domingo, 20 de outubro de 2013

Resenha: Nascido Para Matar

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre.



Nome original: Full Metal Jacket
Lançamento: Setembro de 1987 (116min) 
Dirigido por: Stanley Kubrick 
Com: Matthew Moddine, R.Lee Ramey, Adam Baldwin.
Gênero: Guerra/Drama 
Nacionalidade: EUA

Sinopse: Nascido para Matar é um dos mais interessantes filmes sobre a Guerra do Vietnã já lançados. Dividido em dois segmentos distintos - o treinamento dos soldados e a guerra em si - este penúltimo trabalho de Kubrick como diretor explora as loucuras da guerra (principalmente através da figura do Sargento Hartman) e o que ela provoca na mente das pessoas. Um relato frio e quase desumano.

Stanley Kubrick foi um dos maiores diretores de todos os tempos. Sua lista de filmes é extremamente variada, passando de assuntos como guerra até filmes de ficção cientifica. Mas em quase todos os trabalhos de Kubrick, podemos ver a doença humana em todos os níveis: Pedofilia em Lolita (1962), Violencia psicológica em Laranja Mecânica (1971), Redes de sexo em De olhos bem fechados (1999) e demência em O Iluminado (1980). Apesar de abordar assuntos diversos, Kubrick sempre voltava para o tema Guerra, seja no seu primeiro filme do genero Paths Of Glory (1957) que abordava a Primeira Guerra Mundial, ou em Dr. Strangelove (1964) que mostrava a Segunda Guerra Mundial em forma de sátira.
Mas nenhum filme de guerra de Kubrick foi tão cru e realista quanto Nascido Para Matar (1987).
A Guerra do Vietnam foi uma ramificação da Guerra Fria, coexistiam naquele país o Norte Comunista e o Sul Nacionalista. Quando os EUA invadiu o Vietnam, por ficar do lado dos russos, a guerra tomou outras proporções e fez com que muitas vidas fossem perdidas. Depois de anos de guerra, os EUA tiveram sua primeira derrota em campo de batalha. Enquanto Apocalypse Now (Filme do post anterior) colocava dúvidas sobre a missão de seus soldados por verem tantas atrocidades acontecendo e ao mesmo tempo tentando trazer uma possível sanidade de volta através do Coronel Kurtz, em Nascido Para Matar a situação é diferente, pois Stanley Kubrick quer trabalhar com o seu assunto favorito: A Desumanização.


Começamos o filme com os jovens recrutas tendo seus cabelos cortados com uma música tocando no fundo que diz ‘’Adeus querida, Olá Vietnam!’’. Logo após a cena, começam os 45 minutos que nos mostram o processo de desumanização através do treinamento (está mais para tortura) que é feito pelo Sargento Hartman (R. Lee Remey). O roteiro de Kubrick e Michael Herr trabalha com o humor negro a todo momento, principalmente através das famosas frases do Sargento Hartman ao fazer o treinamento para torna-los fuzileiro:.

- Qual a sua altura, soldado?
- 1,75 m, senhor!
- Não sabiam que empilhavam merda tão alto!

Através de Hartman o roteiro também trabalha racismo e religião. Mas, claro, de modo cínico:
"Sou severo, mas justo. Não há discriminação racial aqui. Não desprezo crioulos, judeus, carcamanos ou cucarachas. Aqui são todos igualmente inúteis."

Não há nenhum tipo de humilhação física aqui, mas a violência psicológica feita pelo Sargento é tão violenta quanto um espancamento. Naturalmente, todos os recrutas se sentiam pressionados, mas quem é a representação geral do efeito provocado pelo treinamento é o Soldado Pyle (Vincent D´Onofrio), que de recruta desajeitado passa a ser um perfeito psicopata, o que explica o seu fim. É interessante notar também que mesmo com treinamento pesado, este era inútil, (perceba que a grama do campo de treinamento é tão bem cuidada quanto a de um campo de golfe) já que no Vietnam eles se encontrariam na maior parte das vezes em matas fechadas.
Enquanto que Pyle não conseguiu esconder os efeitos que os treinamentos causaram a ele, a segunda parte do filme já nos mostra o Soldado Joker (Matthew Moddine ainda novo) ao lado dos seus companheiros de treinamento no Vietnam. Tendo um comportamento reprovável e convivendo com pessoas ainda piores, Joker trabalha para o jornal que fala sobre acontecimentos da guerra, e ao tentar retratar a verdade ele é chamado atenção pelo tenente responsável:
“Você não pode escrever isso, essa guerra não é popular’’
Ainda mais adiante, ao tentar retratar os soldados na guerra para algum documentário ou apenas para mostrar ao povo norte-americano que eles estão lutando por uma suposta boa causa, Kubrick mostra justamente o contrário: eles não sabem o que estão fazendo. Ao entrevistar o soldado Animal Mother (Adam Baldwin) o repórter pergunta ao soldado o que ele acha do envolvimento dos EUA, e ele de forma totalmente ignorante responde ‘Eu acho que devemos ganhar’’. Assim como o depoimento de outros soldados que não sabem nem o que estão falando ou do porque estarem lutando.
O Final do filme mostra ainda mais que aquela guerra não fazia sentido, e que não havia inimigos ali, apenas pessoas se protegendo, porque tinham medo de alguma coisa que não sabiam o que era. Mais irônico ainda era que no uniforme do soldado Joker havia um pequeno broche com o simbolo da paz, mas no seu capacete está escrito ‘’Born To Kill’’.
Nascido Para Matar (Full Metal Jacket) é um grande clássico do cinema. (pessoalmente, é o meu filme de guerra favorito) e como tem apenas 1h e 45 min, acredito que não será nenhum pouco difícil para você leitor sentar no sofá da sua casa e ver o longa. É uma grande experiência.

                                                
VEJA O FILME!

Até a Próxima com o fechamento da Trilogia!


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