quarta-feira, 6 de agosto de 2014

O papel do Barão do Rio Branco para a diplomacia brasileira

Rafael Teocharopoulos
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA



O presente artigo discorre sobre a importância do barão do Rio Branco para a política externa brasileira, onde se busca traçar os pontos mais importantes em relação aos feitos históricos do ministro na execução das Relações Internacionais, e principalmente, na sua influência sobre a atual demarcação do território nacional através do modelo de diplomacia que vigora até hoje.
 José Maria da Silva Paranhos Júnior, o Barão do Rio Branco, foi nomeado ministro das relações exteriores em 1902 e permaneceu no cargo até 1912, ano de seu falecimento. Durante sua carreira, foi também jornalista e promotor do império, mas foi como chanceler que executou os feitos que lhe renderam o reconhecimento nacional e internacional.
O Barão do Rio Branco, tendo forte laço com a diplomacia, solucionou vários  conflitos fronteiriços decorrentes da falta de clareza na demarcação territorial presente no tratado de Madrid, assinado em1750. Por exemplo, os casos de Palmas com a Argentina, e do Amapá com a França, que foram resolvidos antes de tornar-se ministro. Além do principal tratado, o qual lhe rendeu a fama atual, o de Petrópolis, com a Bolívia, que culminou na anexação do Acre em 1903. 
  

O embate existente em torno da posse do território já havia bastante tempo. Bem antes de o Barão assumir a chancelaria. Os seringueiros já haviam travado algumas batalhas armadas contra soldados de La Paz, e mesmo com o apoio do governo amazonense, liderados por Plácido de Castro, não obtiveram sucesso em tomar a região.
Diferente das regiões de Palmas e Amapá, que pertenciam de fato à soberania brasileira, a região do Acre era pertencente à Bolívia, mas acabou sendo invadida pelos seringueiros em pleno período de expansão da borracha. Prevalecia a falta de conhecimento em relação às demarcações dos limites entre os países.
De início o barão tentou comprar a região, mas não era tão simples assim. O local já havia sido vendido para uma empresa norte-americana, a Bolyvian Sindicate de Nova Iorque, uma das chamadas “chartered companies”, empresas que compravam o direito à soberania de certa área, adquirindo o monopólio na exploração desta.
Depois de um ano de negociações, se chegou ao acordo de que o Brasil pagaria 100 mil libras esterlinas à empresa e mais dois milhões de libras à Bolívia, referente ao látex extraído por ano na região, além da construção da ferrovia Madeira-Marmoré, que criava uma saída boliviana para o Atlântico.
A maneira de agir do ministro foi alvo de críticas da opinião pública, que não concordou com as concessões e achava que o Exército nacional tinha que ter apoiado os seringueiros. Em resposta, O barão disse que não iria deixar que o Acre se tornasse um “novo Texas”. Não apoiaria a independência da região para posteriormente aceitar o pedido de anexação ao território brasileiro, pois isso feriria as relações que o Brasil sempre manteve com seus vizinhos.
Sua conduta como mediador desse conflito e de outros ao longo de seus dez anos como chanceler lhe rendeu o título de patrono da diplomacia brasileira. Além da homenagem com a criação do Instituto Rio Branco, órgão responsável pela preparação para carreira diplomática no Brasil.



Referências:

FILHO, Synesio Sampaio Goes. Fronteiras do Brasil. Brasilia, FUNAG, 2013. Parte 4, cap. 3, p: 108-118.
PEREIRA, Manoel Gomes. Barão do Rio Branco, 100 anos de memórias. Brasilia, FUNAG, 2012.
GASPARETTO, Antonio. Tratado de Madri, disponível em: http://www.historiabrasileira.com/brasil-colonia/tratado-de-madrid.



Nenhum comentário:

Postar um comentário