A chefe do
Escritório das Nações Unidas de Assistência Humanitária, OCHA, Valerie Amos,
fez um alerta sobre a situação no mundo. Amos falou sobre as preocupações e
desafios humanitários que a ONU enfrenta, mais recentemente no Iraque e na
Ucrânia. Segundo ela, apesar do cessar-fogo, a situação piora com a violência e
os conflitos contínuos. A subsecretária-geral para Assuntos Humanitários
afirmou que a crise na Síria domina os esforços de resposta da agência com mais
de 9 milhões de pessoas necessitadas, sendo quase 3 milhões de refugiados nos
países vizinhos.
segunda-feira, 30 de junho de 2014
A Teoria Realista Clássica: Tucídides, Maquiavel e Hobbes
Bianka
Neves
Acadêmica
do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
O paradigma
realista detêm suas preocupações em torno de dois conceitos chave: o poder e o
conflito. E teve como corolário ou ainda marco inicial a Guerra do Peloponeso,
entre 431-404 a. C., narrada e refletida pelo historiador grego Tucídides, considerado
o “avô” do realismo clássico. Ele marca e remonta incialmente estes dois
conceitos no decorrer de sua obra.
Assim,
o realismo argumenta sobre a tese da sobrevivência e autoajuda por meio da
manutenção do Estado, conservação do seu poder e a preservação da ordem pela
subserviência de sua população, tendo a segurança comum como um pressuposto
básico. A segurança é um bem público de
relevante valor. E mais: é um patrimônio necessário à humanidade que remonta aos
antigos anseios das coletividades pré-estatais. No pensamento hobbesiano, essa
percepção é bastante clara tanto em sua obra O Leviatã, quanto de seus
escritos em De Cive. Em razão da necessidade de sobrevivência e da
autoajuda dos Estados, o realismo irá se fundamentar no primado do egoísmo
ético – em oposição ao altruísmo ético da escola liberal. Na famosa frase de Hobbes:
“o homem é o lobo do próprio homem” - o Estado de Natureza.
Como Hedley
Bull sintetiza acerca de Hobbes: a tradição hobbesiana descreve as relações
internacionais como uma guerra de todos contra todos; uma arena de combates em
que cada Estado está em preso contra o outro. As relações internacionais, em
uma perspectiva hobbesiana, representam o puro conflito entre Estados e se
assemelha a um jogo que é inteiramente distributivo ou uma soma-zero: os
interesses de cada Estado excluem os de quaisquer outros (BULL, 2002, p. 23).
O
cenário internacional, além de calcado na incerteza, é estruturado na
assimetria do poder força entre os estados nacionais e na busca incessante dos
seus próprios interesses, gerando insegurança. Por conseguinte, o Sistema Internacional
é moldado pelo poder, pela força e pelo interesse, divergindo entre o coletivo
e o individual. Em Hobbes, tal percepção reitera o sentido do “dilema de
segurança”, situação na qual um determinado padrão de desenvolvimento da
segurança interna, por meio de investimentos em defesa nacional pode gerar com
os países vizinhos, situações até mesmo de aumento da insegurança. Em Hobbes, a
vida no estado de natureza é solitária, pobre, detestável, bruta e curta. Para
evitar tal situação de inconstância de vida, os estado civil surge para
salvaguardar a ordem pública, a paz e a segurança dos cidadãos na relação com o
“Leviatã” que imporá a força e o direito a fim de alcançar tal objetivo.
A
corrente está sustentada, portanto, na existência inegável da anarquia, no
dilema de segurança e no sistema de autoajuda dos Estados. E desde suas fontes
clássicas na Ciência Política como Maquiavel e Hobbes, ao anterior estudo de
Tucídides sobre as guerras entre Atenas e Esparta, e chegando a E.H Carr e
Hans Morgenthau no século XX, além das novas vertentes estruturais e
neoclássicas com Kenneth Waltz, John Mearsheimer, estas diretrizes mantém-se
praticamente as mesmas, com variações de ênfase.
Com a
formação dos Estados Nacionais, já antecipada inicialmente por Nicolau
Maquiavel ao sintetizar a separação entre a moral e a política como fundamento
da razão de Estado e afirmar que a unidade nacional deve afirmar a sua
soberania contra os interesses particulares, estas concepções teóricas
passaram a ganhar uma dimensão prática no desenvolvimento das políticas das
nações nos séculos XVII/XIX.
