Alessandra Viviane Vasconcelos
Acadêmica do 7° semestre de Relações
Internacionais da UNAMA
O debate sobre a fome nas Relações
Internacionais origina com a atuação das Organizações das Nações
Unidas (ONU) e de suas principais organizações humanitárias para denunciar a
problemática que perpassa as fronteiras territoriais dos países, sendo a
responsabilidades de toda a comunidade internacional se unir em pé de igualdade
para juntos debaterem políticas e criarem acordos e impulsionar iniciativas
estratégicas. É com esse objetivo que surge a Organização das Nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO), em 16 de outubro de 1945, com visando liderar
os esforços internacionais para irradicação da fome e da Insegurança Alimentar.
Alberto Garuti, autor da obra “Fome no mundo:
um problema sem solução?”, aborda as origens da fome, os conflitos seguidos de
seca e ascensão dos preços dos alimentos, ou seja, situações que contrariam
a teoria de Thomas Robert Malthus, um pastor anglicano e professor que
sustentava um raciocínio que afirmava que a força da população era muito maior
que a força da terra para prover a subsistência do homem. No entanto, o
problema não está na escassez, e sim em como se dá produção e distribuição alimentos.
Segundo dados da ONU, em seu relatório de 2012,
cerca de 870 milhões de pessoas passam fome no mundo, ou seja, aproximadamente uma
em cada oito pessoas não possui o que comer. Em contrapartida, a produção de
alimentos só tem aumentado. O grande entrave a essa questão internacional está
em como se dá a distribuição de alimentos. Ela se concentrando nas mãos de
grandes produtores agrícolas. É nesse contexto que se dá o compromisso da FAO
no combate à fome e a pobreza, promovendo o desenvolvimento agrícola, a nutrição
e a busca da segurança alimentar.
A fome no mundo não é consequência da
escassez de alimentos. Teoricamente, o que é produzido hoje seria suficiente
para alimentar todos os habitantes do planeta. Sendo assim, por que tantas
pessoas passam fome? A resposta vem da Oxfam, uma organização não governamental
de origem inglesa que atua em 90 países, inclusive o Brasil - onde está
presente há cerca de 50 anos -, e que tem como uma de suas bandeiras o combate
à fome e a adoção de políticas públicas que propiciem o aumento da produção de
alimentos. Há seis meses, a Oxfam lançou a campanha Cresça (Grow, na língua
inglesa). A entidade defende a ideia de que o problema da fome decorre de
fatores como a dificuldade no acesso aos alimentos por causa da especulação com
os preços e o pouco apoio dado aos pequenos agricultores. Muriel Saragosa,
coordenadora de campanhas da Oxfam no Brasil, considera positiva a experiência
brasileira de combate à fome e recomenda que seja copiada por outros países.
Mas entende que o país poderia avançar ainda mais se o governo reforçasse os
programas de apoio à agricultura familiar.
O entrave que se dá hoje no Brasil é
histórico e ainda sem solução. A transferência de renda do governo federal,
como o Bolsa Família, tenta amenizar essa questão, mas não vai diretamente na
base do problema, que está na questão agrária. De acordo com Ciro Eduardo
Corrêa, engenheiro agrônomo da Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária
do Brasil (Concrab) do MST a primeira pergunta que todos fazemos quando se fala
em produção de alimentos no Brasil, é: como pode haver fome num país que é uma
potência agrícola?
Em primeiro lugar é necessário entender que
os problemas estão ligados a duas questões que se complementam e se
inter-relacionam: a questão agrária, que diz respeito ao acesso, posse e uso da
terra, e a questão agrícola, que envolve as políticas, as técnicas e diversos
outros fatores que influenciam na produção propriamente dita. Por causa da
estrutura agrária e das políticas agrícolas praticadas, a produção brasileira
está muito aquém da produção de outros países com condições naturais
semelhantes. O representante da
Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) no Brasil,
Alan Bojanic, afirmou que o Brasil deve continuar entre os principais líderes
na produção global alimentos, no entanto está longe de resolver seus conflitos
internos.
A situação do pequeno agricultor no Brasil é
um dos entraves para o seu próprio crescimento. O fato de não haver uma
verdadeira reforma agrária eficaz e o resultado disso tem sido a expulsão da
população das áreas rurais, a proletarização dos pequenos produtores, o desemprego
crescente e uma permanente tensão no campo, onde a luta pela terra tornou-se o
principal movimento social nos anos 1990. Hoje temos inúmeros programas do governo
federal que beneficiam o agricultor, mas esbarra em suas implementações
precárias e falta de técnicas necessárias. Essa é a linha de ação da FAO junto
aos países. A instituição apoia os países em desenvolvimento com a formulação e
execução de políticas e projetos de assistência técnica em apoio de programas
nas áreas agrícola, alimentar, de desenvolvimento rural, florestal e pesqueira
para a cooperação. Dentre os projetos estão FOME ZERO, PRONAF, MAPA.
A distância
entre o discurso e as ações governamentais são inversamente proporcionais à
problemática da fome no Brasil, principalmente no campo, onde o trabalho se
torna escasso. Tudo está a um passo de ser resolvido com as políticas certas,
mas vivencia-se o sistema capitalista, onde rege a política econômica, e
principalmente a corrupção e as influências no poder só tendem a perpetuar o
entrave de natureza política econômica e social.
Diante dos problemas alimentares no mundo, o
pequeno agricultor representa um caminho simples, viável e eficaz para o
combate à fome. Por isso, o apoio à agricultura familiar e comunitária deve ser
difundida. A FAO formula e incentiva projetos com estes objetivos, permitindo à
comunidade internacional uma produção alternativa aos latifundiários que visam à
exportação. O resultado disto é uma produção e distribuição de alimentos mais
igualitária e justa.
Referências:
http://www.webartigos.com/artigos/fome-no-mundo-um-problema-sem-solucao/87151/
K:\BLOG\A ONU e a alimentação ONU Brasil.htm
K:\Revista Radis - número 08 - reportagens.htm
K:\Sistema de produção e distribuição
concentrador gera fome, diz especialista
MST - Movimento dos Trabalhadores Sem Terra.htm
CARIONE,MARÍLIA
PHILPPI.A fome no contexto
internacional: a atuação da ONU e Demais organizações Humanitárias para Atenuar
o Problema.Tcc apresentado a disciplina de RI.UNIVALE.ITAJAÌ-2007.
BELIK,
SILVATAKAGI, WATER, JOSÉ GRAZIANO E Maya. Politicas
de Combate a fome no Brasil.Sao Paulo emperspectiva .2001.
ALENCAR,
ALVARO GURGEL. Do conceito Estratégio
Alimentar ao Plano de Ação da Fao para combater
a Fome.fevereiro. 2001
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