Arantxa Santos
Internacionalista formada pela UNAMA e pós-graduanda em Gestão Ambiental pela Faculdade Ideal
A
água é um recurso natural essencial para o homem. No entanto, o mundo enfrenta
hoje uma crise hídrica e grande parcela da população global sofre as
consequências socioeconômicas deste problema.
Ao
analisar a superfície terrestre, é possível observar que a maior parte do
planeta é constituída por água, totalizando cerca de 70% de toda a área do
Planeta. Porém, apenas 3% é de água doce, ou seja, ideal para o consumo e,
aproximadamente 12% da água doce do mundo encontra-se no território brasileiro.
Entretanto, ainda assim, a crise vem afetando o Brasil, em especial os Estados
do sudeste, o que incentivou debates locais sobre o consumo, distribuição,
tratamento e preservação da água.
A
fim de combater a escassez hídrica, muitos países investem na preservação,
incentivam a redução no consumo e fazem uso da tecnologia para criar métodos de
tratamento da água, impulsionando a análise sobre a aplicabilidade destes métodos
no caso brasileiro. Muitas cidades ao redor do mundo enfrentam ou enfrentaram crises
hídricas, provocadas pela seca, desperdício ou consumo desenfreado, que, por
sua vez, criaram medidas para reverter a situação. Especialistas agora estudam a
possibilidade de aplicar tais medidas em outros casos de falta de água, a
exemplo de São Paulo.
Um
exemplo é o que foi aplicado na China, que está entre os países listados pela
Organização das Nações Unidas (ONU) com grave falta de recursos hídricos. O
país possui 6% da água potável do planeta e enfrenta obstáculos de
abastecimento em 400 cidades, inclusive a capital, Pequim, que consume mais
água do que disponibilizada em seus reservatórios. Para reverter a situação, a
companhia de água de Pequim apostou em um projeto para redirecionar os rios. O
Projeto “Desvio de Água Sul-Norte” moverá bilhões de metros cúbicos de água e
exigirá a construção de aproximadamente 3 mil quilômetros de canais. O custo
deve superar 60 bilhões de dólares.
Outro
exemplo é Nova York, nos Estados Unidos, que desde os anos 1990 aplicou um
programa de proteção dos mananciais, com o intuito de prevenir a poluição e
evitar gastos com o tratamento ou na busca por novas fontes de água potável. O
projeto também inclui a aquisição, por parte do governo, de terras com
nascentes de água com o objetivo de protegê-las. Ao mesmo tempo, o governo lançou
campanhas para a redução do consumo e, com isto, a cidade alcançou o
crescimento na vida útil dos recursos hídricos disponíveis na região.
Na
cidade de Zaragoza, na Espanha, o principal problema é o desperdício de água, então
para reverter o comportamento da população, o governo elaborou uma campanha de
conscientização pelo uso eficiente da água e a criação de metas de redução do
consumo. O projeto se tornou referência ao lidar com a falta de água em um
ambiente urbano de forma rápida, ecológica e sem muitos gastos.
A realidade
do Brasil é completamente diferente dos três exemplos, uma vez que o país detém
grande parte da água doce existente na Terra, apesar da distribuição desigual. Um
exemplo é São Paulo, a maior cidade brasileira, que possui poucos recursos
hídricos e vive, atualmente, em uma severa crise que coloca em risco o bem-estar
de mais de 8 milhões de pessoas.
A
história de São Paulo é marcada por impactos negativos aos rios. Isto pode
ajudar a esclarecer os motivos para a atual crise hídrica no Estado. Alguns
exemplos do descaso com a água em São Paulo podem ser citados: não são tratados
mais da metade dos esgotos, o que aumenta os gastos em tratamentos e polui a
água que é consumida. Neste contexto, a região do Sistema Cantareira, formado
por seis represas que abastecem São Paulo, teve quase 80% de sua vegetação
nativa desmatada, provocando impacto direto nos mananciais, uma vez que a
floresta possui um papel crucial na prevenção das secas, ao impedir a erosão do
solo e o assoreamento dos rios.
Ainda
analisando a maneira como a água é tratada em São Paulo, é importante ressaltar
a situação do Rio Tietê, que apesar de ser o mais importante do estado é o mais
poluído do Brasil, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Dessa maneira, é clara a necessidade de elaborar medidas
que solucionem a crise hídrica, o que leva a reflexão sobre a possibilidade de
usar métodos com base na experiência dos países que vivem ou viveram a mesma
situação.
E, o
mais importante, é considerar a realidade do Estado tanto na questão ambiental,
no que se refere aos recursos hídricos, como no investimento financeiro que se
faz necessário, além da tecnologia envolvida e da valorização da igualdade no
que diz respeito à distribuição de água, tão importante para a sobrevivência de
todos.