Emergiu,
assim, o conceito raison d’état. Expressão de origem francesa
desenvolvida pelo Cardeal Richelieu (1585/1642), ela estabelece que os
interesses nacionais do Estado constituído devem ser buscados de forma
racional, seguindo um cálculo de custos e benefícios, visando o incremento do
poder nacional e sendo julgados a partir de critérios exclusivamente
políticos. Uma releitura do pensamento de Maquiavel.
Na
Alemanha unificada de Otton Von Bismarck (1815/1898), as práticas do
equilíbrio de poder e a ação baseada em considerações racionais visando o
interesse do Estado passaram a ser definidas como realpolitik. E as mais
versadas emergem no cenário europeu com a distinção entre: a low politics -
esfera da economia e da cultura e a high politics- esfera da diplomacia,
do poder e da guerra.
Por
fim, Dougherty e Pfaltzgraff assim sintetizam os seis componentes básicos
compartilhados pelas visões realistas:
1.
O
sistema internacional é baseado no Estado-Nação como seu ator–chave.
2.
A
política internacional é essencialmente conflituosa, uma luta por poder em um
ambiente anárquico no qual estes Estados inevitavelmente dependem de suas
próprias capacidades para garantir sua sobrevivência.
3.
Os
Estados existem em uma condição de igualdade de soberania, porém detém
diferentes capacidades e possibilidades.
4.
A
política doméstica pode ser separada da política externa.
5.
Os
Estados são atores racionais, cujo processo de tomada de decisão é
sustentado em escolhas que levem à maximização de seu interesse nacional.
6.
O
poder é o conceito mais importante para explicar e prever o comportamento dos
Estados.
Portanto,
embora o realismo seja baseado no poder e conflito, é também “uma ferramenta
crítica para revelar a jogo dos interesses nacionais sob a retórica do
universalismo”. (DUNNE and SCHMIDT, 2001, p.
179).
Referências:
BULL, Hedley. The Anarchical
Society: A Study of Order in World Politics. 3rd ed. Columbia University
Press, New York: 2002.
DOUGHERTY, James &
PFALTZGRAFF, Robert. Contendig Theories
Of International Relations. Nem York, Longman, 1997.
DUNNE, Tim & SCHIMDT, Brian C. “Realism” in BAYLIS, John &
SMITH, Steve (ED.). The globalization of
world politics- an introduction of International Relations. Oxford: OUP,
2005, 3°ed. pp. 161-183.
HOBBES, Thomas. O Leviatã. 4ª
ed. São Paulo: Nova Cultura, 1998.
MIGUEL, Vinicius Valentin Raduan. A perspectiva realista nas relações
internacionais – fatores estruturais do sistema político internacional.
Blog Jus Navigandi, 2010. Disponível em: http://jus.com.br/artigos/17929/a-perspectiva-realista-na-teoria-das-relacoes-internacionais. Acesso em 24 de junho de
2014.
GIFFONI, Manoel. Teoria das Relações Internacionais. Blog Fichas Marra, 2010.
Disponível em: http://fichasmarra.wordpress.com/2010/11/12/teoria-das-relacoes-internacionais/. Acesso em 24 de junho de
2014.
domingo, 29 de junho de 2014
Dicas de Filmes
Ano
de Lançamento: 2010
Gênero: Documentário
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Elenco: Melody C. Roscher, Ariel Schulman e Yaniv Schulman
Gênero: Documentário
Direção: Henry Joost, Ariel Schulman
Elenco: Melody C. Roscher, Ariel Schulman e Yaniv Schulman
O
longa mostra como o advento das mídias sociais mudou a forma como as pessoas se
relacionam na internet. Dois irmãos resolvem documentar todo o processo que
levou dois estranhos a se interessarem um pelo outro apenas pela tela do
computador. Quando resolvem se conhecer, começa uma verdadeira montanha-russa
emocional onde cada um deverá expor a realidade daquilo que foi criado online.
LINHA
DE FRENTE
Título Original: Homefront
Ano de Lançamento: 2013
Gênero: Ação / Suspense
País de Origem: EUA
Direção: Gary Fleder
Um ex-agente do departamento de
narcotráficos tenta fugir de seu passado conturbado. Entretanto, ele descobre
que o submundo das drogas e da violência assombram sua pequena cidade. O chefe
do tráfico de metanfetamina na cidade coloca o agente e sua filha em perigo e,
por isso, ele é obrigado a voltar à ativa.
