Kellimeire
Campos
Acadêmica do 5º semestre
Acadêmica do 5º semestre
Mesmo
que a mídia seja muitas vezes alarmante, grande parte dos economistas possuem
uma visão pessimista dessa situação. Mas uma questão é essencial: Até onde essa
questão afeta a economia interna e externa brasileira?
Como
internacionalistas é importante responder tal questão. A teoria que pode ajudar
nesta análise é a teoria neoliberal das Relações Internacionais.
Para
ela, o movimento financeiro é uma das quatro grandes interações globais. A interdependência
complexa e a relações transnacionais são conceitos que pertencem a essa
corrente teórica e que podem explicar por que as ações de uma empresa no Brasil
afetam o Sistema Internacional. Keohane e Nye são os autores que desenvolvem e
explicam de forma completa esses conceitos, mas de forma simples, a
interdependência é o estado de mútua dependência, restringindo a autonomia nas
relações do Sistema Internacional, o que dificulta que no inicio se tenha a
percepção se essas relações entre os atores serão benéficas ou custosas.
As características da interdependência
complexa estão nos canais múltiplos, que são as relações interestatais,
transgovernamentais e transnacionais. Ou seja, o contato maior entre os
indivíduos em geral resulta no intenso fluxo de informações. Neste cenário, atores
e os assuntos são múltiplos e sem estarem claramente organizados de forma hierárquica.
O que se nota é a diminuição da relevância do uso da força entre Estados
conectados pela interdependência complexa. Esse cenário pode resultar em duas
situações: o de integração, como por exemplo, os blocos regionais; e de
fragmentação.
Eike
Fuhrken Batista ganhou maior visibilidade como empresário a partir de 2005, com
a criação do grupo “X” (formado por seis empresas em áreas diferentes), quando
utilizou da euforia internacional com a economia brasileira (principalmente no
período da crise financeira de 2008), para captação de investimentos internos e
estrangeiros.
Saindo
um pouco do estereótipo do empresário brasileiro (mais conservador, e que
prefere não arcar com muitos riscos) Eike Batista apareceu como ousado, sempre
otimista, além de preferir grandes empreendimentos. E foi na área de commodities que ele viu a sua maior
“mina de ouro”. Embalado pelo governo do
ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva (e de sua então empolgação com o
pré-sal), acrescentando o aquecimento do mercado, o empresário criador do
“império x” apareceu diversas vezes na mídia, prometendo resultados que aos
poucos seus investidores não viram se tornar realidade. Com isso, nesse curto
espaço de tempo foi selecionado como um dos homens mais ricos e influentes do
mundo pela Revista Forbes.
O
que pouco se falou no período que as empresas estavam crescendo, era da quantidade de investimentos e empréstimos que as empresas
de Eike Batista receberam do governo através do BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social). Segundo Demétrio Magnoli, em sua matéria
para o Jornal Estadão:
"O
BNDES é o melhor banco do mundo’, proclamou Eike em 2010, no lançamento das
obras do Superporto Sudeste, da MMX. O projeto, orçado em R$ 1,8 bilhão,
acabava de receber financiamento de R$ 1,2 bilhão do banco público de
desenvolvimento, que também é sócio das empresas LLX, de logística, e MPX, de
energia. No ano seguinte o banco negociou com o empresário duas operações de
injeção de capital no valor de R$ 3,2 bilhões, aumentando em R$ 600 milhões sua
participação na MPX e abrindo uma linha de crédito de R$ 2,7 bilhões para as
obras do estaleiro da OSX, orçadas em pouco mais de R$ 3 bilhões, no Porto do
Açu, da LLX.”
Tudo
isso mostra que num mundo marcado pela interdependência complexa, não existe
mais espaço para economias fechadas, que não sofrem influências dos atores
internacionais. Para além da curiosidade sobre como esta história vai terminar,
se o empresário ficará “pobre” ou se conseguirá reverter este quadro e retomar seus
investimentos, o mais importante é verificar o quanto a economia internacional
está mais entrelaçada do que antes e como o capital especulativo é volátil e
efêmero.
Aliás,
a crise econômica pela qual ainda passa a Europa e que se arrasta há pelo menos
uma década (se considerarmos que suas causas começaram a se manifestar na crise
imobiliária nos EUA e em outros países), é marcada claramente pela especulação
financeira de capitais que podem entrar e sair de uma economia nacional com um
“click” no computador de qualquer parte do mundo.
Isto
é irreversível? Tomara que não. Afinal, as apostas em capital especulativo
causam os mais variados problemas que, às vezes, sabemos existir, mas que
insistimos em não encontrar a verdadeira causa. Estes problemas são conhecidos
como fome mundial, falta de emprego, educação precária, miséria e, pior, falta
de dignidade humana em muitos países no mundo.
Este
é o “X” da questão sobre Eike Batista no meu ponto de vista.
Referencial
Bibliográfico:
SARFATI. Gilberto. Teoria
das Relações Internacionais. Editora Saraiva. 2005.
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