quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Espionagem. Vale a pena?



Paulo Victor Rodrigues
Acadêmico do 6º semestre de Relações Internacionais da UNAMA.



Desde que o ex-funcionário da Agência de Segurança Americana (NSA, sigla em inglês) liberou documentos secretos sobre práticas de espionagem, as polêmicas e novidades acerca desse assunto não desaparecem das manchetes dos veículos de comunicação mundial.
Susilo B. Yudhoyono (Presidente Indonésio)
A mais recente descoberta, graças aos documentos de Snowden, foi de que a Austrália vigiou ligações telefônicas do presidente Indonésio, Susilo Bambang Yudhoyono, em 2009, além da primeira-dama e ministros daquele país.
Assim que a notícia veio a público houve manifestação por parte de Jacarta (capital da Indonésia). Uma delas foi a retirada de seu embaixador da Austrália. As relações bilaterais entre os dois países ficaram abaladas, como, por exemplo, uma empresa indonésia estatal que decidiu suspender as negociações com pecuaristas australianos, citando problemas de confiança entre os vizinhos.
 Manifestações populares contra a espionagem ocorreram massivamente na Indonésia, principalmente na frente da embaixada australiana, gerando alerta de tensões políticas e agitação civil aos australianos em viagem para o país asiático.
Tony Abbott (Primeiro Ministro Australiano)
Ainda houve a suspensão da cooperação com a Austrália nos domínios militar, dos serviços de informações e do controle da imigração. O Primeiro Ministro australiano, Tony Abbott, afirmou que seu país tem "profundo respeito pela Indonésia, pelo seu Governo e pelo seu povo", porém tratou o assunto da espionagem como um meio de proteger seu país e que (os demais) não deveriam esperar pedidos de desculpas.
A prática da espionagem não é exclusiva do nosso século, caracterizado pela tecnologia. Há séculos a espionagem é praticada entre Estados (especialmente durante as guerras) na busca de conhecimento sobre o que o seu ‘vizinho’ está fazendo, buscando ficar um passo a frente dele e obter vantagens.
Como modo de enxergar esse cenário temos a premissa Realista, de que vivemos em um sistema anárquico e conflituoso, onde não existe uma autoridade global, e os Estados sempre buscam impor seus interesses sobre os dos demais. Porém, ao olharmos para o sistema internacional atual, percebemos que o mesmo é caracterizado pela interdependência complexa entre os Estados, ou seja, um depende do outro e a “queda” de um (economicamente, por exemplo) afeta os demais.
Dessa maneira, há que ser pensado se, o que fizeram (e fazem) países como Estados Unidos e Austrália, que espionaram outros, vale realmente a pena? Parece que não, haja vista que apesar do frisson provocado pela polêmica, os dois países (Indonésia e Austrália) acordaram restaurar suas relações, através de um plano de seis pontos e o estabelecimento de uma “linha direta” de comunicação a fim de evitar futuros problemas diplomáticos, apresentado por Susilo Bambang Yudhoyono.
Tony Abbott e Susilo B. Yudhoyono
Percebe-se então que causar desentendimentos e tensões diplomático-econômicas em um mundo interdependente e abalado por uma forte crise financeira, onde os países desenvolvidos estão com crescimento lento ou estagnado, não seria uma boa alternativa, pois países, hoje, em desenvolvimento e emergentes (Indonésia, por exemplo) têm altas taxas de crescimento o que tem salvado a economia mundial.

Portanto, o mundo precisa de mais cooperação para que possamos superar o mais rápido possível os efeitos colaterais dessa crise, ao invés continuar com políticas imperialistas por parte dos países ricos, com destaque para os EUA, que ainda possuem a maior economia do mundo, assim como poderio militar, entretanto sua política hegemônica perdeu força, principalmente após o 11 de setembro e a Guerra do Iraque, isto é, a “era dos impérios” chegou ao fim e o mesmo não pode continuar agindo como se fosse a única potência mundial.  
      

Referências Bibliográficas:

Um comentário:

  1. EU sofrem de megalomanias, já não existem mais impérios, mas a interdependência complexa une países não só através da economia, no entanto, o próprio EU, teme perder sua hegemonia, e seu "controle" sobre outras nações, como os países árabes com o petróleo, subjugando eles passam por cima de suas soberanias mantendo seu poder unilateral.

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