Paulo
Victor Silva Rodrigues
Acadêmico
do 7º semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Os conflitos existem nas mais diversas formas
e lugares, protagonizados por diferentes atores. No Sistema Internacional os
Estados são os principais, sendo capazes de alterar a balança de poder entre
eles, como no caso das duas grandes guerras mundiais. Há também conflitos mais
restritos, envolvendo Estados e atores não estatais e, saber como lidar com
essas situações é necessário para que se consiga chegar a uma resolução ou ao
menos amenizar os danos, evitando que os mesmos se propaguem. Por isso, A
mediação de conflitos tem lugar de destaque dentro das Relações
Internacionais.
Considerando-se a Teoria dos Jogos de Dois
Níveis, de Robert Putnam, pode-se afirmar que para se trilhar um caminho que
leve à paz, ou pelo menos ao abrandamento de um conflito, é necessário se
chegar a um tratado negociado igualmente com as duas partes envolvidas, com a
intervenção de um negociador-chefe que tenha por objetivo buscar um
entendimento que será atrativo para ambos.
Primeiramente, deve-se levar em conta que não
é possível chegar a um acordo entre os dois lados se as negociações apenas
acontecerem entre os representantes de governo, uma vez que dentro da lógica
dos jogos de dois níveis, faz-se necessário uma interação entre a política
doméstica com a internacional. Isto é, existem dois estágios no processo: o
primeiro, conhecido como nível 1, onde ocorre a barganha entre os negociadores
que leva a um acordo provisório; e o nível 2, onde se dão os debates no âmbito
doméstico, levando-se em consideração os grupos e as coalizões internas que
poderão dar apoio ou não à ratificação do acordo.
Além disso, deve-se identificar o nível em
que está o conflito que se busca mediar. São 9 níveis de classificação e, o
último deles é quando já chegou-se as vias de fato, ou seja, há confronto
direto entre as partes, com a utilização de armas letais e consequente óbitos. Um
exemplo disso é o conflito entre Israel e Palestina, o qual tem sua origem há
mais de um século e tem se intensificado nos últimos dias, com bombardeios
diários, direcionados principalmente à Faixa de Gaza. Portanto, sendo este
conflito encaixado no nível mais elevado.
Entretanto, dentro dos Estudos de Segurança
Internacional destaca-se que a mídia poderia dificultar a busca por uma
resolução, uma vez que acabava divulgando imagens do inimigo que fazia com que
conflitos que poderiam ser resolvidos se perpetuassem. Neste contexto, Deutsch
sugeriu um “sistema de aviso antecipado” relacionado à comunicação massiva de
conflitos interestatais, que detectaria quando a imagem do inimigo estivesse
alcançando um nível perigoso. Defendendo, assim, uma cobertura de notícias mais
equilibrada, com o objetivo de incentivar a mídia a apoiar formas não violentas
de resolução de conflito.
Portanto, a mediação de conflito trata-se de
um processo complexo e delicado que envolve várias etapas e esferas,
buscando-se um consenso tanto no âmbito da política doméstica quanto na
internacional, e de atores não estatais, os quais são capazes de influenciar
positiva ou negativamente uma negociação, como no caso da mídia. Ademais, no
atual cenário de interdependência complexa que o Sistema Internacional se
encontra, buscar a mediação de conflitos é importante por trazer benefícios,
pois um cenário sem conflitos oferece menores riscos, atraindo – por exemplo –
investimentos e gerando melhorias na economia dos países.
REFERENCIAS
BUZAN, Barry. A evolução dos estudos de segurança internacional. São Paulo: Ed. Unesp,2012.
PUTNAM, Robert D. Diplomacia e Politica
Domestica: a logica dos jogos de dois níveis. Revista de sociologia e politica. V.18, n.36: 147-174. Jun,2010.
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