segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Os Conflitos na Faixa de Gaza

Vandré Colares       
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA    


     Um dos temas mais contemporâneos e recorrentes em discussão quando o assunto é relações internacionais, sem dúvida, diz respeito aos conflitos israelo-palestinos. Aqui, far-se-á uma análise focada na faixa de gaza, abordando de forma breve a historicidade da região e a correlação desta com a teoria construtivista das Relações Internacionais.
              A história que cerca o conflito é demasiada complexa e extensa. Vale destacar alguns pontos recentes que circundam a região em questão. Gaza se tornou foco de conflito entre israelenses e palestinos também pelo fato de a região ter recebido refugiados palestinos após a criação do Estado de Israel em 1948, no pós-Segunda Guerra Mundial.
            Os israelenses creem que a região lhes pertence pelo fato de que a comunidade palestina foi ali estabelecida de forma “artificial”, uma vez que segundo eles, antes da chegada dos refugiados em 1948 não havia tal comunidade. Os palestinos, que por sua vez, reivindicam há muito a criação de um Estado soberano, lembram que no ato da criação de Israel, a faixa de gaza não estava delimitada como parte do Estado judeu.


            O conflito todo tem como pano de fundo a questão religiosa: há por parte das duas religiões (judeus e muçulmanos) a atribuição de enorme importância para aquelas terras, o que dificulta ainda mais a mediação e resolução do conflito. Uma vez que ambos creem veementemente que a terra lhes pertence por ordem divina. Assim, uma solução política é pouco provável.
           Um capítulo à parte é o envolvimento de grupos como o Hamas, o Hezbollah, o Fatah, as Jihads e assim por diante no conflito. Israel e o Ocidente, de uma maneira geral, os consideram como grupos terroristas, uma vez que usam de meios como atentados para combater a causa judia. Por outro lado, o Hamas, por exemplo, tem representação política forte e desempenha até mesmo um papel sócio-ideológico na região.
            Esse e outros contrassensos evidenciam a complexidade do conflito, que possui ainda muitos outros fatores relevantes ao entendimento do que se passa naquele espaço. Por conta do caráter complexo, é salutar analisar a questão israelo-palestina por meio da teoria construtivista das Relações Internacionais. 
          É evidente a relevância dos chamados fatores “não-materiais” no conflito. A religião enquanto peça fundamental para o entendimento dos fatos deixa clara a impossibilidade de uma análise fidedigna por meio das teorias estritamente positivistas, tais como o realismo e o idealismo, mesmo em suas “refinadas” versões “Neo-Neo”.
           Outro pressuposto construtivista que se encaixa aqui é o da mutabilidade constante da realidade, graças a relação de co-construçao entre os agentes e o meio. Por exemplo, até 1948 não existia de fato o Estado de Israel, sua criação foi resultado das forças estruturais da época, uma vez que esta era ditada pelos valores dos Estados ocidentais vencedores da Segunda Guerra. Israel, por sua vez, passa a modificar a estrutura no mesmo momento em que esta o modifica, pois representa também um agente do SI.


            Em suma, não é possível falar em “pré-existência”, ou em algo “estrutural” quando se trata de política internacional e relações sociais. Os palestinos passaram a habitar a região somete após a criação de Israel, que por sua vez inexistia antes de 1948. Ou seja, as condições conjunturais da estrutura e dos agentes, colaboraram para a construção social da realidade como a vemos hoje.
A Construção social também se aplica para denominar a construção de valores adotados por partes do conflito, tanto valores sionistas como antissemitas, como por exemplo, de grupos como o Hamas, que desejam a destruição do Estado de Israel. Esses valores são construídos com base em diversos fatores, inclusive os “não-materiais”, como a religião e a própria cultura pregada ali, de tal forma que o olhar construtivista parece ser o mais apropriado para entender o conflito.
            

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