DOMÉSTICAS
Direção: Fernando Meirelles, Nando
Olival
Elenco: Claudia Missura, Graziela
Moretto
Gênero: Comédia dramática
Nacionalidade: Brasil
O
filme analisa a classe de trabalhadoras domésticas, como pessoas que moram em
nossas casas, mas vivem como se não estivessem lá. Além disso, mostra o olhar
preconceituoso sobre o trabalho das domésticas no Brasil, bem como o porquê
disto. As situações se passam a partir das histórias de cinco domésticas que
têm sonhos diferentes.
sexta-feira, 27 de junho de 2014
Globalizando: Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas
A Organização das
Nações Unidas designou o dia 26 de junho como o Dia Internacional
da Luta contra o Uso e o Tráfico de Drogas e o Brasil adotou-o com o
Dia Nacional de Combate às Drogas. O tráfico internacional de
drogas movimenta bastante dinheiro todos os anos, razão pela qual
não se pode negar que este crime seja altamente poderoso e perigoso,
especialmente por afetar milhares de pessoas. Interessado no assunto?
Sintonize amanhã na Rádio UNAMA FM 105.5 às 11h.
Dia do Orgulho Gay
Rafael Theocharopoulos
Acadêmico do 3º semestre de Relações Internacionais da
Unama
Ao longo do presente artigo dissertar-se-á sobre o Dia do Orgulho Gay, o
significado desta data, com todas as suas representações, recorrendo aos
conceitos do teórico critico das relações internacionais, Andrew Linklater e
sua sociedade dialógica.
A data comemorativa surgiu em 1969 com a rebelião de Stonewall em Nova
Iorque. Stonewall era um bar usado pelo público alternativo como ponto de
encontro, uma vez que à época os homossexuais eram tidos como pessoas doentes e
assim eram proibidas de consumir álcool ou cigarros e então todos os bares da
cidade passavam por revistas da policia, onde os presentes deveriam
identificar-se e de alguma maneira provar que eram heterossexuais.
Estas revistas eram organizadas propositalmente em locais onde o público
era em sua maioria gay, com o intuito de conseguir suborno dos donos e dos
clientes. Tal situação causou revolta quando um dos clientes recusou-se a apresentar
sua identificação e sendo copiado pelos demais, tornaram-se protagonistas de um
embate violento com a polícia que culminou em um movimento de repercussão
internacional.
Inicialmente a data passou a ser usada como uma maneira de relembrar os
acontecimentos da noite de 28 de junho, a qual se tornou um marco histórico da
luta por espaço e respeito na sociedade, e uma tentativa de romper com os
padrões opressores existentes até então. Ruptura fundamental às gerações que
surgiriam nas próximas décadas.
Atualmente o referido dia é usado como uma expressão do orgulho por sua
identidade de gênero e tentativa de lembrar aos demais que essa identidade é
inerente ao indivíduo e não pode ser intencionalmente alterada. Para alguns
representa poder relacionar-se com os demais sem ter vergonha de ser taxado
como diferente, poder conseguir mudar o pensamento de certas pessoas quanto ao
assunto e principalmente conseguir o devido respeito e reconhecimento.
Andrew Linklater, teórico crítico das Relações Internacionais, com base
nos postulados do filósofo alemão Jürgen Habermas sobre a “ação dialógica”, que
em termos práticos ocorre quando o individuo para ser reconhecido como tal
depende do diálogo com outrem, cria a noção de “sociedade dialógica”. Ele
idealiza o cosmopolitismo, a inclusão e a celebração das diferenças. Neste
sentido, ele diz que grupos menores, antes excluídos ou desfavorecidos, por
serem em menor quantidade que os demais, por exemplo, passarão a ter os mesmos
direitos e terão acesso ás discussões que envolvem aquele nicho social do qual
fazem parte.
Neste aspecto, há um encontro da teoria com o referido tema, uma vez que
por anos a comunidade foi oprimida, e por mais que existam fluxos contrários ao
desenvolvimento do espaço adquirido pelo publico gay, e mesmo que ainda tenham
muitos pontos a serem revistos, o movimento conquistou um espaço significativo em
relação à época da década de sessenta, como preconizado nos postulados de
Linklater.
