Taís Hikari
Acadêmica do 3° semestre de relações internacionais
O Realismo Moderno tem como seus principais
autores Edward Carr e Hans Morgenthau. Estes teóricos interligam seus postulados
com as premissas do realismo Clássico, sendo este pilar de sustentação da
vertente moderna da tradição realista.
Primeiramente, Edward Carr é
conhecido pela obra “Vinte anos de Crise”, na qual apresentou o Estado como o
único ator relevante nas relações internacionais. Além disso, enfatiza o poder
como um fator motivador das ações desse ator. Observa-se, no livro, que o
Estado representa o objeto principal no cenário internacional, definindo-o como
um ator unitário e soberano. Defende a importância da política externa para o
Estado e seus interesses nacionais, pondo-os acima de tudo, o que vai gerar divergências,
pois cada Estado defende seu próprio interesse.
Carr se assemelha a
Maquiavel quando acredita que o poder importa mais que o direito internacional e
que a ética é irrelevante, já que esta não possui qualquer serventia para o
Estado que quiser se manter no SI. Os atores mais fortes e mais bem preparados
são aptos a se manter no sistema. Define vários tipos de poderes, destacando,
entre eles, o poder militar, conhecido como high Politics (percebe-se que para
os realistas o poder militar tem uma grande importância). O poder econômico e o
poder sobre a opinião pública não são descartados, mas são definidos como low
politics, ou seja, assuntos que possuem menos relevância na agenda
internacional.
Este autor abriu o primeiro debate
nas RI (realismo x idealismo). Ambos querem evitar a guerra. Contudo, observam
o mundo de diferentes formas. O realismo enxerga o mundo como ele é. O idealismo o vislumbra como deveria ser.
Outro
autor importante do realismo moderno é Hans Morgenthau, conhecido pelo seu
livro “Política entre as nações”. Responsável por dar consistência ao realismo
como abordagem teórica introduziu o termo “Equilíbrio de Poder” nos estudos de
RI, sendo esta a forma de alcançar a segurança internacional. Para os realistas,
o cenário internacional é anárquico, ou seja, não há existência de uma
autoridade além dos Estados que os governariam.
As
unidades nacionais sempre procuram aumentar seus poderes, construindo assim, um
ambiente de incertezas parecido com o estado de natureza de Hobbes. Esse estado
de natureza é um dos princípios que Hans Morgenthau defende em seu livro, tendo
em seguida os interesses definidos em termos de poder. Devido os Estados serem
unidades básicas e racionais, terão seus interesses definidos pelas capacidades
do ator.
O
conceito de poder sempre existiu e é universalmente definido. Morgenthau argumenta
sobre a separação entre os princípios morais e as ações políticas. Os
princípios morais estão sempre subordinados as ações políticas. Estes
princípios morais são particulares. Cada nação terá os seus princípios próprios
e procurará provar que seu ponto de vista é melhor, podendo não ser verdade. E
por fim, a autonomia da política internacional diante das questões econômicas
ou de direito. A administração de uma unidade nacional possui suas próprias lógicas
e leis.
No realismo moderno existe uma
ênfase conferida à dimensão do poder tanto para os autores citados quanto para
os autores do realismo clássico. Tal poder é relevante para a sobrevivência do
Estado em um cenário hobbesiano. Ele é também necessário para defender o
interesse nacional. Tanto Morgenthau quanto Carr trabalham levando em
consideração o papel do poder na política externa, nos seus limites e
fundamentos, demonstrando a grande importância deste para o realismo moderno.
Referencias:
CARR,
Edward H. Vinte Anos de Crise: 1919-1939 – uma introdução aos estudos das
Relações Internacionais. Brasília, DF, UNB, 1981.
MORGUENTHAU,
Hans J. A política entre as nações: a luta pelo poder e pela paz. Brasília, DF,
UNB.
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