sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Resenha: Apocalypse Now

Danilo Ebúrneo
Acadêmico do 5º Semestre.
 

Nome original: Apocalypse Now
Lançamento: 26 de Outubro de 1979 (3h16min) 
Dirigido por : Francis Ford Coppola 
Com: Martin Sheen, Marlon Brando, Robert Duvall, Harisson Ford
Gênero: Guerra/Drama 
Nacionalidade: EUA


" O Capitão Willard (Martin Sheen) recebe a missão de encontrar e matar o comandante das Forças Especiais, Coronel Kurtz (Marlon Brando), que aparentemente enlouqueceu e se refugiou nas selvas do Camboja, onde comanda um exército de fanáticos.’’
Apocalypse Now foi baseado em um livro chamado ‘’ Heart Of Darkness’’ de Joseph Conrad, mas sua premissa foi adaptada para que acontecesse na Guerra do Vietnam. (No livro, a trama se passa na África). Dirigido por Francis Ford Coppola (Acredito que todos o conheçam e que ele não precise de apresentações...certo?!) o filme narra a missão do Capitão Willard (Martin Sheen) que foi designado pelos seus superiores para asassinar um lendário comandante das Forças Especiais, Coronel Kurtz (Marlon Brando).
Antes de seguirmos a analise do filme em sí, irei citar os diversos problemas que aconteceram para que o mesmo fosse filmado. Inicialmente, foi extremamente difícil arranjar atores para o longa, já que poucos estavam dispostos a filmarem na selva e a ficarem longe de casa. Além disso, um temporal destruiu algumas partes de um dos cenários construídos, o que prejudicou demais as filmagens. O ator Martin Sheen teve um ataque cardíaco no meio do trabalho e quase perde a vida, pois arranjar uma boa instalação médica no meio da floresta é muito complicado. Marlon Brando estava quase obeso, e para esconder o seu estado de saúde ele pediu para que nas cenas em que participava, ele ficasse ‘’escondido’’ em sombras o quanto fosse possível... Falar sobre os problemas de produção é importante no caso desse filme, porque influenciou diretamente no seu resultado final (resultado, não qualidade, veja bem).   
O filme começa com a floresta sendo queimada por Lanças Chamas e Molotov, ao som da musica ‘’The End’’ do The Doors. A escolha da música é interessante, pois o objetivo aqui foi passar a idéia de que a partir do momento em que a Guerra começa já é o fim, leva alguma coisa com ela. Isso podemos ver logo na cena inicial onde nos é apresentado o Capitão Willard. Sem missão alguma, ele se mostra como um homem perdido, se sentindo inútil de não poder ajudar seu país. Ele fala frases patrióticas e se preocupa com os Vietcongues, mas se torna tolo ao fazer isso quando está bêbado e totalmente sem condições de ação.  Até que ele é chamado para sua suposta ultima missão...
                   