Referências
Bibliográficas
SILVA, Marco Antônio de Meneses. Teoria
Crítica em Relações Internacionais. Contexto internacional – vol. 27, no 2,
jul/dez 2005.
10 motivos para ter orgulho de 28/07.
Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/vida-e-estilo/vida/noticia/2014/06/no-dia-do-orgulho-lgbt-gays-e-trans-listam-10-motivos-para-ter-orgulho-4537629.html.
quinta-feira, 26 de junho de 2014
Papo de Acadêmico
No “Papo de Acadêmico”, o aluno fala sobre qualquer assunto relacionado ao curso de Relações Internacionais. A entrevistada de hoje é a acadêmica, do 4º semestre, Thainá Penha.
Confira o que ela tem para falar sobre R.I!
Globalizando: ACNUR abre novo escritório e depósito no sul da Síria
A agência da ONU para
Refugiados, ACNUR, inaugurou um novo escritório e novo depósito em Sweida,
cidade no sul da Síria. O local irá abrigar itens de ajuda humanitária para
milhares de civis que estão desalojados dentro do país. A abertura do
escritório e do depósito no sul da Síria faz parte de uma política de expansão
das operações humanitárias do ACNUR. A partir do escritório em Sweida, serão
distribuídos itens básicos e lá também serão coordenados abrigos coletivos para
os sírios e fornecimento de serviços de saúde, educação e assistência legal.
quarta-feira, 25 de junho de 2014
Globalizando: Racismo e xenofobia em debate no Conselho de Direitos Humanos.
O Conselho de Direitos Humanos da ONU realizou
um debate sobre racismo e xenofobia. No encontro, em Genebra, a representação
de Costa Rica falou em nome dos países da América Latina e do Caribe. Foi
reafirmado o compromisso das nações do bloco com a Declaração de Durban e
Programa de Ação, documento assinado pela comunidade internacional contra o
racismo e a intolerância. Na reunião, o Conselho de Direitos Humanos também
adotou uma resolução para implementar a Década Internacional dos
Afrodescendentes a partir de 1 de janeiro de 2015.
Dia Internacional de Combate às Drogas
Yuri Durães
Acadêmico do 7° semestre de Relações
Internacionais da UNAMA
Em 1987, a Organização das Nações Unidas (ONU)
determinou o dia 26 de junho como o Dia Internacional de Combate às Drogas. A
primeira conferência sobre o assunto foi convocada pela ONU em fevereiro de
1990, firmando de 1991 a 2000 como anos internacionais de combate às drogas.
Em 1997 a ONU criou o Escritório das Nações Unidas
contra Drogas e Crime (UNODC, na sigla em inglês) com o objetivo de prestar
cooperação técnica aos países-membros para reduzir os problemas na área de
saúde (como o HIV) e social (como a violência) que possuem relação direta ou
indireta com as drogas ilícitas e o crime. A cada ano, no mês de junho, o UNODC
prepara uma campanha internacional de prevenção a drogas, visando contribuir
para o desenvolvimento socioeconômico dos países ao promover justiça,
segurança, saúde e direitos humanos.
As drogas já se tornaram um mal social em todo
mundo. No Brasil, os dados são particularmente alarmantes. De acordo com o mais
recente estudo apresentado pela ONU, a proporção da população brasileira que
consome cocaína cresceu de 0,4%, em 2001, para 0,7%, em 2005. Em 2001, 1% dos
brasileiros entre 15 e 65 anos consumia a droga. O índice subiu para 2,6% em
2005. Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), o mundo tem pelo
menos 200 milhões de consumidores de drogas, dos quais 40 milhões são
dependentes.
As drogas foram usadas ao longo de vários anos para
fins muito diferentes: em cerimônias religiosas, em sessões de meditação,
medicina, datas comemorativas, festejos e confraternizações. Hoje em dia é
difícil uma comemoração, seja ela familiar ou não, em que o álcool não esteja
presente.
As informações sobre aos malefícios que causam a
droga são amplamente divulgadas nos meios de comunicação (televisão, revistas,
internet, etc.) viável para todos, independentemente do nível econômico da
pessoa. Em contrapartida vemos muitas propagandas a favor do vício diretamente
e indiretamente: “51 uma boa ideia”; “Deu duro? Tome um Dreher”. “Desce macio e
reanima”; “a cerveja que desce redondo”, etc. Muitas vezes, os próprios pais
incentivam seus filhos ao consumo de drogas, por meio de exemplos pessoais ou
mesmo por brincadeira.
