sábado, 16 de novembro de 2013

Resenha: Homeland

Danilo Ebúrneo

Acadêmico do 5º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

            Não é segredo pra ninguém que a televisão chegou em um nível de qualidade assustador nos últimos anos. Mas no início da popularização da televisão até uns anos mais tarde, ela era vista apenas como um passatempo, e a diferença gritante entre entretenimento (Televisão) e a chamada sétima arte (Cinema) se perpetuou por um longo tempo.
            Acontece que nos últimos 30 anos, a dinâmica entre o domínio do cinema e da TV se tornou constante, pois tramas cada vez mais curiosas e elaboradas apareciam nas séries (formato adotado pela TV) concorrendo de certa forma com a qualidade cinematográfica. Hoje, as séries de televisão contam com uma qualidade ímpar, muitas vezes superior a tramas “hollywoodianas” que está cada vez mais carente por conta do excesso de Blockbusters.
            Por isso, não vejo problema algum em adicionar séries nas recomendações e resenhas feitas por mim aqui no blog. Claro que existem séries sofríveis, assim como filmes, mas as grandes séries apresentam um desenvolvimento e tramas complexas, que podem ser aproveitadas por muito tempo, e todas elas tem qualidades que poucos filmes apresentam hoje. Ao fazer a resenha de uma série, terei que mudar um pouco o meu modo de abordagem por ser uma mídia diferente, mas farei o possível para que as resenhas sejam proveitosas e de bom gosto. Dito isso, vamos à primeira:

 Série: Homeland
Estreia: 2011
Duração de cada episodio: 55min
Canal: Showtime.

            Versão Norte-americana da elogiada série israelense chamada Hatufim (Traduzida nos EUA para Prisioners Of War), Homeland teve sua estreia no dia 2 de outubro de 2011, produzida pelo canal a cabo Showtime. Contando com 13 episódios por cada temporada, a trama conta a história de Carrie Mathison (Claire Danes), uma oficial da CIA especialista no trabalho com terrorismo no Oriente Médio que é informada que um prisioneiro de guerra americano está trabalhando para uma organização terrorista. Meses depois, o Sargento Nicholas Brody (Damian Lewis) é resgatado em um cativeiro onde passou 8 meses prisioneiro da organização terrorista Al-Qaeda, e é recebido como herói da nação em seu país. Mas Carrie desconfia que ele é o prisioneiro de guerra convertido.
            A premissa é muito interessante, mas ela por si só não faz uma boa serie. É preciso desenvolver a trama de modo natural, apresentar seus personagens e suas motivações para que tenhamos um maior envolvimento. Homeland faz isso de maneira magistral com seus protagonistas e coadjuvantes. No episódio piloto, a serie nos apresenta Carrie como uma mulher muito dedicada no que faz, mas não tem o reconhecimento ou a confiança de seus parceiros de trabalho por ela sofrer de transtorno bipolar. Claro que uma pessoa que tem um problema de saúde desse tipo termina tendo dificuldades de convivência ou de temperamento, mas mesmo quando ela tenta mostrar possíveis provas sobre Brody ninguém lhe dá ouvidos. Isso faz com que os espectadores se sintam identificados com a personagem.
            Por outro lado, o roteiro de Howard Gordon (roteirista principal e produtor, escreveu 36 episódios até agora) também nos presenta Brody, que ao ser recolado no seu antigo círculo social (família, amigos) se mostra feliz, mas ao mesmo tempo deslocado. Por diversas vezes o roteiro “brinca” com o espectador ao fazer com que tenhamos certeza que Brody é o infiltrado da Al-Qaeda, mas logo depois ficamos em dúvida devido a alguma ação ou dialogo que acontece.
            É mostrado também o quanto podemos ser preconceituosos quanto as outras religiões. Logo nos primeiros episódios é mostrado como gancho para continuação, Brody se escondendo na garagem da sua casa, onde ninguém na sua casa sabe o que ele faz. Carrie fica em alerta para que ela pegue qualquer ação suspeita, mas como não há câmeras na garagem ela não pode ver nada, apenas tentar adivinhar o que acontece. No fim, vemos Brody se ajoelhando em um tapete e fazendo uma oração em língua muçulmana. Assim, nós concluímos que ele realmente é terrorista...
            Mas e se ele tivesse apenas se convertido a outra religião? E se depois de tanto sofrimento, ele como cristão ocidental se sentiu abandonado pelo Deus que ele tanto confiava anteriormente e agora ele tentou orar para outra entidade ou um outro Deus? Dizer que Brody é terrorista por causa disso é a mesma coisa que dizer que todo muçulmano é terrorista, ou ao menos tem um grande potencial para ser.

            Toda essa trama funciona bem não só por causa dos ótimos roteiristas, mas também pelo desempenho dos grandes atores. Claire Danes faz um papel grandioso na pele de Carrie. É as vezes assustador quanto ela entra no papel da personagem bipolar, que passa uma agonia e uma necessidade de ser reconhecida pelo grande trabalho que faz. O trabalho de Claire Danes rendeu o Emmy (Oscar das series) de melhor atriz de drama nos últimos dois anos.  Damien Lewis também se entrega e faz um ótimo trabalho no papel de Brody. Também não posso deixar de citar Mandy Patinkin que faz o papel do personagem Saul Berenson, que é peça chave para a trama.


            No fim, Homeland se torna uma serie completa em todos os sentidos, abordando Religião, Preconceitos, Política, relacionamentos e conspirações internacionais e locais. É interessante para nós do curso assistirmos à série, não porque apenas trata das Relações Internacionais. Mais importante que isso, é que Homeland é um suspense competente e que prende a atenção. Recomendo para todo mundo.

  • ·         Atualmente, Homeland está em sua terceira temporada.


Até a próxima!

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