O roteiro de Coppola e John Milius é muito crítico e inteligente, mostrando que não existem motivos necessários que justifiquem a monstruosidade que a Guerra traz.  Ao conhecer o Tenente Coronel Bill Kilgore (Robert Duvall) Willard começa a pensar sobre o motivo da sua presença naquele lugar e o porquê de estar obedecendo aquelas ordens, pois possivelmente ele não concorda com o que está ocorrendo ali. Sem duvida o Coronel Kilgore é um dos personagens mais marcantes dos filmes de Guerra já feitos! Ele é a imagem do patriota norte-americano apaixonado, um soldado que não discutia ordens no passado e que não suporta ser questionado agora que está em uma patente superior.
Ele adora surfar e é totalmente doentio no seu modo de agir (a famosa frase ‘’Eu amo cheiro de Napalm pela manhã!’’ foi dita por ele). Ao invadir um litoral que havia aldeias vietnamitas, o pelotão do Tenente Coronel Kilgore simplesmente provoca um genocídio, onde um dos seus objetivos é surfar naquele lugar que tem ótimas ondas... Matar mulheres e crianças para surfar!  E ainda é extremamente irônico que enquanto os soldados matam mulheres e crianças, Kilgore conversa sobre ondas como se estivesse numa praia qualquer,e ainda fala ‘’Maltidos Animais!!’’ se referindo aos habitantes locais. A Longa cena da invasão com helicópteros no litoral (a marca registrada do filme) que entra ao som da Marcha das Valquírias  é uma das melhores cenas que o cinema já produziu!
É curioso notar também que os roteiristas sempre passam a fragilidade do exercito Norte- Americano no território inimigo. O barco que Willard e 4 soldados viajam até onde está o Coronel Kurtz está cheio de armas de grosso calibre, mas estão em mata fechada, não sabendo de onde o perigo pode vir, pois não conhecem o local. O despreparo Norte-Americano ainda é mais evidente na cena onde nativos jogam lanças contra o barco e um deles diz ‘’Não se preocupem, eles estão querendo apenas nos assustar jogando pedaços de madeira’’, para apenas depois saberem que lanças são armas tão competentes (ou mais, naquele caso) quanto as metralhadores que carregavam.  Hoje sabemos que a falta de conhecimento e a prepotência Norte-Americana foi um dos motivos cruciais que fizeram eles perderem a Guerra.
 Ja na reta final, ao encontrar o Coronel Kurtz, Willard se vê em uma situação que não esperava encontrar... Não falarei aqui o ponto chave do final do filme em respeito a vocês leitores (Se bem que o filme tem 30 anos! Vocês ja deveriam ter visto!) mas não posso deixar de citar a maior crítica do inteligente roteiro de Coppola e Milius: O discurso criado para o acontecimento da Guerra. 
O famoso conceito de  ‘’Soft Power’’ de Joseph Nye  que estudamos em nosso curso cai como uma luva aqui. Ao ler uma matéria de um famoso jornal estadunidense para Willard, o Coronel Kurtz cita o trecho que diz que os EUA estão ganhando a guerra e que os políticos estão satisfeitos com os resultados, pois eles precisavam combater o inimigo. Claro que sabemos que eles não estavam ganhando a Guerra, e ao mesmo tempo em que Kurtz está lendo, ao lado dele aparece umas 20 crianças vietnamitas, algumas rindo e outras colocando o dedo na boca, como qualquer criança de qualquer nacionalidade.
A genialidade da direção de Coppola nos faz ‘’cair na real’’ junto com Willard, que nesse exato momento temos o rosto de Martin Sheen focado com olhos arregalados e surpresos. Essas crianças são a ameaça?   Esse povo? Quem na verdade é o louco? Os interesses da Guerra são realmente da nação ou são interesses de poucos disfarçados de nacionalismo?  Bem, como diz o Coronel Kurtz  ‘’ O horror tem face...Ah... o Horror... O horror...’’
Infelizmente não posso mais me estender no texto, pois já está muito longo... Mas não pude deixar de fazer uma análise um pouco mais longa sobre esse filme (Que na verdade merecia um texto de 30 páginas!) pois seu conteúdo histórico/cinematográfico é assustador!
Francis Ford Coppola mostra que nasceu para fazer filmes e ‘’brinca’’ de ser diretor, nos entregando  uma verdadeira obra-prima , do tipo que aparece apenas de 20 em 20 anos. Com atuações BRILHANTES (Martin SheenRobert Duvall e a lenda Marlon Brando fazem uma verdadeira escola de atuação aqui!) Apocalypse Now  é um filme que entrou para a história e um dos maiores filmes ja feitos! Ponto.
Esse filme faz parte da que eu chamo de ‘’Trilogia do Vietnam’’, e irei continuar com outro dos 3 filmes na próxima sexta. Se estiver curioso para saber qual é, acessem o blog!
Até a próxima!

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