sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Resenha: A Informante

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre.

Nome original: The Whistleblower
Lançamento: 2010 (112min) 
Dirigido por: Larysa Kondracki
Com: Rachel Weisz, Monica Bellucci, Benedict Cumberbatch
Gênero: Drama 
Nacionalidade: Alemanha/Canadá.


*Filme indicado pela fiel leitora Rafaella Sena, que cursa o 6º semestre de RI.


Sinopse: Baseado em uma história real e em um dos maiores escândalos da história envolvendo a ONU, Kathy Bolkovac (Rachel Weisz) é uma policial esforçada que aceita trabalhar para as Nações Unidas como pacificadora na Bósnia, que passa por uma reconstrução pós-guerra. Seus desejos de ajudar na reconstrução de um país devastado são destruídos quando ela fica face a face com a dura realidade: uma vasta rede de corrupção e tráfico sexual que é encoberta pela ONU.

Baseado no livro homônimo de Kathryn Bolkovac,  A Informante conta sobre a verdadeira história de Kathy, que aceita o trabalho de agente pacificadora nas missões de paz da ONU na Bósnia, pois o salário oferecido é alto o suficiente para ela ficar mais próxima da família.

É Importante citar que Whistleblower (Nome original do filme) são pessoas que vazam informações importantes de órgãos do governo ou de alguma organização. Julian Assange, por exemplo, é considerado um Whistleblower.

De acordo com o site oficial da ONU (Organização das Nações Unidas) no tópico “A ONU e as Mulheres’’ é citado o seguinte trecho:
‘’No dia 2 de julho de 2010, a Assembleia Geral da ONU votou por unanimidade a criação de um órgão único da ONU encarregado de acelerar os progressos para alcançar a igualdade de gênero e fortalecer a autonomia das mulheres.’’

Claro, o dever da ONU é promover as boas relações entre países e fazer com que todas as divergências entre eles sejam resolvidas diplomaticamente. Além de fazer trabalhos humanitários em todos os lugares possíveis, para tentar garantir que todo ser humano tenha o mínimo de condições necessárias para viver dignamente.

Mesmo assim, a corrupção está entranhada em todos os lugares imagináveis, desde os mais simples até o mais fundamental. E esse filme trata justamente disso, mostrando que no órgão máximo dos Direitos Humanos está escondido uma das mais perversas formas de crime: O tráfico sexual.

O filme mostra a protagonista Kathy como uma personagem justa, que realmente quer ajudar, mas percebe que as coisas não são tão boas como ela pensava. Sempre correndo para todos os lados para tentar descobrir o que está acontecendo, Kathy se desespera ao não acreditar no que está havendo dentro da própria ONU. É muito importante frisar aqui que ela trabalha nas famosas missões de paz, que procuram proteger civis no meio de conflitos, sejam armados ou não. Mas as missões de paz não estão presentes oficialmente nas Cartas da ONU, o que torna ainda mais difícil para Kathy tomar uma atitude sobre a situação. Para quem denunciar os homens que ela trabalha todos os dias? Quem vai ouvi-la? Ela mesmo diz que “não há como lutar contra diplomatas’’, claro, já que era ela contra pessoas de altos cargos.

O roteiro é inteligente no quesito “crítica social’’, ao mostrar em uma conversa de uma representante dos EUA com um secretário da ONU. Ela tenta fazer com que os rumores dos casos de tráfico sexual sejam investigados, mas recebe uma resposta curiosa: “A ONU é muito frágil e muito importante”, ou seja, é melhor acobertar o trafico sexual e outros escândalos, do que manchar o precioso nome da ONU, que é considerado sinônimo de paz e igualdade. É justamente nesse corporativismo que mora o problema. Na análise passada, falei sobre a necessidade de deixar de lado os interesses pessoais ou corporativos de lado para pensar em um bem maior. E seria realmente justo deixar mulheres serem escravizadas sexualmente para cuidar da fama do órgão? Escravas sexuais seriam apenas efeito colateral disso? Claro que não!

Infelizmente, o filme não é tão interessante quanto ao assunto abordado. Quero deixar claro que não estou aqui na condição de crítico profissional (na verdade, não chego nem perto disso), mas como estou na condição de analista no blog não irei deixar minha verdadeira opinião de lado, seja qual for o assunto.

O roteiro é inteligente ao fazer críticas, mas não é inteligente para prender o espectador. Inicialmente, tentando fazer com que nos identifiquemos com Kathy, o filme nos mostra a cena dela com a filha, mas logo depois esquece que a mesma existe. Outra falha é colocar um romance para a protagonista, o que foi totalmente desnecessário, sendo que até mesmo o próprio filme trata o caso de forma banal.

Eu entendo que o longa não poderia ser biográfico, pois a proposta do mesmo era ser um suspense. Mas ele falha como suspense, pois as reviravoltas são obvias e os suspeitos são extremamente caricatos. Atores como Benedict Cumberbatch (ótimo ator que está em ascensão) e a linda Monica Bellucci estavam fora de lugar. Porem a direção regular de Larysa Kondracki não esconde o talento da belíssima Rachel Weisz que faz o que pode para dar vida à personagem e acaba carregando sozinha o filme nas costas.

Se eu recomendo o filme? Bem, ele não o ruim, mas também não é bom. Na falta de alguma coisa pra fazer e depois de ter visto todos os filmes que analisei nas últimas sete semanas, ele pode ser recomendável a título de curiosidade. Fazer filme-denuncia sempre é complicado, e no fim de “A Informante” a impressão que fica é que ele seria melhor aproveitado se fosse feito um belo documentário, pois ficaria mais completo e não se disfarçaria do suspense que ele não é.

- Como curiosidade, o site oficial da verdadeira Kathryn está no ar e tem o mesmo nome do filme. Vale uma visita.  http://www.bolkovac.com/

Até a próxima!

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