Thainá
Penha
Acadêmica
do 3º semestre de Relações Internacionais da Unama
As
ocorrências no cenário internacional permitem-nos enxergá-las por vários
binóculos diferentes. A atual crise econômica, política e militar existente na
Ucrânia, amparada pela Rússia de Putin, trouxe ao mundo mais uma tensão de uma
possível guerra, depois de nos últimos anos vivenciarmos esta tensão com a
Coréia do Norte e seus mísseis e com a Síria e suas armas químicas.
Na
perspectiva das Relações Internacionais, pode-se aplicar diversas teorias diante
do que tem ocorrido entre Ucrânia, Rússia e o resto do mundo. Contudo, este
presente texto enfatizará tal caso perante a teoria Neo-Realista de Waltz e
Gilpin.
Dividamos,
então, a problemática: primeiro de Waltz; posteriormente de Gilpin, para então
equilibramos os dois.
Kenneth
Waltz, com seu realismo estrutural, defende o Sistema Internacional como
anárquico e entende que o Direito Internacional é falho. Ou seja: não há
ninguém acima da soberania dos Estados. As Organizações Internacionais existem,
porém, ainda assim, não são soberanas como os Estados. Não há regras no Sistema
e as Organizações Internacionais são apenas fantoches controlados pelos
próprios Estados. Não há punição alguma àqueles que possuem o hard power – conceito dado ao Estado
possuidor de poder-força, ou seja, poder bélico. Tendo em vista que o Sistema
Internacional é anárquico, os Estados vivem em guerra devido as divergências de
interesses e ausências de mediadores destes.
Além
disso, o mundo é um constante necessitado de guerra. Esta serve para equilibrar
o poder no Sistema Internacional. A exemplo da Guerra Fria: vivia-se um
equilíbrio de poder bilateral, com os Estados Unidos detentor do modelo
capitalista e a União Soviética, do socialista. Porém, chegaram a ponto em que
o poder bilateral já não era suficiente. Então, caiu o Muro de Berlim, e
consequentemente, a União Soviética. Após isso, os Estados Unidos passaram a
fazer parte de um equilíbrio de poder unilateral, dominado apenas por ele.
Hoje,
já não se tem segurança para afirmar que os Estados Unidos são hegemonia. Sua
“popularidade” vem caindo cada vez mais e, aplicando-se a teoria, necessitamos
de uma guerra para que haja um novo equilíbrio de poder. Isso pode explicar a
questão ucraniana: primeiramente, há um certo orgulho russo perante o ocidente
devido à queda do Muro de Berlim, marcando assim sua derrota. Esse fato faz com
que a Rússia se coloque em uma posição “anti-Estados Unidos”. Vale lembrar
também a posição desta quando os EUA planejavam atingir a Síria: a Rússia
declarou prontamente que atacaria a Arábia Saudita se os EUA atacassem a Síria.
Outro
ponto é ignorar prontamente as sanções impostas pelos Estados Unidos, mostrando
que os EUA já não são a hegemonia temida de antes; assim como ignorar as
sanções de organizações como o G8, o qual declarou que não reconhecerá a
Crimeia como parte da Rússia, já que as tropas russas invadiram o território
ucraniano, influenciando assim no plebiscito ocorrido no último domingo, 16.
O
fato é que Putin está decidido a ouvir a autodeterminação dos povos da Crimeia,
como enfatizou em seu discurso na última terça-feira, 18. Putin afirmou que a
Crimeia sempre foi parte da Rússia.
Outro
conceito que pode ser inserido nesta problemática é o bandwagon, exemplificado pela aliança entre Crimeia e Rússia: os
menores costumam se unir aos que consideram ser mais fortes e possuidores de
mais poder-força, os quais poderão dar a eles segurança diante ao Sistema
Internacional.
Agora,
a segunda parte da problemática, dirigida por Robert Gilpin. Ele acredita que o
Sistema não pode ser olhado apenas por uma visão política, mas também pela
visão econômica. Existe, além dos Estados, outros importantes atores no cenário
internacional: as empresas e os papéis que as mesmas desempenham. Além de fazer
com que a Ucrânia perdesse a soberania perante a Crimeia, a Rússia, que possui
grandes empreendimentos na região ucraniana, sairia ganhando, além de
território, vantagens econômicas.
O
que Putin – também – não pensou foi nas empresas russas. Segundo a Revista EXAME,
“a tensão política e militar no país está ameaçando descarrilar US$ 8 bilhões
de empréstimos internacionais”, o que faz com que os bancos internacionais se
recusem a fazer empréstimos devido a subida de preço da moeda, dos títulos e
das ações russas depois de suas tropas terem tomado o Mar Negro da Crimeia.
Além
disso, pode-se citar o poder russo quanto ao gás natural: ele é dono do
monopólio do gás natural na Europa. É quem o distribui e, como já fez uma vez,
pode simplesmente cortar a distribuição deste.
É
difícil entender o porquê de tanta arrogância de Putin. Como citado acima, pode
ser uma questão de orgulho, de vingança ou, simplesmente, de forçar a
independência deste perante o ocidente. Será que Putin está querendo derrubar
as sanções estadunidenses e organizacionais com chantagens econômicas? Será que
Putin está interessado em uma guerra para tentar o posto de hegemonia mundial?
Infelizmente, tudo é previsível e nada é concreto. É esperar para ver!
Fonte:
http://exame.abril.com.br/negocios/noticias/crise-na-ucrania-ameaca-emprestimos-de-empresas-russas
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