quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Conflito sírio: brincadeira de criança?

Ana Raquel Cordeiro
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.

            Imagine viver em meio a um conflito civil. Agora imagine crianças que presenciam esse conflito e que todos os dias perdem pelo menos um componente de sua família, se vendo obrigadas a viver sozinhas, passando por todo tipo de perigo e risco de vida, buscando alcançar algo que nem de longe se parece com brincadeiras... Até ontem, brincar, se divertir e estudar eram as coisas mais importantes para elas, mas hoje, sobreviver passou a ser prioridade para os pequenos da Síria.
            Segundo dados analisados pela ONU em 20 de setembro deste ano, o número de refugiados da Síria cresceu para 1 milhão, sendo que 4 mil são crianças, que sem a companhia dos pais ou um adulto responsável, fogem para os países mais próximos. Entre eles foram identificadas e registradas pelo menos 1.698 no Líbano e 1.170 na Jordânia. Contudo, ainda há outros países que as acolhem como a Turquia, Iraque e Egito.

            Infelizmente, fugir de uma onda de conflitos não quer dizer que essas crianças estão finalmente seguras e invulneráveis, já que a maior parte delas acaba ficando pelo caminho (sendo pegas e sacrificadas), além de serem exploradas e escravizadas para serviços altamente pesados, como por exemplo no Líbano. Nesse país a exploração infantil agrícola é muito comum na área do Vale de Beka’a. 

Em uma coletiva em Genebra o representante adjunto da UNICEF, Michele Servadei, disse: “Nas comunidades receptoras, elas estão muito mais expostas ao trabalho infantil, ao casamento precoce e à exploração em geral”. E para complementar, a ONU ainda ratificou o fato de que as crianças também possuem transtorno mental e principalmente o trauma de terem presenciado ou serem vítimas de violência, sejam elas domésticas ou não.
Revoltante! Este é o sentimento que muitos possuem ao saber que 10 anos significa o fim da infância, como é o caso de Issa, um menino que ainda nem chegou na adolescência mais que já trabalha 10 horas por dia e 6 dias por semana, folgando apenas na sexta-feira para realização de cultos e orações da religião mulçumana. 
Issa ajuda seu pai em uma fábrica de armas para rebeldes, seu serviço é pesado, operando máquinas de morteiros.

Será que é natural uma criança passar por momentos terríveis onde esteja exposta a qualquer nível de crueldade só porque vive em um país em guerra? É lamentável perceber a indiferença com que casos como esse são tratados por países mais desenvolvidos. O interesse de cada um e questões que envolvem política e economia, ainda são mais importantes que “ensinar a criança no caminho em que deve andar”, dando a ela a oportunidade de se tornar um cidadão diferente, gerando um mundo diferente.

Mesmo assim, ainda existem atitudes dignas de serem destacadas.
 
Uma delas é a ação em que a UNICEF se empenha em identificar as crianças e verificar se elas estão sendo protegidas, bem como para fornecer apoio médico, psicossocial e educacional.

            A porta-voz da agência da ONU contou a história de uma menina chamada Aya, de apenas 11 anos. Ela vivia com seu tio em um assentamento em um pomar de amêndoa, cuidando de seus irmãos mais novos. “Ela começou a ir para as atividades recreativas apoiadas pelo UNICEF e, na quinta-feira passada, pela primeira vez, ela falou sobre ter visto seu pai cortado em pedaços na frente dela”, disse Mercado.

            
Mesmo que uma entidade organizacional se comprometa em ajudar essas crianças, o nível de conflito continua a aumentar e com ele a vulnerabilidade desses pequenos. Por isso, toda ajuda se faz necessária. E, para contar com apoio de milhares, um apelo conjunto por uma solução política urgente nos conflitos prolongados na Síria, foi divulgado na imprensa norte americana, onde chefes de cinco agências das Nações Unidas pediram aos líderes políticos que assumam as suas responsabilidades com o povo sírio e com o futuro da região.

            E para que crianças como Issa e Aya tenham a chance de VIVER ao invés de SOBREVIVER, foi criado pela UNICEF uma campanha em que qualquer pessoa ao redor do mundo poderá ajudar essas crianças. Caso tenha se interessado, não deixe de acessar o link abaixo. Não importa o quanto, o importante é saber que os recursos disponíveis pelas organizações já estão acabando, e fazer a nossa parte seria como mais um sorriso em meio a tantos conflitos. Iaí, vamos ajudar?  


Veja:http://www.youtube.com/watch?v=RqeRMdKXh0A


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