Lucas
Cunha de Senna
Acadêmico
do 2º semestre de Relações Internacionais da Unama
A Política Externa Brasileira na Primeira República é marcada principalmente
pelo processo de alinhamento com os Estados Unidos. Tal processo é expresso
pela gestão do Barão do Rio Branco e pelos esforços de Joaquim Nabuco como embaixador
brasileiro nos EUA. A necessidade de dissuadir a expansão da política imperialista
Europeia na América Latina e assim garantir a soberania brasileira, força a
República a buscar aproximação diplomática em âmbito continental.
O cenário internacional no inicio do século XIX tem os Estados Unidos como
uma das potências mundiais. E, nesse sentido, uma das razões para a aproximação
do Brasil com os EUA é que o continente americano passava a ser visto como sua
área logica de expansão política e comercial, garantindo espaço na corrida
imperialista presente na época.
No quadro interno temos uma República recém formada, pautada no
princípio de solidariedade a partir da similaridade institucional a fim de, no
âmbito nacional, se distanciar do império e vincular-se a imagem de República enquanto
“evolução do novo
mundo”. Além disso, era primordial para o Brasil associar a imagem do império a
Velha Europa devido ao fato de, mesmo após a independência, ainda haver fortes
oposições à República e a favor do retorno da Monarquia. A grande questão
interna da época era a propaganda republicana que se estende até a Política
Externa.
A primeira tendência brasileira de Política Externa foi atenuada a medida
em que a politica de interesses com seus vizinhos crescia, porém foi retomada principalmente
após as reformas ministeriais do Barão do Rio Branco em 1902. Rio Branco já
tinha o terreno fértil de cooperação com os EUA, levado por diversos atos que
estreitaram a relação dos dois países, e a cooperação com os vizinhos era ainda
mais favorável para sua posição no SI.
Nessa conjuntura a Politica Externa brasileira vai pautar-se em três objetivos:
Consolidar as fronteiras nacionais, diminuir a influência europeia e aumentar o
poder de barganha brasileiro. Na perspectiva do ministro, o Brasil necessitava
de apoio dos EUA para resolver desavenças fronteiriças.
Com isso o Brasil legitimaria o interesse à ação estadunidense no
continente americano. Assim, o redirecionamento da política brasileira do eixo
Londres para o eixo Washington possibilitava a inserção do Brasil no Sistema Internacional,
pois equilibrava a politica de poder na América Latina, dissuadindo as ações
das potências europeias.
O alinhamento Brasil - EUA não só cumpriu com os objetivos como aumentou
o poder brasileiro em toda a América Latina, criando um cenário de inserção com
seus vizinhos através do poder de barganha. Foi nesse contexto que o Brasil
aumentou também as relações bilaterais com o Chile, afim de dissuadir a influência
argentina na região.
Em tese o alinhamento brasileiro com os Estados Unidos traz diversos
benefícios bilaterais. O Brasil expande a diplomacia das canhoneiras europeias,
frequentemente aplicada na América Latina, ganha maior projeção regional, e
determina suas questões fronteiriças, inclusive a aquisição do Acre. Além
disso, através de alguns tratados de arbitragem, consegue com maior êxito,
equilibrar seu poder com as grandes potências e trazer um reequipamento militar
para o país, através da cooperação com os EUA, possibilitando assim, maior
capacidade de manutenção dos interesses nacionais da época.
REFERÊNCIAS
Garcia,
Eugenio. Cronologia das Relações Internacionais do Brasil. 2.ed. ver., ampl. e
atualizada. Rio de Janeiro: Contraponto; Brasília, DF: Fundação Alexandre
Gusmão, 2005. 336p.
Altemani,
Enrique. Politica Externa Brasileira. São Paulo: saraiva, 2005, 291p.
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