Tienay
Costa
Internacionalista
- UNAMA
Mestranda
em Ciência Política - UFPA
Na
última quinta feira, dia 05, o mundo perdeu um líder. Nelson Mandela faleceu
aos 95 anos, após fixar-se na história como símbolo de combate à segregação
racial na África do Sul e incansável idealizador da paz. A trajetória política
de Mandela, marcada por sacrifícios e pela opressão, não será jamais esquecida,
tal como suas conquistas em prol de uma sociedade africana mais igualitária.
O
regime que segregava de negros e brancos, conhecido como Apartheid, se
instaurou oficialmente no Estado Sul-Africano no ano de 1948. Na ocasião, o
poder pertencia ao Partido Nacional (PN), liderado pelos Afrikaners (brancos de origem holandesa). Como estratégia para manter-se
na posição de elite branca dominante, o PN estabeleceu a política de
‘catalogação racial’ e a formação dos ‘Bantustões’ (comunidades negras
independentes), que garantiram o isolamento racial e a quebra do convívio
direto entre brancos e negros em território africano por mais de 40 anos.
Marcado
pela violência, o Apartheid vigorou na África do sul até o ano de 1993. Milhares
de negros foram privados de seus direitos sociais, políticos e econômicos e só
os obtiveram de volta, graças aos esforços libertários de Mandela, que viria se
tornar o grande líder do movimento antiapartheid. Ativista e articulador,
Nelson Mandela foi o fundador da Liga jovem do Congresso Nacional Africano
(CNA), e esteve à frente de manifestações decisivas para o enfraquecimento
político dos segregacionistas.
Mesmo
tendo sido preso duas vezes (e na segunda, condenado a prisão perpétua por
crime de traição), Mandela havia fortalecido seus ideais suficientemente para
que o movimento antiapartheid não perdesse suas forças; em 1990, mobilizações
internas, agregadas a pressões da comunidade internacional, o retiraram da
cadeia, após 27 anos de reclusão. Esta foi a grande oportunidade para a forte
retomada da luta contra as leis segregacionistas, as quais foram enfim abolidas
em 1992, com o intenso apoio de Mandela e do governo conciliador de Willem de
Klerk.
O
fim do Apartheid reformulou a estrutura política da África do Sul, alterando as
expectativas sociais de um continente. Em 1994, eleições multirraciais
transformaram quem antes era acusado de dissidente e traidor, em presidente
sul-africano democraticamente eleito. No mesmo ano, Nelson Mandela recebeu o
prêmio Nobel da paz, por ter iniciado o expurgo das práticas segregacionistas
da África do Sul, e por muito ter contribuído em diversas causas humanitárias.
O
continente africano deve muito a Mandela e não é à toa que a comunidade internacional esteja sentindo tanto a perda
de uma das maiores personalidades do século XX. Por fim, resta reconhecer que o fortalecimento
de uma consciência igualitária, tal como o desafio de continuar a luta em prol
da superação do racismo se tratam do grande legado de Nelson Mandela, o qual
passa a ser de responsabilidade global.
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