Matheus Canto
Acadêmico do 4°
semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Eis um tema que, ao longo de
mais de meio século, é inseparável da vida do povo cubano, e que tem estado
presente por igual período de tempo, no cenário político e na opinião pública
internacional: os embargos impostos à Cuba pelo governo norte-americano.
Desde 1960, com o reflexo
da Guerra Fria no sistema internacional e da pressão dos milhares de imigrantes
cubanos que viviam em Miami, o Congresso norte- americano se viu obrigado a
aprovar a lei Helms Burton, a qual proibiu severamente os cidadãos americanos
de manter quaisquer relações econômica e comercial dentro da ilha ou com o
governo cubano.
50 anos depois, os embargos comerciais e econômicos
não levaram a nenhum dos resultados políticos almejados pelos EUA, entretanto
impactou diretamente o povo cubano e deu aos irmãos Castro poderosos argumentos
para se manterem no poder, tendo como “carta na manga” o discurso da “agressão”
imperialista de Washington e da máfia terrorista de Miami.
A justificativa dada pelo governo norte americano é a de que o
embargo é mantido pelo fato de Cuba manter um governo ditatorial. Porém, para eles
(EUA), nunca houve qualquer problema de consciência em fazer negócios com a
Arábia Saudita, o Bahrein, a Líbia, o Egito e tantos outros países que
mantinham (ou mantêm) ditadores no poder. Contudo, os ditadores desses países
se alinham politicamente com os EUA, o comércio é mantido. Levando em conta o alinhamento
político, o governo cubano, desde a Revolução Cubana, nunca se alinhou com a
política norte-americana, o que influenciou no que se pode chamar de o “enorme
castigo” que Cuba sofre até hoje.
É visível que tudo
isso “estrangula” a economia desse pequeno país caribenho. Você considera
possível que algum país pobre se desenvolva tendo pouquíssimo acesso a crédito,
pouco acesso ao mercado mundial para comprar o que necessita, pagando bem mais
caro pela entrega das importações e, ainda por cima, tendo um mercado
consumidor bem restrito para os seus produtos?
No dia 29 de outubro
de 2014, a Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas votou pelo fim do
embargo americano à Cuba pelo 22° ano consecutivo. Foram 188 países votando
pelo fim do embargo, contra apenas dois países (EUA e Israel) favoráveis à
manutenção dessa política.
Vale citar o autor Fernando Morais, em seu livro “Os últimos soldados da
Guerra Fria” explica as razões:
“Nenhum presidente americano havia
chegado à Casa Branca sem antes se submeter ao beija-mão dos chefões da
diáspora cubana em Miami. A cada quatro anos, um Comitê de Ação Política [...]
irrigava com doações que chegavam a 10 milhões de dólares as campanhas
eleitorais de cerca de 400 candidatos a deputado federal e senador [...].
Bastava que defendessem os pontos de vista da diáspora cubana, que fossem
comprometidos com a manutenção do bloqueio a Cuba e com todas as formas de luta
para pôr fim ao regime comunista que imperava na ilha. Segundo a unanimidade
dos observadores políticos, o poder do lobby cubano no congresso só perdia para
o multimilionário AIPAC [lobby pró-Israel]…”.
Podemos
considerar que com o fim do embargo, uma série de leis existentes
que retiram liberdades dos cubanos não teriam mais sentido de existir. Hoje
elas são claramente justificáveis e aceitas pelos cubanos, pelo permanente
estado de guerra em que se sentem inseridos graças ao governo americano. É
semelhante às leis absurdas aprovadas nos EUA, como o “Ato Patriótico”, aceito
pela maioria, sob a justificativa do medo por causa da guerra ao terrorismo.
O
que de fato acontecerá se aprovado o fim do embargo, é imprevisível. O atual
sistema político cubano pode acabar se reformando ou se tornar ainda mais
aceito pela população. Tudo dependerá da capacidade do governo cubano em
atender as necessidades da população. Portanto, terá um árduo trabalho frente
às necessidades da população, que não irá suportar viver em meio à pobreza e
privações de liberdades individuais, podendo decretar o fim do domínio do
Partido Comunista Cubano.
Referências:
Morais, F. "Os últimos soldados da guerra fria: a
história dos agentes infiltrados por Cuba em organizações de extrema direita
nos Estados Unidos." São Paulo: Companhia das Letras (2011).
Tem que ver a questão ideológica, Cuba é contrária aos EUA, isso atrapalha bastante as relações dos países. segundo, veja a fortuna de Fidel antes de falar da economia cubana, o homem é um dos mais ricos do mundo segundo a FORBES. e terceiro, do que adianta ter boa educação, saúde etc se não tem liberdade pra ganhar seu próprio dinheiro fora do país, se não existe liberdade econômica. nesse ponto de vista é errado julgar e colocar a culpa nos capitalistas opressores Norte Americanos.
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