Vandré
Colares
Acadêmico
do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Um dos temas mais contemporâneos e
recorrentes em discussão quando o assunto é relações internacionais, sem dúvida,
diz respeito aos conflitos israelo-palestinos. Aqui, far-se-á uma análise
focada na faixa de gaza, abordando de forma breve a historicidade da região e a
correlação desta com a teoria construtivista das Relações Internacionais.
A história que cerca o conflito é
demasiada complexa e extensa. Vale destacar alguns pontos recentes que
circundam a região em questão. Gaza se tornou foco de conflito entre
israelenses e palestinos também pelo fato de a região ter recebido refugiados
palestinos após a criação do Estado de Israel em 1948, no pós-Segunda Guerra Mundial.
Os israelenses creem que a região
lhes pertence pelo fato de que a comunidade palestina foi ali estabelecida de
forma “artificial”, uma vez que segundo eles, antes da chegada dos refugiados
em 1948 não havia tal comunidade. Os palestinos, que por sua vez, reivindicam
há muito a criação de um Estado soberano, lembram que no ato da criação de
Israel, a faixa de gaza não estava delimitada como parte do Estado judeu.
O conflito todo tem como pano de
fundo a questão religiosa: há por parte das duas religiões (judeus e
muçulmanos) a atribuição de enorme importância para aquelas terras, o que
dificulta ainda mais a mediação e resolução do conflito. Uma vez que ambos
creem veementemente que a terra lhes pertence por ordem divina. Assim, uma
solução política é pouco provável.
Um capítulo à parte é o envolvimento
de grupos como o Hamas, o Hezbollah, o Fatah, as Jihads e assim por diante no
conflito. Israel e o Ocidente, de uma maneira geral, os consideram como grupos
terroristas, uma vez que usam de meios como atentados para combater a causa judia.
Por outro lado, o Hamas, por exemplo, tem representação política forte e desempenha
até mesmo um papel sócio-ideológico na região.
Esse e outros contrassensos
evidenciam a complexidade do conflito, que possui ainda muitos outros fatores
relevantes ao entendimento do que se passa naquele espaço. Por conta do caráter
complexo, é salutar analisar a questão israelo-palestina por meio da teoria
construtivista das Relações Internacionais.
É evidente a relevância dos chamados fatores “não-materiais” no
conflito. A religião enquanto peça fundamental para o entendimento dos fatos
deixa clara a impossibilidade de uma análise fidedigna por meio das teorias
estritamente positivistas, tais como o realismo e o idealismo, mesmo em suas
“refinadas” versões “Neo-Neo”.
Outro pressuposto construtivista que
se encaixa aqui é o da mutabilidade constante da realidade, graças a relação de
co-construçao entre os agentes e o meio. Por exemplo, até 1948 não existia de
fato o Estado de Israel, sua criação foi resultado das forças estruturais da
época, uma vez que esta era ditada pelos valores dos Estados ocidentais
vencedores da Segunda Guerra. Israel, por sua vez, passa a modificar a
estrutura no mesmo momento em que esta o modifica, pois representa também um
agente do SI.
Em suma, não é possível falar em
“pré-existência”, ou em algo “estrutural” quando se trata de política
internacional e relações sociais. Os palestinos passaram a habitar a região
somete após a criação de Israel, que por sua vez inexistia antes de 1948. Ou
seja, as condições conjunturais da estrutura e dos agentes, colaboraram para a
construção social da realidade como a vemos hoje.
A Construção social também se aplica para
denominar a construção de valores adotados por partes do conflito, tanto
valores sionistas como antissemitas, como por exemplo, de grupos como o Hamas,
que desejam a destruição do Estado de Israel. Esses valores são construídos com
base em diversos fatores, inclusive os “não-materiais”, como a religião e a
própria cultura pregada ali, de tal forma que o olhar construtivista parece ser
o mais apropriado para entender o conflito.
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