O Governo Federal pretende investir até 2014 um
total de R$ 4 bilhões no Plano Integrado de Enfrentamento ao Crack e outras
Drogas, e é responsabilidade dos municípios a criação dos Conselhos Municipais
de Combate as Drogas – COMAD, que objetiva propor e acompanhar, a execução da
política municipal de prevenção ao uso indevido de drogas e substâncias que
causem dependência física ou psíquica; coordenar, desenvolver e estimular
programas:
a) De prevenção ao uso indevido e à disseminação do tráfico ilícito de
drogas e substâncias que causem dependência;
b) Tratamento, recuperação e reinserção social de dependentes;
c) De otimização e capacitação de recursos humanos para o trabalho de
prevenção.
O uso indiscriminado das drogas e, pior, o tráfico ilegal destas, gera
um mal social de difícil resolução e conduz milhões de pessoas à morte. Por
isso, é papel das organizações internacionais, dos Estados, dos indivíduos e
demais atores que promovem a política mundial, trabalharem para a promoção do
bem-estar social, e da dignidade humana, livre de dominações e dependências de
qualquer tipo.
Referências:
NATIONAL-AWARENESS-DAYS. Acessado em 11/06/14 pelo site: <
http://www.national-awareness-days.com/international-day-against-drug-abuse-and-illicit-trafficking.html
>
UNITED NATIONS OFFICE ON
DRUGS AND CRIME. Dia
Internacional ao Combate de Drogas. 2013 Acessado em 10/06/14 pelo site <
http://www.un.org/en/events/drugabuseday/> ou
<http://www.unodc.org/brazil/>
terça-feira, 24 de junho de 2014
Pensamentos Internacionalistas: O Agir Estratégico e a Ação Dialógica
Jürgen Habermas influencia o
estudo das áreas das Relações Internacionais, do Direito e das ciências sociais
e humanas. Autor de livros como: Direito e Democracia: entre facticidade e
validade, Consciência Moral e Agir Comunicativo, Pensamento Pós-metafisico,
entre outros. Habermas possui um amplo debate sobre a ação dialógica.
“Enquanto
que no agir estratégico um atua sobre o outro para ensejar a continuação
desejada de uma interação, no agir comunicativo, um é motivado racionalmente
pelo outro para uma ação de adesão – e isso em virtude do efeito ilocucionário
de comprometimento que a oferta de um ato de fala suscita”.
(HABERMAS, Jürgen. 2003.)
Globalizando: UNESCO lança portal de combate à corrupção na educação
O Instituto
Internacional para Planejamento da Educação e a UNESCO lançaram o portal Ético
para combater a corrupção no setor. O portal Ético traz as últimas pesquisas
sobre corrupção na educação e busca promover transparência e discussões sobre o
tema em um blog dentro do site. A UNESCO cita alguns casos de sucesso, como a
criação de conselhos em escolas brasileiras para reduzir os riscos de desvio de
verbas para merenda escolar.
segunda-feira, 23 de junho de 2014
Globalizando: ONU quer leis mais rigorosas de combate à violência contra mulheres
A relatora
especial da Organização das Nações Unidas Rashida Manjoo pediu a criação e a
adoção de uma lei internacional para combater a violência contra mulheres.
Manjoo alertou que desafios antigos e novos estão impedindo os esforços de
promoção e proteção dos direitos do grupo e pela igualdade de gêneros. Ela quer
que os países adotem normas e medidas para ajudar na luta contra a violência
que as mulheres sofrem no mundo inteiro.
Os Refugiados no Brasil
Subina Ramos
Acadêmica do 3° semestre de Reações Internacionais da UNAMA
São
tidos como refugiados aquelas pessoas que são obrigadas a fugirem dos seus países
de origem em razão de perseguição religiosa, pela diferença de raça (cor) ou etnia
e, principalmente, pela existência de instabilidade política. As pessoas tendem a fugir quando sentem que suas vidas
e comunidades estão sob risco, o que culmina num estado de “não lugar”, logo, sem
voz e liberdade de exigir que se cumpram os fundamentos do Homem no meio
social.
O final do século XIX e início do século XX foi marcado
por uma situação alarmante do número de refugiados pelo mundo, o que viria a se
tornar uma narrativa de ação conjunta entre os Estados. Questão esta que
reivendicou uma maior atenção na matéria dos princípios humanitários no que diz
respeito à responsabilidade e tarefas que se deve encabeçar com vista ao
prevalecimento dos mais básicos e essenciais direitos sócio-estruturais das
pessoas.
