segunda-feira, 25 de novembro de 2013

A Passagem do Furacão Hayan e a Organização da Ajuda Humanitária nas Filipinas

Heyle Romano
Acadêmico do 5º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.


Um super tufão de nome Haiyan, o mais forte deste ano, devastou o arquipélago

Visayas nas Filipinas. Em números atualizados, no total mais de 12 milhões de pessoas foram afetadas por essa catástrofe, nas 36 províncias que compõe o arquipélago. Segundo estimativas da Organização das Nações Unidas, mais de 500.000 pessoas foram desabrigadas e mais 10.000 sucumbiram nas graves intempéries que acompanharam o tufão. De acordo com alguns sobreviventes, a região sinistrada parecia com as áreas sinistradas no tsunami de 2004.

No dia 9 de novembro de 2013, o governo da Republica das Filipinas aceitou a ajuda da ONU e também participou das primeiras avaliações das necessidades em Tacloban, a região mais gravemente afetada.

A partir do trágico episódio houve um grande apelo, por parte da comunidade internacional, no sentido de garantir donativos e recursos financeiros necessários para a reconstrução da parte do arquipélago devastada. É preciso canalizar e organizar essa grande rede de boa vontade, para que os atores interessados em ajudar não gastem energia e recursos no mesmo local, esquecendo assim necessidades específicas.


Os atores que participam da ajuda humanitária se coordenam, em caso de catástrofes naturais, seguindo a estratégia de clusters ou grupos. Em cada grupo há um compartilhamento de informações a respeito das necessidades e da real situação das vitimas. Em seguida ha uma divisão das tarefas levando em consideração as características e pontos fortes de cada integrante. Como exemplo de especialidades podemos citar: construção civil, saúde, telecomunicações, restabelecimento da agua potável. Essa segmentação permite melhores resultados e dão uma visibilidade maior à ação conjunta dos atores envolvidos.

Como exemplo de atuação de clusters nas Filipinas podemos citar as ONGs Ação
Contra a Fome, Socorro Popular e Médicos do Mundo, todas francesas. A atuação da Ação Contra a Fome consiste no encaminhamento, aos sinistrados, de alimentos e de kits de cozinha, instalação de banheiros químicos e tratamento da água, evitando assim a propagação de doenças como a cólera.

No cluster saúde, Médicos do Mundo tem seu trabalho supervisionado pelo ministério da saúde filipino e pela Organização Mundial da Saúde, evidenciando de forma efetiva a atuação da ONU no terreno sinistrado. Além disso, não podemos esquecer da grande atuação do governo e do exército filipino que desempenham um papel bastante estratégico no transporte das equipes de ajuda internacional.

No que diz respeito a gestão da ajuda humanitária no caso do terremoto do Haiti em 2010 e da catástrofe nas Filipinas, podemos dizer que houve um amadurecimento e um comprometimento maior dos governos atingidos, pois no caso do Haiti, foi a ONU que serviu de referência através do seu escritório de coordenação de ajuda humanitária (OCHA), enquanto nas Filipinas é o governo central o interlocutor principal.

Especialistas defendem que a ação humanitária deve respeitar 3 princípios fundamentais: coordenação, preparação e principalmente adaptação às particularidades vivenciadas nas áreas sinistradas.

Outra evidência no caso de doações de recursos aos sinistrados é que os particulares mobilizam muito mais do que os Estados e Organismos Internacionais, que pode ser considerada como ridícula. Essa falta de uma ação mais efetiva, financeiramente falando, por parte dos Estados e Organismos Internacionais, influência negativamente para a imagem dos mesmos, o que leva a comunidade internacional a questionar a legitimidade e o poder de atuação de tais atores.


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