segunda-feira, 28 de julho de 2014

A Importância da FAO: Do combate à fome à reestruturação da agricultura familiar

Alessandra Viviane Vasconcelos
Acadêmica do 7° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

      O debate sobre a fome nas Relações Internacionais origina com a atuação das Organizações das Nações Unidas (ONU) e de suas principais organizações humanitárias para denunciar a problemática que perpassa as fronteiras territoriais dos países, sendo a responsabilidades de toda a comunidade internacional se unir em pé de igualdade para juntos debaterem políticas e criarem acordos e impulsionar iniciativas estratégicas. É com esse objetivo que surge a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em 16 de outubro de 1945, com visando liderar os esforços internacionais para irradicação da fome e da Insegurança Alimentar. 
Alberto Garuti, autor da obra “Fome no mundo: um problema sem solução?”, aborda as origens da fome, os conflitos seguidos de seca e ascensão dos preços dos alimentos, ou seja, situações que contrariam a teoria de Thomas Robert Malthus, um pastor anglicano e professor que sustentava um raciocínio que afirmava que a força da população era muito maior que a força da terra para prover a subsistência do homem. No entanto, o problema não está na escassez, e sim em como se dá produção e distribuição alimentos.
Segundo dados da ONU, em seu relatório de 2012, cerca de 870 milhões de pessoas passam fome no mundo, ou seja, aproximadamente uma em cada oito pessoas não possui o que comer. Em contrapartida, a produção de alimentos só tem aumentado. O grande entrave a essa questão internacional está em como se dá a distribuição de alimentos. Ela se concentrando nas mãos de grandes produtores agrícolas. É nesse contexto que se dá o compromisso da FAO no combate à fome e a pobreza, promovendo o desenvolvimento agrícola, a nutrição e a busca da segurança alimentar.


A fome no mundo não é consequência da escassez de alimentos. Teoricamente, o que é produzido hoje seria suficiente para alimentar todos os habitantes do planeta. Sendo assim, por que tantas pessoas passam fome? A resposta vem da Oxfam, uma organização não governamental de origem inglesa que atua em 90 países, inclusive o Brasil - onde está presente há cerca de 50 anos -, e que tem como uma de suas bandeiras o combate à fome e a adoção de políticas públicas que propiciem o aumento da produção de alimentos. Há seis meses, a Oxfam lançou a campanha Cresça (Grow, na língua inglesa). A entidade defende a ideia de que o problema da fome decorre de fatores como a dificuldade no acesso aos alimentos por causa da especulação com os preços e o pouco apoio dado aos pequenos agricultores. Muriel Saragosa, coordenadora de campanhas da Oxfam no Brasil, considera positiva a experiência brasileira de combate à fome e recomenda que seja copiada por outros países. Mas entende que o país poderia avançar ainda mais se o governo reforçasse os programas de apoio à agricultura familiar.
O entrave que se dá hoje no Brasil é histórico e ainda sem solução. A transferência de renda do governo federal, como o Bolsa Família, tenta amenizar essa questão, mas não vai diretamente na base do problema, que está na questão agrária. De acordo com Ciro Eduardo Corrêa, engenheiro agrônomo da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil (Concrab) do MST a primeira pergunta que todos fazemos quando se fala em produção de alimentos no Brasil, é: como pode haver fome num país que é uma potência agrícola?

Em primeiro lugar é necessário entender que os problemas estão ligados a duas questões que se complementam e se inter-relacionam: a questão agrária, que diz respeito ao acesso, posse e uso da terra, e a questão agrícola, que envolve as políticas, as técnicas e diversos outros fatores que influenciam na produção propriamente dita. Por causa da estrutura agrária e das políticas agrícolas praticadas, a produção brasileira está muito aquém da produção de outros países com condições naturais semelhantes. O representante da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil, Alan Bojanic, afirmou que o Brasil deve continuar entre os principais líderes na produção global alimentos, no entanto está longe de resolver seus conflitos internos.
A situação do pequeno agricultor no Brasil é um dos entraves para o seu próprio crescimento. O fato de não haver uma verdadeira reforma agrária eficaz e o resultado disso tem sido a expulsão da população das áreas rurais, a proletarização dos pequenos produtores, o desemprego crescente e uma permanente tensão no campo, onde a luta pela terra tornou-se o principal movimento social nos anos 1990. Hoje temos inúmeros programas do governo federal que beneficiam o agricultor, mas esbarra em suas implementações precárias e falta de técnicas necessárias. Essa é a linha de ação da FAO junto aos países. A instituição apoia os países em desenvolvimento com a formulação e execução de políticas e projetos de assistência técnica em apoio de programas nas áreas agrícola, alimentar, de desenvolvimento rural, florestal e pesqueira para a cooperação. Dentre os projetos estão FOME ZERO, PRONAF, MAPA.


 A distância entre o discurso e as ações governamentais são inversamente proporcionais à problemática da fome no Brasil, principalmente no campo, onde o trabalho se torna escasso. Tudo está a um passo de ser resolvido com as políticas certas, mas vivencia-se o sistema capitalista, onde rege a política econômica, e principalmente a corrupção e as influências no poder só tendem a perpetuar o entrave de natureza política econômica e social.
Diante dos problemas alimentares no mundo, o pequeno agricultor representa um caminho simples, viável e eficaz para o combate à fome. Por isso, o apoio à agricultura familiar e comunitária deve ser difundida. A FAO formula e incentiva projetos com estes objetivos, permitindo à comunidade internacional uma produção alternativa aos latifundiários que visam à exportação. O resultado disto é uma produção e distribuição de alimentos mais igualitária e justa.


 Referências:
http://www.webartigos.com/artigos/fome-no-mundo-um-problema-sem-solucao/87151/
K:\BLOG\A ONU e a alimentação   ONU Brasil.htm
K:\Revista Radis - número  08 - reportagens.htm
K:\Sistema de produção e distribuição concentrador gera fome, diz especialista  MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.htm

CARIONE,MARÍLIA PHILPPI.A fome no contexto internacional: a atuação da ONU e Demais organizações Humanitárias para Atenuar o Problema.Tcc apresentado a disciplina de RI.UNIVALE.ITAJAÌ-2007.
BELIK, SILVATAKAGI, WATER, JOSÉ GRAZIANO E Maya. Politicas de Combate a fome no Brasil.Sao Paulo emperspectiva .2001.
ALENCAR, ALVARO GURGEL. Do conceito Estratégio Alimentar ao Plano de Ação da Fao para combater  a Fome.fevereiro. 2001
  

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