sábado, 14 de dezembro de 2013

Resenha: Jogos Vorazes e Em Chamas

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre de Relações Internacionais da UNAMA.


Nome original: The Hunger Games e The Hunger Games: Catching Fire
Lançamento: 2012 (142 min)/ 2013 (146 min)
Dirigido por: Gary Ross / Francis Lawrence
Com: Jennifer Lawrence, Woody Harelson, Josh Hutcherson
Gênero: Aventura/Drama/Sci-Fi                              Nacionalidade: EUA/França/Reino Unido
Baseado nos livros de Suzanne Collins, a franquia Jogos Vorazes foi transportada para o cinema com o objetivo de ser o sucessor comercial de  “Harry Potter”  e  “Saga Crepúsculo”, substituindo os antigos “heróis” dos jovens (em grande parte as adolescentes) para dar espaço aos personagens da nova saga.
A trama de Jogos Vorazes tem como pano de fundo a história de uma tentativa de revolução que houve no passado pelos distritos contra a chamada capital. Anos após essa tentativa de revolução, a capital passou a exigir todos os anos que cada distrito desse um tributo na forma de um casal de jovens entre 12 e 18 anos, para lutarem com outros 20 concorrentes até a morte, no reality show promovido pela capital. O distrito representado pelos vencedores terá suprimentos e “regalias’’ dados pela Capital durante 1 ano, até os próximos Jogos Vorazes.
É nesse cenário que a personagem Katniss Everdeen (Jennifer Lawrence) se oferece para participar no lugar da sua irmã menor, que foi sorteada pelo distrito. A partir daí, a trama se desenvolve nas diversas relações familiares e nas relações com os novos personagens apresentados. Em mais de 2h de filme, o roteiro de Suzanne Collins e Gary Ross é competente e se sai muito bem em construir os personagens, sejam eles os protagonistas Katniss e Peeta ou os coadjuvantes Haymitch (vivido pelo ótimo o Woody Harelson) e Effie, dando importância para todos eles dentro da narrativa de modo natural, sem ser forçado.
A direção de Gary Ross faz o dever de casa e consegue trazer não apenas a tensão no momento dos jogos, mas também valoriza os momentos sentimentais que se tornam necessários. E é muito legal também o flerte que o longa tem com os filmes Sci-Fi, mesmo que o ambiente dos distritos seja cru e realista, o comércio e a mídia em torno dos Jogos tem um visual interessantíssimo, por assim dizer: O vestuário dos habitantes da capital (em especial as mulheres) são excêntricos mas ao mesmo tempo são muito bonitos. As telas digitais gigantes para todos os lados e os hologramas também fazem parte da mitologia do filme.  
Sendo assim, o primeiro Jogos Vorazes não apenas é uma boa diversão, mas também trouxe uma criação nova, com uma mitologia própria e personalidade suficiente para não ser esquecido.
Mas é claro, que Hollywood não deixaria um filme tão lucrativo e com uma base de fãs consolidada terminar no primeiro. E nesse ano, estreou Jogos Vorazes: Em Chamas, já fazendo referências à roupa da protagonista, e porque não, à própria personalidade da moça referente aos futuros acontecimentos.
Trazendo tudo o que funcionou no primeiro, mas com aprimoramentos (como os efeitos especiais), Em Chamas já ganha mais a minha atenção por vários motivos: O roteiro é mais elaborado e se foca em outras coisas mais importantes, os personagens cresceram muito (em especial Katniss). Claro que muitas dessas melhores são reflexo da troca de diretores, já que agora entra Francis Lawrence na direção, o que torna o filme mais ágil em todos aspectos, principalmente nas cenas de ação, onde ele usa bastante o Travelling (técnica de filmagem que acompanha objetos em movimento, nesse caso a cena da fumaça no meio dos jogos) deixando o longo mais dinâmico em vários sentidos.


Mas o que realmente faz com que o segundo filme seja mais interessante é que ele também se tornou uma trama política. E isso é um mérito ainda maior quando sabemos que nos livros, o foco em Katniss é contínuo e não se apega a política nenhuma (deixando claro que não li os livros, mas conheço muitas pessoas que leram e todas falam que o livro tem o foco em Katniss, não em tramas politicas).
Ou seja, foi ótimo o filme abordar isso, já que a relações entre os distritos e a Capital se mostraram essenciais para o entendimento da trama e para apresentar os inimigos declarados e os inimigos em potencial.
Desnecessário dizer (ou é necessário?) que é fácil trazer tudo isso para as Relações Internacionais. Podemos fazer diversas pontes e críticas sociais. Por exemplo: É explícito o quanto o filme aborda a política do pão e circo, inclusive ele praticamente “grita” sobre o período quando Katniss e Peeta entram para se apresentar em carros que lembram os romanos. E, claro, da “relação” dos distritos com a implacável e incontrolável ditadura da Capital, que, se tornando poderosa demais, passou a ser incontrolável. Isso faz com que seja inevitável eu lembrar de Hobbes e seu Leviatã. Pois bem, é isso ai que acontece quando uma entidade superiora fica fora de controle: Não há quem possa dominar.

Exceto é claro, Katniss (ao menos na história). E isso me faz entrar no meu principal elogio ao filme: a protagonista. Sim queridos leitores, o filme jamais funcionaria se ninguém se importasse com a garota, mas quem vê se importa e até mesmo torce de certa forma para que ela saia daquela situação. Não apenas ela, mas todos os personagens, tanto os que estão nos jogos quanto os que já participaram dele, e as famílias que assistem desesperadas.
Katniss se mostra uma personagem madura, que tem medos que são críveis e perfeitamente justificados. Tanto que a comparação de Jogos Vorazes com a tal “Saga Crepúsculo se torna abismal, pois enquanto Bella Swan é apática e irritantemente superficial em suas decisões no mínimo infantis e desajeitadas, Katniss já é praticamente a responsável por sua família, até mais do que a própria mãe. E mais ainda: Katniss NUNCA colocou os seus romances (seja com qualquer um dos 2 rapazes) acima dos problemas que ela já enfrentava ao fazer parte dos jogos e se preocupar com sua família.
Ela sempre foi madura o suficiente para permanecer centrada, já que isso garantiria sua sobrevivência e de quem ela ama. E essa ligação que a personagem tem com o público é reflexo da ótima atuação da linda Jennifer Lawrence que desde ao sua performance maravilhosa no filme “Inverno da Alma” (recomendo, vale muito a pena!) se tornou uma grande promessa como atriz.
Ainda reforçam o elenco o veterano Donald Sutherland (Presidente Snow) e o fantástico Phillip Seymour Hoffman (Plutarch Heavensbee) que apesar de definitivamente não estarem fazendo tudo o que são capazes, entregam personagens convincentes.
No fim, recomendo sim Jogos Vorazes, tanto o primeiro quanto o segundo. É uma boa diversão, um “filme pipoca” muito competente e quem sabe fazer várias ligações com o curso, já que, é mais do que possível.

Até a próxima!

Obs.: Quem não gostar do filme, tudo bem, mas reconheçam que as roupas da Katniss queimando são uma das coisas mais legais que vocês já viram! É o ou não é? 




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