Dentre os direitos garantidos à pessoa do refugiado,
faz-se necessário destacar o direito fundamental de não ser devolvido ao país
em que sua vida ou liberdade esteja sendo ameaçada.
A questão dos
refugiados ganhou ainda um maior destaque no cenário internacional no
pós-guerra, quando se estabeleceu um órgão subsidiário no âmbito da ONU para
proteger esse grupo: o Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados
(ACNUR). Também foi elaborado o principal instrumento internacional em matéria
de refugiados: a Convenção Relativa ao Estatuto dos Refugiados de 1951.
A quantidade e a magnitude das crises de refugiados em
todo o mundo – assim como a expectativa por “socorro” ou refúgio – geralmente
são maiores do que a vontade da comunidade internacional em ajudar.
O Brasil se inseriu nesse contexto internacional
voltado para os refugiados. Porém, sua atuação se destacou especialmente após a
redemocratização política no plano interno, em 1986. Com o auxílio do ACNUR, 50
famílias provenientes do Irã foram acolhidas pelo Brasil pela aplicação do
estatuto de asilados. Em 19 de dezembro de 1989, o Brasil retirou a reserva
geográfica, passando a acolher refugiados de todos os continentes . Nesse
contexto, consolidou-se o trabalho da Cáritas São Paulo e outras instituições
com os refugiados.
Porém surge outra questão realçada nessa política
brasileira de acolher sem restrições: a de como serão recebidos. E como vão se manter
em solo brasileiro? O número de pedido de refúgio no Brasil avança de forma
galopante. Do total de pedidos de
refúgio feitos ao Brasil no ano passado (2013), 2.242 (43%) foram de africanos,
outras 2.039 solicitações (39%) partiram de asiáticos e atualmente há cerca de
5.200 refugiados reconhecidos pelo governo no Brasil.
Os motivos que explicam esses números se assentam na
facilidade que a lei brasileira proporciona a essas pessoas. Pelo seu O Brasil
tem papel pioneiro e de liderança na proteção internacional dos refugiados.
Além disso, foi o primeiro país da América do Sul a ratificar a Convenção Relativa
ao Estatuto dos Refugiados. Todavia, devido à fragilidade instituicional,
muitas dessas pessoas prevalecem na mesma situação que encaravam no seu país de
origem.
Grande quantidade de refugiados e de deslocados internos
representam um desafio na questão de recursos e podem, inclusive,
desestabilizar o país que os acolhe. Nota-se que grande parte dos países
desenvolvidos, principalmente na Europa, criaram políticas de controle ao
número de asilo concedido por temerem a desestabilização interna, deixando essa
tarefa para os países de menor suporte.
Nesse ponto, é interessante notar que o ACNUR
considera o Brasil um líder regional em matéria de refugiados, com a capacidade
de ajudar a prevenir a intensificação de conflitos na região que possam
resultar em novos fluxos de refugiados. Também reconhece o comprometimento do
país com a proteção dos refugiados e entende ser exemplar o tratamento desses
indivíduos, tanto em termos de legislação quanto dos esforços empregados para
sua integração.
Assim, o crescente número de refugiados, comprova que
o mundo caminha cada vez para uma instabilidade, e que difícil se torna o
estabelecimento dos ideiais de uma sociedade, que é a imagem de um meio estável
com garantias e liberdades para todos seus membros.
Referências
ACNUR
no Brasil, Agência da ONU para os refugiados < disponível em :
http://www.acnur.org/t3/portugues/informacao-geral/o-acnur-no-brasil/>
acesso em 21.06.2014.
LEÃO, Renato Zerbini Ribeiro. A temática do
refúgio no Brasil após a criação do Comitê Nacional apara os Refugiados –
CONARE. In: MILESI, Rosita (Org.). Refugiados: realidade e perspectivas.
Brasília: CSEM/IMDH; Loyola, 2003. p. 171-196.
PNUD.
2007. Projeto de Reassentamento de Refugiados no Brasil. 2004. Disponível em:
http://www.pnud.org.br . Acesso em: 20.06. 2014.
