quarta-feira, 12 de novembro de 2014

Desigualdade de Gênero





Kellimeire Campos

Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


Em 28 de outubro ocorreu a reunião do Fórum Econômico Mundial, realizada em Davos, no qual foi divulgado o Global Gender Gap Report 2014, o qual apresenta o ranking de desigualdade de gênero mundial.

A metodologia utilizada pelo ranking é a de avaliação das desigualdades entre homens e mulheres em quatro áreas: participação e oportunidade econômica (salários, participação e liderança), educação (acesso à educação básica e avançada), saúde e sobrevivência (expectativa de vida e coeficiente sexual), capacitação política (representação nas estruturas de tomada de decisão.

A primeira edição do ranking foi em 2006 e contou com a avaliação de 115 países, no qual o Brasil apareceu em 67º lugar. De 2006 para 2014 o país apresentou às vezes melhorias e às vezes quedas no que se refere à sua posição no ranking. Neste ano foram avaliados 142 países, e em relação ao ano de 2013 o Brasil teve uma queda de nove posições na lista, aparecendo na 71ª colocação.

Segundo o estudo elaborado pelo Fórum Econômico Mundial, o Brasil tem conseguido manter a igualdade entre homens e mulheres nas áreas de educação e saúde. Mas não consegue superar sua dificuldade em diminuir as desigualdades no mercado de trabalho.

A análise dos nove anos de Global Gender Gap Report, feita pela equipe do Fórum Mundial Econômico, ressalta que talvez somente 2095 seja o ano da igualdade de gênero na área do trabalho a nível mundial.

Utilizando o conceito de governança global[i], da teoria neoliberal das Relações Internacionais (RI), estudos como o Global Gender Gap Report são utilizados para a implementação de objetivos traçados nos fóruns internacionais e que resultam em ações coletivas ou individuais dos países para determinado assunto. Isso pode ser notado nas palavras do Fundador e Presidente Executivo do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab:

“Alcançar a igualdade de gênero é obviamente necessário por razões econômicas. Apenas as economias que tiverem total acesso à todos os seus talentos permanecerão competitivas e prosperarão. Mas ainda mais importante, igualdade de gênero é uma questão de justiça. Como humanidade, nós temos a obrigação de garantir um equilibrado conjunto de valores”.

Como retratado no próprio comunicado à impressa sobre o Global Gender Gap Report houve muitos avanços para a igualdade entre os gêneros em todo o Sistema Internacional. Mas essa questão vai além das ações governamentais e depende fundamentalmente das ações individuais de todos os setores da sociedade.

Uma análise mais profunda também pode ser feita através da teoria pós-moderna, com a utilização dos conceitos de Michel Foucault, através do questionando da relação saber-poder, da governança dos corpos e dos mecanismos disciplinares. Mas, esta análise pode ficar para outra oportunidade

Nota:

[1] Governança é um fenômeno mais amplo do que governo; abrange as instituições governamentais, mais implica também mecanismos informais, de caráter não-governamental, que fazem com que pessoas e as organizações dentro de sua área de atuação tenham conduta determinada, satisfaçam suas necessidades e respondam às suas demandas. (ROSENAU, 2000, p.16)

Referências:

ROSENAU, James. Czempiel. Orgs. Governança sem governo: ordem e transformação na política mundial. Brasília: Editora Universidade de Brasília, 2000.


Global Gender Gap. Disponível em: http://www.weforum.org/issues/global-gender-gap

2095: Talvez, O Ano da Igualdade de Gênero na Área de Trabalho. Disponível em:http://www3.weforum.org/docs/Media/Portuguese_Gender%20Gap_Final.pdf


Brasil cai 9 posições em ranking de igualdade de gênero. Disponível em: http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2014/10/141028_desigualdade_full_lab
 



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