ou melhor, temos nos desenvolvido de forma consciente, isto é, pensando em nosso meio ambiente e em como utilizar seus recursos garantindo sua preservação e não apenas explorando-os?
            Desde o inicio da Era da Industrialização (ou a chamada Revolução Industrial) na Europa nos séculos XVIII e XIX, onde houve a substituição do trabalho artesanal pelo assalariado e com o uso das máquinas, nota-se o quanto a paisagem natural (não tocada pelo homem) mudou drasticamente, as florestas deram lugar à criação e expansão das cidades, industriais surgiram, posteriormente os primeiros arranha-céus, ou seja, o homem na busca pelo desenvolvimento (lê-se: acumulação de capital) viu na natureza uma fonte de recursos que poderia lhe fazer alcançar esse objetivo.
            Entretanto, até quando o homem vai continuar explorando os recursos naturais indiscriminadamente? Até quando a natureza vai suportar ser explorada? Nos últimos anos temos percebido sinais claros de que isso não poderá se prolongar da maneira que tem sido feita há todos esses anos. Os chamados países Desenvolvidos também estão entre os maiores poluidores, vide o caso norte-americano, o qual se recusou a assinar o Tratado de Kyoto (que tem como objetivo firmar acordos e discussões internacionais para conjuntamente estabelecer metas de redução na emissão de gases-estufa na atmosfera).
            Atualmente, não podemos, ou melhor, o planeta não pode mais aguentar países consumindo irracionalmente seus recursos, não é aceitável que haja investimentos financeiros massivos no incentivo ao desenvolvimento de indústrias que poluem mais, exploram mais... O que precisa acontecer é o despertar dos governantes globais para a importância da preservação, pois com a tecnologia de hoje pode-se muito bem ocorrer desenvolvimento aliado à natureza, isto é, não explorando e sim utilizando conscientemente.

            Um dos grandes exemplos de desenvolvimento sustentável que posso citar está bem próximo, o chamado Programa Municípios Verdes, que tem o objetivo de combater o desmatamento e fortalecer a produção rural sustentável por meio de ações estratégicas de ordenamento ambiental e fundiário e gestão ambiental, com foco em pactos locais, monitoramento do desmatamento, implantação do Cadastro Ambiental Rural (CAR) e estruturação da gestão municipal.
            O município de Paragominas, no interior do Pará, saiu da lista dos mais desmatadores do Brasil por conta de uma ação conjunta, envolvendo governo, sociedade e empresa. Um verdadeiro exemplo de como é possível deixar de ‘agredir’ o meio ambiente quando há um engajamento entre esses três pilares. Também posso citar exemplos, como de Amsterdam, na Holanda, onde os cidadãos priorizam o uso de bicicletas ao invés de automóveis ou até ônibus (há pesquisas recentes que mostram que o número de bicicletas na Holanda supera o de habitantes), evitando assim a queima de combustíveis que produzem gases do ‘efeito estufa’.
            Portanto, a busca pelo desenvolvimento (em especial no âmbito econômico) tem que estar atrelado à tomada de consciência, dando importância e prioridade à sustentabilidade, pois continuar da maneira em que vivemos, com indústrias explorando recursos naturais, queimando combustíveis, com o homem usando a terra inadequadamente para a agricultura, acabará por esgotar os recursos da ‘mãe-natureza’, que levaram a consequências irremediáveis.
Porém, se os cidadãos ao redor do mundo juntamente com os governos e as empresas (iniciativa privada) derem as mãos procurando reproduzir os exemplos como os citados anteriormente, poderemos alcançar o tão sonhado desenvolvimento sustentável, onde o homem vive em harmonia com a natureza, desenvolvendo-se utilizando-a sabiamente, preservando-a.

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Amazônia nas Políticas de Defesa Brasileira: Estratégias e Programas

Luan Sousa
Concluinte do curso de Relações Internacionais da UNAMA.

            A escassez dos recursos naturais vem assolando o mundo como um dos grandes imperativos da agenda de segurança internacional do século XXI. Desde a década de 70 há a conscientização mundial de que a exploração de matéria-prima deve ser feita levando em consideração a sustentabilidade. Sua preocupação é tamanha que na década de 80 surge a ideia das “novas ameaças”, onde questões como narcotráfico, problemas socioeconômicos, de direitos humanos, terrorismo e principalmente a própria escassez dos recursos naturais entram na lista de prioridade dos mais diversos Estados.

            A Amazônia sendo a maior floresta tropical e a maior bacia hidrográfica do mundo em volume de água doce logo chama atenção internacional devido ao seu potencial natural. É então que surge o fantasma da internacionalização. Diversos países e organizações começam a discutir a governança do país na região, dando início, então, a criação de diversos projetos (como o Instituto Internacional da Hileia Amazônica, o Projeto do Grande Lago Amazônico e o Projeto do Centro Trópico Úmido) em busca do estudo, exploração e da tentativa de obter certo controle no bioma, pondo em risco a soberania do Brasil. Um bom exemplo dessa tentativa é o discurso do ex-presidente francês François Mitterrand que na Cúpula de Haia de 1989 sugere a criação de uma organização supranacional mundial que tivesse a capacidade de intervir em casos de interesse mundial na questão ambiental, como a Amazônia.

