quarta-feira, 5 de novembro de 2014

A Construção do Português Falado no Brasil

Thiago Correa
Acadêmico do 5° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


Neste 05 de novembro celebra-se o Dia Nacional da Língua Portuguesa. Para nós brasileiros, uma data como esta serve para lembrar a diversidade cultural brasileira, que se reflete na linguagem a qual nos exprimimos: o chamado “português brasileiro”.
Não que haja uma distância intransponível entre as variadas formas de português falado pelos mais de 240 milhões de pessoas que se comunicam através da Língua Portuguesa ao redor do mundo. Porém, a variante construída no Brasil – que também é a mais falada dentre todas – é o reflexo das influências que nosso povo recebeu desde a colonização até os dias atuais e certamente possui suas particularidades.
A princípio, com a chegada dos colonizadores europeus, o idioma falado por eles – o Luso-Português – se encontrou com os mais de mil dialetos utilizados pelos índios que habitavam o território em suas mais variadas tribos. Ainda que tais povos nativos tenham sido praticamente dizimados, muitas palavras de origem indígena foram incorporadas ao vocabulário do brasileiro.

Como exemplo, pode-se utilizar as palavras abacaxi e ananás para o mesmo fim: denominar uma fruta. A diferença só existe no nome, mas significam a mesma coisa, sem mudança semântica. “Ananás” é um termo proveniente do nome científico da fruta – Ananas comosus – o qual é usado em Portugal e “abacaxi” é um termo proveniente do Tupi Guarani, que é usado no Brasil. Há muitos outros exemplos do tipo - pitanga, que significa vermelho, dentre outros – É a diversidade que transforma a “Língua de Camões” em um idioma tão rico.
Por que a Língua Portuguesa se tornou um idioma rico no Brasil? Bem, principalmente porque é muito difícil, encontrar dificuldades em expressar ideias ou pensamentos por meio dela, visto que o pensamento dominante de que haja uma forma certa de expressá-la há muito foi quebrada pelos linguistas. Sendo assim, cada região do país acrescenta características culturais e linguísticas que tornam o idioma mais popular, subjetivo e único.
Há uma grande diversidade de vocábulos e muitas possibilidades de se construir um discurso em Português. Versatilidade essa que também se deve à contribuição dos escravos africanos trazidos para o país a fim de trabalharem nas plantações de cana-de-açúcar e lavouras de café. Eles nos trouxeram palavras como “cachimbo”, “moleque”, “quiabo” e até mesmo o nosso tão famoso “samba”, símbolo cultural da nação.
Por ser um idioma de tamanha amplitude e até mesmo por ter recebido várias influências – não só no Brasil, como também nas outras ex-colônias portuguesas – a CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa) trabalha para manter entre as comunidades lusófonas o diálogo e a cooperação a fim de incentivar uma coesão entre os falantes dessa língua. O órgão foi o responsável pelo acordo ortográfico que vigora desde o fim de 2012 entre membros, o qual padronizou, de certo modo, a escrita da nossa língua.
Até o fim deste século, segundo pesquisas, a língua portuguesa será falada por cerca de 350 milhões de pessoas, afirmando-se na posição de terceira língua mais falada no mundo ocidental, atrás apenas do Inglês e do Espanhol. Isso explica – juntamente com o aumento da relevância do Brasil no Sistema Internacional e as crescentes relações entre as nações do planeta – a grande procura por cursos de Língua Portuguesa nos rankings de cursos de idiomas estrangeiros ofertados nos Estados Unidos, na China e na América Latina.
Ao saber de tudo isso, fica bem claro que esta data é importante e a comemoração é merecida, seja pela importância do nosso idioma ou pela beleza que ele possui, pela força que hoje representa no cenário mundial ou por sua história repleta de colaborações indígenas, africanas e europeias, tanto de portugueses que colonizaram o Brasil no século XV, quanto dos que imigraram para o sul no final do século XIX, tais como italianos, poloneses, alemães, dentre outros.
A Língua Portuguesa continua a evoluir, sendo apreciada por gerações de novos portugueses, brasileiros, angolanos, moçambicanos e etc. Esse grande legado está aí, vamos valorizá-lo. Tchau! – ou, como diriam nossos amigos ítalo-brasileiros, um sonoro ciao

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