Márcia Andrade
Acadêmica do 7º Semestre de
Relações Internacionais da UNAMA
O conceito de tabagismo há mais uma década, saiu da antiga
concepção de ser um hábito, um charme social ou uma forma de enfrentar o
estresse do dia a dia. Hoje sabemos que o tabagismo é uma doença de dependência
de nicotina, passando por diversos fatores de natureza psicológica que podem
dificultar a luta em parar de fumar.
Em
uma resolução, datada de maio de 1995, a Assembleia Mundial da Saúde mencionou
pela primeira vez a possibilidade de elaborar um tratado internacional como
estratégia na luta antitabagista, ao chegarem ao reconhecimento de que se tratava de uma pandemia com
graves danos sanitários, sociais e econômicos decorrentes do uso do tabaco.
Dessa
forma, em 2005, após a fase de assinatura de 168 países e, noventa dias após a
quadragésima ratificação, a Convenção Quadro Contra o Tabagismo (CQCT) entrou
em vigor. A partir de então, começou a contagem do tempo para a atuação das
estratégias adotadas sobre o consumo do tabaco e, por esta via, sobre a
produção, ou seja, possíveis soluções ao problema.
Nesse último dia 31, foi lembrado como anda o suposto direito
individual “para fumar” em contraposição um direito fundamental de “não fumar”,
assinada na CQCT pelo Brasil em 16 de junho de 2003 e pensar em algumas
considerações sobre o problema do tabagismo, se final, ele seria uma decisão
pessoal ou social.
Mesmo
sabendo sobre leis contra o fumo e todos os perigos que há em ser um fumante,
existem pessoas que continuam praticando este hábito que pode causar doenças
graves e, em alguns casos, levar à morte. Fumar se tornou um vício para muitas
pessoas e essas enfrentam muitas dificuldades quando decidem parar de fumar,
pois os efeitos que a abstinência causa no organismo são fortes, e ainda
existem aqueles que não têm esse hábito, mas que por convivência, ou por
coincidência, são fumantes passivos, pessoas que não fumam diretamente, mas
inalam a fumaça e os gases que saem do cigarro através de outras pessoas.
É bom
entender que, o cigarro, quando libera seus gases e fumaça, contém substâncias
consideradas irritativas e cancerígenas, como nicotina, alcatrão, benzina,
monóxido de carbono e amônia que podem causar consequências terríveis.
Isso nos
alerta que cigarro traz consequências não somente a quem fuma, mas também para
quem convive com fumantes. Os danos do tabaco, no entanto, não se restringem ao
uso. De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), ao longo da cadeia de
produção o meio ambiente também é afetado.
Quem paga
a conta?
O cigarro
custa muito pouco para o fumante, mas gera prejuízos muitos altos para os
cofres públicos. Estima-se que cerca de 8% dos gastos com internação e
quimioterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) são atribuídos às doenças
relacionadas ao consumo de tabaco.
Qualquer
investimento para controlar o tabagismo é muito menor do que o custo do
tratamento das doenças relacionadas a ele. Investir em prevenção e
conscientizar a população de fumantes, portanto, são caminhos a serem seguidos,
para evitar o consumo, principalmente pelos mais jovens. Quase 90% dos fumantes regulares começam a fumar
antes dos 18 anos. O dado leva a Organização Mundial da Saúde (OMS) a
considerar o tabagismo uma doença pediátrica. Daí a importância de ações
voltadas para este público.
Por outro
lado, a indústria do fumo continua muito bem. O faturamento do setor, segundo
estimativa da Associação dos Fumicultores do Brasil (Afulra), O Brasil é
o segundo maior produtor de tabaco do mundo com a Indústria de tabaco
movimentando R$ 16 bilhões por ano.
Isso
significa que, apesar das restrições, as estratégias utilizadas pela indústria
do tabaco têm conseguido fazer aumentar os seus lucros, o que, trocado em
miúdos, representa uma ameaça maior à saúde dos brasileiros. Bom seria estimar
o custo do tabaco para o sistema de saúde dos Estados e da Federação e exigir
que os fabricantes pagassem essa conta. Através de aumento de preços,
indenizações justas pelo prejuízo ao sistema de saúde, cerco total ao marketing
agressivo da indústria do tabaco e um esforço ainda maior de conscientização,
sobretudo junto aos jovens e pessoas menos informadas ou simples, são medidas
que poderiam ser sempre implementadas.
Sem
dúvidas, esse cenário põe em evidência que a expansão do consumo de tabaco é um
problema altamente complexo que envolve muito mais do que questões de
bioquímica e clínica médica. O fomento da expansão do consumo em escala
planetária fez a OMS considerar o tabagismo uma doença transmissível pela
publicidade.
Dessa
forma, toda e qualquer ação dirigida ao controle do tabagismo deve ter um foco muito além da dimensão do indivíduo, buscando abarcar tanto as variáveis
sociais, políticas e econômicas que contribuem para que tantas pessoas ainda
comecem a fumar, quanto os fatores que aqueles que se tornaram dependentes
parem de fumar e se mantenham abstinentes.
Mais do que nunca, é preciso ter em mente, em nome
da saúde e da qualidade de vida e que o tabaco mata. E se
decisão de fumar é individual, como dizem, seria bom lembrar que a conta é socializada!
Referência
Disponível em: <http://www.institutoric.org.br/na-contramao-da-saude-o-brasil-produz-800-a-900-mil-toneladas-de-folhas-de-fumo/#content>
.
Disponível
em: < http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/acoes_programas/site/home/nobrasil/programa_nacional_controle_tabagismo/apresentacao>
Disponível
em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/observatorio_controle_tabaco/site/home/convencao_quadro/o_que_e>
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