SANTOS,
João Paulo de Faria. Os refugiados e a sociedade civil: a experiência da
Cáritas Arquidiocesana de São Paulo. In: MILESI, Rosita (Org.). Refugiados:
realidade e perspectivas. Brasília: CSEM/IMDH; Loyola, 2003. p. 134-154.
ACNUR.
A situação dos refugiados no mundo: cinquenta anos de acção humanitária.
Almada: A Triunfadora Artes Gráficas, 2000.
domingo, 22 de junho de 2014
Resenha: Ensaio Sobre a Cegueira (2008)
Brenda
de Castro
Internacionalista
(UNAMA) e Mestranda em Ciência Política (PPGCP/UFPA)
Baseado na obra homônima de José Saramago e dirigido pelo
brasileiro Fernando Meireles, sendo assim uma produção brasileira, canadense e
japonesa, “Ensaio sobre a cegueira” ou Blindness,
é um filme que possibilita infindáveis discussões sobre inúmeros temas. Conta
ainda no elenco impecável com Julianne Moore, Danny Glover, Alice Braga, Mark
Ruffalo e Gael García Bernal.
A história gira em torno da epidemia de uma cegueira branca a
qual não se sabe a origem e muito menos a cura, apenas que, ao entrar em
contato com quem a possui a pessoa também passa a apresentar o sintoma. Assim,
o caos se estabelece e o medo do contágio acaba por levar o poder público a
isolar os afetados em uma espécie de quarentena.
Julianne Moore interpreta a esposa do oftalmologista (Mark
Ruffalo) que foi o primeiro a atender um paciente com a cegueira, o qual também
ficou cego. Contudo, apesar dela ter entrado em contato com o marido cego, por
algum motivo ela não manifesta o sintoma. E, assim, quando o levam para a quarentena,
ela se voluntaria a ir, afirmando também estar cega.
Como muitos filmes que trazem cenários apocalípticos, de
sobrevivência ou de situações extremas, uma das abordagens para discutir o
desenrolar do filme é a natureza humana em situações que não há lei ou ordem.
O lugar onde as pessoas que sofrem da cegueira são alojadas,
por conta do alto índice epidêmico, não possui representantes do governo,
apenas uma guarda que garante que ninguém saia e os alimentos que são entregues
para eles. De resto, eles próprios começam a se organizar e dividir pelas alas.
Assim, quando alguns problemas começam a surgir – tais como a
divisão da comida e a necessidade de distribuir algumas tarefas como enterrar
alguns mortos – uma parte do grupo opta pela democracia representativa enquanto
outra ala, incomodada pela iniciativa de ordenamento, declara-se nas palavras
do personagem interpretado por Gael García Bernal: “uma monarquia”.
Autodeclarando-se o “rei da ala três”. Uma cena cômica, mas que dá início aos
primeiros problemas do grupo.
É possível afirmar que a situação em que se encontram remete
ao estado de natureza hobbesiano, pois como o próprio diz: “onde não há poder
comum, não há lei, e onde não há lei, não há injustiça”. Os princípios da Teoria Realista das Relações
Internacionais também são visíveis. O mundo anárquico e conflituoso no momento
em que cada grupo/indivíduo tenta impor sua visão – seja pelo diálogo ou, mais
tarde, pela violência. O uso da força, a prevalência do mais forte.
Por outro lado, podem-se observar também alguns princípios
kantianos, e, consequentemente, idealistas. Por exemplo, temos na personagem
interpretada por Julianne Moore uma negação do ditado “em terra de cego quem
tem um olho é rei”. Apesar de possuir a visão, podendo ser considerada certa
“vantagem”, ela não usa a seu bel prazer. Ao contrário. Faz da sua visão um
meio para tornar a vida para os demais um pouco melhor e se doa, mantendo o
fato inclusive em segredo. Até mesmo quando há a imposição violenta por parte
do outro grupo, continua buscando a cooperação e o
diálogo.
No
grupo do qual ela faz parte, também vemos ímpetos de cooperação para sobreviver
à situação e humilhação imposta, inclusive levando à cena chocante em que
várias mulheres se submetem à violência sexual a fim de manter a paz entre os
grupos.
Numa visão kantiana, o próprio
conflito leva à busca por novos arranjos em busca de um propósito comum a todos
ali. Tornando a visão reducionista do homo
homini lupus um pouco mais complexa de ser analisada.
Sendo até mesmo mais uma prova de
que, seja num cenário hipotético ou real, duas visões extremistas podem
coexistir.
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