Para que não permita a ingerência internacional de entidades externas na região amazônica, o governo brasileiro vê a necessidade de criar políticas públicas de defesa para garantir a segurança nacional. Com essa preocupação surgindo apenas na segunda metade do século XX, tem-se a década de 60 marcada pelo lema “integrar para não entregar”, onde o governo buscou criar políticas que integrassem a região com o resto do país. Enquanto a década de 70 procurou manter a presença estatal na região, a década de 80 teve uma postura mais defensiva, com a formulação de projetos e leis ambientais e a criação do Programa Calha Norte e o Programa Nossa Natureza. Já a década de 90 foi marcada por conflitos entre a política ambiental e a política de desenvolvimento, tendo como frutos a Política Nacional de Defesa (PND) e a criação do SIVAM/SIPAM.

A primeira década do século XXI é marcada pela criação da Estratégia Nacional de Defesa (END) que mostra que o Estado finalmente entendeu a necessidade de compreensão não só dos fatores externos, mas também de todo fator interno que possa influenciar e/ou impactar a defesa amazônica. A vinculação da Amazônia com as diversas ações a serem tomadas por todas as instâncias do governo traz o princípio da transversalidade, onde qualquer projeto a ser implementado deve levar em consideração a região em seus aspectos ambientais, sociais e econômicos. É assim que surge o Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (SISFRON) em 2012. Depois de tantos projetos de pesquisa, fiscalização, monitoramento e vigilância, o SISFRON vem como uma esperança para a defesa da Amazônia. Um programa que permite haver tomadas de decisões ao produzir informações confiáveis em operações conjuntas de diferentes agências governamentais.



Mostra-se determinação do Brasil em garantir sua soberania na região, porém é indefinido se suas políticas serão eficientes e suas ações suficientes para defender a região. Dentre os problemas a serem enfrentados para defender eficazmente a Amazônia, tem-se o nosso poderio militar que está antiquado, mesmo estando num nível equiparável a América Latina; assim como a necessidade de investimento em ciência e tecnologia, recursos humanos e reequipamentos; e há também os recentes cortes orçamentários no Ministério de Defesa, o que acaba impossibilitando a implantação de alguns projetos. Atualmente há consciência da importância e necessidade de defesa amazônica, porém o governo brasileiro ainda tropeça ao tentar alcançar esse objetivo, dando passos determinados, porém curtos.

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Pensamentos Internacionalistas: O idealismo clássico de Abade de Saint Pierre

Charles-Irénée Castelou ou abade de Saint Pierre (1658 – 1743) filósofo francês, educado em um colégio jesuíta, entrou para um mosteiro, porém desistiu da vida monástica por motivos de saúde. Dedicou-se à teoria e à prática política, estudando as ideias de Platão, Bodin, Grotius, Richelieu e Hobbes. Pode ser considerado, de certa forma, como o pai do processo de integração da Europa.
Em 1712 escreveu “Projeto para tornar perpétua a paz na Europa” (“composto por três partes, os dois primeiros publicados em Utrecht, em 1713, por Antoine Schouten: o terceiro volume: cujo título é Projeto de Tratado para tornar perpétua a paz entre os soberanos cristãos, foi publicado pelo mesmo livreiro em 1717”), no qual, defendia a proposta de unificação da Europa, a partir de uma confederação dos príncipes europeus, baseada na interdependência dos seus membros. As soberanias cristãs deveriam assinar um Tratado de União e formalizar um Congresso Perpétuo (Europa unida pela fé cristã).


“Quanto aos motivos suficientes, compreendi que se pudesse propor um Tratado capaz de tornar a União sólida e inalterável, e que assim proporcionasse a todos uma segurança suficiente da perpetuidade da Paz, os Soberanos veriam nele inconvenientes menores e menos numerosos, assim como vantagens maiores e mais numerosas, do que no atual Sistema de Guerra. Por isso, vários Soberanos, especialmente os menos poderosos, começariam por assiná-lo também, e até mesmo os mais poderosos, examinando-o a fundo e em todos os sentidos, perceberiam facilmente que jamais poderiam tomar um curso de ação, nem assinar qualquer Tratado, que lhes fosse bastante vantajoso do que esse.”

Saint Pierre. Abade de. Projeto para Tornar Perpétua a Paz na Europa.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Pensamentos Internacionalistas: Habermas e a ação dialógica

Jürgen Habermas (1929), filósofo alemão, foi assistente de Adorno no Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt de 1956 a 1959. Um dos últimos representantes da Escola de Frankfurt, procurou alcançar uma dimensão normativa para teoria crítica orientada pela ação comunicativa. Marcado pelo terror da segunda guerra mundial, suas obras são influenciadas por esse acontecimento. Habermas buscou integrar a crítica da racionalização à reconstrução do projeto da modernidade.
Foi na “Virada linguística” que elaborou a teoria da ação dialógica, momento em que se distancia de alguns dos preceitos da Escola de Frankfurt. Para Habermas a “fala” faz parte da categoria de ação e não só de descrição de realidade. O agir comunicativo é voltado para o estabelecimento de um acordo que gere reciprocidade. Este teórico também discute os cenários novos que são resultados da globalização como: os processos supranacionais, o cosmopolitismo e o terrorismo.


 “A razão centrada no sujeito encontra os seus (critérios em) padrões de verdade e sucesso que regulam as relações do sujeito que conhece e age com o mundo dos objetos possíveis ou do estado das coisas. Quando, pelo contrário, entendemos o saber como transmitido de forma comunicacional, a racionalidade limita-se à capacidade de participantes responsáveis em interações de se orientarem em relação a exigências de validade que assentam sobre o reconhecimento intersubjetivo. A razão comunicacional encontra os seus critérios no procedimento argumentativo da liquidação direta ou indireta de exigências de verdade proposicional, justeza normativa, veracidade subjetiva e coerência estética.”

HABERMAS, Jurgen. Between facts and norms: Contribuitions to a Discourse Theory of Law and Democracy. Cambridge: MIT Press, 1998.