Ana Raquel Cordeiro
Acadêmica do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.
Imagine viver em meio a um conflito civil. Agora imagine
crianças que presenciam esse conflito e que todos os dias perdem pelo menos um
componente de sua família, se vendo obrigadas a viver sozinhas, passando por
todo tipo de perigo e risco de vida, buscando alcançar algo que nem de longe se
parece com brincadeiras... Até ontem, brincar, se divertir e estudar eram as
coisas mais importantes para elas, mas hoje, sobreviver passou a ser prioridade
para os pequenos da Síria.
Segundo
dados analisados pela ONU em 20 de setembro deste ano, o número de refugiados
da Síria cresceu para 1 milhão, sendo que 4 mil são crianças, que sem a
companhia dos pais ou um adulto responsável, fogem para os países mais próximos.
Entre eles foram identificadas e registradas pelo menos 1.698
no Líbano e 1.170 na Jordânia. Contudo, ainda há outros países que as acolhem
como a Turquia, Iraque e Egito.
Infelizmente, fugir de uma onda de
conflitos não quer dizer que essas crianças estão finalmente seguras e
invulneráveis, já que a maior parte delas acaba ficando pelo caminho (sendo
pegas e sacrificadas), além de serem exploradas e escravizadas para serviços
altamente pesados, como por exemplo no Líbano. Nesse país a exploração infantil
agrícola é muito comum na área do Vale de Beka’a.
Em uma coletiva em Genebra o representante
adjunto da UNICEF, Michele
Servadei, disse: “Nas comunidades receptoras, elas estão muito mais expostas ao
trabalho infantil, ao casamento precoce e à exploração em geral”. E para
complementar, a ONU ainda ratificou o fato de que as crianças também possuem
transtorno mental e principalmente o trauma de terem presenciado ou serem
vítimas de violência, sejam elas domésticas ou não.
Revoltante! Este é o sentimento que muitos possuem ao saber que 10 anos significa o fim da infância, como é o caso de Issa, um menino que ainda nem chegou na adolescência mais que já trabalha 10 horas por dia e 6 dias por semana, folgando apenas na sexta-feira para realização de cultos e orações da religião mulçumana.
Revoltante! Este é o sentimento que muitos possuem ao saber que 10 anos significa o fim da infância, como é o caso de Issa, um menino que ainda nem chegou na adolescência mais que já trabalha 10 horas por dia e 6 dias por semana, folgando apenas na sexta-feira para realização de cultos e orações da religião mulçumana.
Issa ajuda seu pai em uma
fábrica de armas para rebeldes, seu serviço é pesado, operando máquinas de
morteiros.
Será que é natural uma criança passar por momentos
terríveis onde esteja exposta a qualquer nível de crueldade só porque vive em
um país em guerra? É lamentável perceber a indiferença com que casos como esse
são tratados por países mais desenvolvidos. O interesse de cada um e questões
que envolvem política e economia, ainda são mais importantes que “ensinar a
criança no caminho em que deve andar”, dando a ela a oportunidade de se tornar
um cidadão diferente, gerando um mundo diferente.
Mesmo assim, ainda existem atitudes dignas de serem
destacadas.
Uma delas é a ação em que a UNICEF se empenha em identificar as crianças e
verificar se elas estão sendo protegidas, bem como para fornecer apoio médico,
psicossocial e educacional.
A porta-voz da agência da ONU contou a história de uma menina chamada Aya, de apenas 11 anos. Ela vivia com seu tio em um assentamento em um pomar de amêndoa, cuidando de seus irmãos mais novos. “Ela começou a ir para as atividades recreativas apoiadas pelo UNICEF e, na quinta-feira passada, pela primeira vez, ela falou sobre ter visto seu pai cortado em pedaços na frente dela”, disse Mercado.
Mesmo que uma entidade organizacional se comprometa em
ajudar essas crianças, o nível de conflito continua a aumentar e com ele a
vulnerabilidade desses pequenos. Por isso, toda ajuda se faz necessária. E,
para contar com apoio de milhares, um apelo conjunto por uma solução política
urgente nos conflitos prolongados na Síria, foi divulgado na imprensa norte
americana, onde chefes de cinco agências das Nações Unidas pediram aos líderes
políticos que assumam as suas responsabilidades com o povo sírio e com o futuro
da região.
Excelente texto!
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