sábado, 9 de novembro de 2013

Resenha: A Intérprete

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.


Nome original: The Interpreter
Lançamento: 2005 (128min) 
Dirigido por: Sydney Pollack
Com: Nicole Kidman, Sean Penn, Sydney Pollack
Gênero: Suspense 
Nacionalidade: França/Reino Unido

*Filme indicado pelo coordenador do curso de RI da UNAMA Mario Tito Almeida.

Sinopse: Silvia Broome é uma intérprete da ONU que ouve uma ameaça a um chefe de estado africano, dita em um dialeto raro. Ela passa a receber proteção policial, mas o encarregado de protegê-la, ao vasculhar o passado da moça, começa a suspeitar que ela esteja envolvida em uma conspiração.

Lançado em 2005, A Intérprete é o último filme do diretor Sydney Pollack, que veio a falecer 3 anos depois. Experiente no seu meio de atuação, Pollack estava no ramo desde a década de 60, onde estreou ‘’ Uma vida em Suspense’’ no ano de 1965. O cineasta ganhou o Oscar de melhor diretor por “Entre dois amores” em 1985, e foi responsável pelo suspense policial “A Firma” em 1993, que tinha Tom Cruise no papel principal.
Em A Intérprete, Pollack segue com seu estilo de “suspense governamental” e nos entrega um trama interessante: Silvia Broome (Nicole Kidman) trabalha como intérprete na ONU e, ao voltar após o expediente para pegar algo que esqueceu no escritório, ela escuta um ameaça a um chefe de estado africano que virá para uma conferência. Ao comunicar aos seus superiores sobre o que ouviu, uma investigação é aberta sobre o caso e Silvia passa a ser vigiada pelo investigador Tobin Keller (Sean Penn).
O filme é muito competente ao abordar o funcionamento da ONU. Na primeira meia hora do longa, podemos presenciar o funcionamento das reuniões e como funciona o trabalho de um intérprete. Outro ponto mostrado foi o funcionamento das jurisdições estatais: assim como os consulados fazem parte do país que representam, na ONU há a jurisdição internacional. Isso é mostrado quando Keller apresenta o distintivo de policial para entrar, mas não funciona em “terreno internacional”, portanto teria que ter autorização para entrar. E é mais curioso ainda citar que o filme foi o primeiro a receber autorização para filmar no verdadeiro prédio da ONU, que em suas instalações localizam-se o Conselho de Segurança e a Assembleia Geral. Talvez até parece apenas um bônus, mas isso ajuda a fazer com que o espectador fique mais ligado a trama.

Diferente do filme anterior, “A Informante”, aqui os personagens são bem construídos, tanto na personalidade quanto nas suas relações. Silvia Broome é muito inteligente e muito competente no seu trabalho, e o diretor nos mostra isso sempre que deixa a câmera preencher o rosto da personagem enquanto traduz o que escuta com a máxima atenção possível. Por outro lado, Keller é centrado o suficiente para tentar separar o emocional do seu trabalho. À medida que o tempo passa, a relação entre os membros da ONU, Silvia e Keller são construídas de forma natural e nunca se atropelam para chegar o objetivo final.


Mesmo que o roteiro tenha passado por algumas mãos (Charles Randolph, Scott Frank e Steven Zaillian), ele é eficaz e não perde tempo adicionando romances e críticas desnecessárias. Pelo contrário, o roteiro faz tudo isso com a trama em andamento. Na cena do interrogatório de Silvia, um membro da ONU responsável diz com um tom de superioridade que Silvia “é apenas uma interprete”, no entanto a personagem responde “Países entram em guerra por falta de comunicação”, nos mostrando que o trabalho dela é tão importante quanto a de um representante de Estado presente em uma conferência internacional.

Inclusive, não posso deixar de elogiar a ótima atuação de Nicole Kidman (ainda mais linda do que de costume) que nos passa vários sentimentos confusos e interpreta Silvia de forma fascinante. É admirável perceber que nem ela e nem Sean Penn (ótimo ator também) se limitaram a fazer o famoso “feijão com arroz” e se esforçaram para entrar nos papéis. Claro que para ajudá-los havia o competente (mas óbvio) trabalho de fotografia, que se focou nas cores mais frias para deixar a trama mais verossímil.
A Intérprete é um bom suspense. Nunca é obvio em suas reviravoltas, mas também não é totalmente surpreendente. Claro, que isso não vai fazer com que nenhum de nós perca o longa, principalmente porque no fim tem uma interessante mensagem  para todos, em especial para nós, internacionalistas.
Até a próxima!

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