quinta-feira, 17 de outubro de 2013

O PAM no atual contexto da segurança alimentar mundial.



Leon Cruz

Acadêmico do 6º semestre.

 

No dia 16 de outubro comemora- se o Dia Mundial da Alimentação. O dia, foi escolhido por coincidir com o dia da criação da FAO- Food and Agriculture Organization of the United Nations. A intenção da FAO “foi atrair a atenção do público e das estruturas de poder para as dimensões dos problemas alimentares em todo mundo, desenvolver um sentimento de solidariedade e arregimentar apoio, em âmbito mundial, ao combate a fome, à desnutrição, à pobreza e às causas básicas, conscientizando a população mundial dos problemas relacionados à segurança alimentar e nutricional.”

A FAO sugere que as diversas instituições mobilizem- se num esforço coletivo para questões relacionadas á alimentação. A principal instituição que combate o quadro da fome mundialmente é a PAM- Programa Alimentar Mundial- criado em 1961, como um programa vinculado a FAO de forma experimental, atualmente, no Sistema da ONU, a instituição goza de grande independência.  

 

Dentre todos os Direitos Humanos, o direito à alimentação é, sem dúvida, o mais constante e maciçamente violado. A PAM trabalha de forma única e efetiva na garantia da segurança alimentar. Sua tarefa é ajuda humanitária de urgência. Definida pela Assembléia Geral da ONU, a atribuição do PAM é ”eliminar a fome e a pobreza do mundo, respondendo as necessidades de urgência e apoiando o desenvolvimento econômico e social”.

O PAM se instala na periferia de Roma, atualmente, emprega 10.000 pessoas, das quais 92% trabalham em campo, juntos às vítimas. É dirigido por um conselho de administração compostos por representantes de 36 Estados- membros, no qual os Estados Unidos é o principal contribuinte em termos monetários. Por abranger os cinco continentes e por possuir uma frota própria de 5.000 caminhões e também frotas de aviões, o PAM é uma organização extremamente complexa.

Isso faz do PAM a organização humanitária mais poderosa do mundo, uma das mais eficientes e efetivas. Mais atuante que a própria FAO. Assiste em média 90 milhões de pessoas por ano, dessas, 56 milhões são crianças em mais de 86 países. Em 2009- 2010 a instituição beneficiou as vítimas das inundações no Paquistão, da seca no Sahel e do terremoto no Haiti. Também atua na Ásia Central e do Sul, no Caribe e na África Oriental e Central. O PAM é imediato no combate a segurança alimentar e na garantia de alimentos em casos de guerra civil e catástrofes ambientais.

O PAM combate a fome estrutural na qual é própria das estruturas de produção. Ela é permanente e se reproduz biologicamente: a cada ano milhões de mães subalimentadas dão luz a milhares de crianças deficientes. A fome estrutural significa a destruição psíquica e física, aniquilação de dignidade e o sofrimento sem fim.    

Para isso, instituição criou um método de intervenção aplicado no seu programa Food for Work. As vítimas que têm condições de trabalhar são engajadas pelo PAM na reconstrução da infra-estrutura das áreas afetadas, em troca, são pagos em espécie, tantos dias de trabalho valem tantos sacos de arroz. O método foi aplicado na Geórgia, na Ossétia do Sul e na Abkhasia, nas guerras de independência em 1992. Graças ao PAM, milhares de famílias perseguidas, vitimas de grandes limpezas étnicas puderam ter uma alimentação quase que normal. Food for Work converte as vítimas em atores de seu futuro, resgata sua dignidade e ajuda a reconstruir sociedades destruídas.

Outro programa do PAM é a alimentação em cantinas escolares, na qual é oferecido nas cantinas das escolas da Etiópia, de Bangladesh e da Mongólia, uma refeição que preserva o direito a alimentação das crianças e estimulam a concentração nos estudos e o aprendizado. Na medida do possível, os alimentos são comprados no mercado local para beneficiar os pequenos produtores agrícolas.

O PAM é fundamental no combate a fome no atual cenário da segurança alimentar, sua força principal consiste em sua capacidade de reagir com a maior rapidez às catástrofes e de mobilizar, em tempo mínimo, um contingente de alimento e água indispensável a sobrevivência das vitimas.

Apesar de todos os meios técnicos da maior organização humanitária do mundo, ficam de fora da sua intervenção as pessoas e os grupos que não se inserem na categoria de “urgência” e “extremamente vulneráveis”, mas que também fazem parte da população por grave subalimentação que são excluídas do acesso regular à alimentação suficiente e adequada.

No ultimo relatório da FAO (2013), o número de pessoas que sofrem com a fome no mundo é de 842 milhões, o que significa que uma em cada oito pessoas no planeta continua sem alimentos suficientes. São famílias destruídas, excluídas, humilhadas e desesperadas em face do amanhã.

Devemos enaltecer aqueles que amenizam a dor de milhares, como a PAM. Porém, não esqueceremos das dezenas de milhares de camponeses que se suicidaram, na Índia, nos países africanos e asiáticos por não conseguirem o mínimo de colheita para alimentar suas famílias. Também, as crianças de menos de dez anos que morrem em cada cinco segundos. O dia 16 de outubro é de reflexão à destruição anual de milhões de homens, mulheres e crianças pela fome que constitui o escândalo do nosso século.  

 

4 comentários:

  1. Sensacional discutir o PAM, é uma instituição que poucos conhecem mas faz um trabalho brilhante. Parabéns por discutir a instituição.

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  2. sempre e bom discutir temas como esse o dia passou e não foi lembrado pela grande midia. parabéns

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  3. Um texto objetivo e conciso, que explana sobre um tema extremamente relevante e pertinente na geopolítica atual. Assim como o Medo incentiva o armamentismo entre os países de acordo com a teoria realista clássica, a Fome é, hoje em dia, outra força de grande influência nas relações internacionais. Países pobres são facilmente induzidos a endividar-se cada vez mais para tentar melhorar seus indicadores sócio-econômicos, num círculo vicioso.

    Parabéns pelo excelente texto, e esperemos que a PAM tenha mais sucesso nas suas futuras atividades!

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  4. Sensacional o trabalho do PAM.

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