segunda-feira, 2 de junho de 2014

Eleições Ucranianas: uma visão da Teoria Construtivista nas R.I.

Raylson Max
Acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


Sabemos que as eleições internas dos países são bastante importantes para os eleitores. São de suma importância para o contexto geopolítico internacional. As eleições ucranianas, onde os inúmeros assuntos de interesse da política internacional estão voltados, a importância é maior devido as questões que ocorrem no leste europeu e os países do ocidente acompanham de forma direta ou indireta. O que ocorre na região euroasiática do mundo pode ser analisado à luz das teorias construtivistas.
           Por questões históricas, para se entender melhor o que está acontecendo e o porquê de estarem acontecendo, é bom entender o que os cidadãos ucranianos reivindicam para a melhora de seu país. A identidade da Ucrânia está sendo altamente mexida influenciada por movimentos étnicos russos. A “Revolução Laranja” e o “Euromaidan” é crucial para entender os primórdios desse movimento o qual “desaguou” nas eleições ucranianas onde o oligarca Petro Poroshenko, o “Rei do Chocolate” como ficou conhecido, ganhou com cerca de 54% dos votos. Ele foi seguido da ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko, do Partido Pátria, com 13,9%.
Para entender as eleições na ótica da teoria construtivista, é preciso saber os pontos seminais da teoria, a qual vem ganhando bastante visibilidade no cenário da análise internacional.
A teoria construtivista parte do princípio de que agente-estrutura estão sendo co-construídos em um movimento de retroalimentação continuada contínua. Outro ponto bastante importante é a questão da identidade a qual leva e/ou adquire como valores, normas, ideais, cultura. Há ainda a importância do papel líder.
No construtivismo, a identidade é relacional, ou seja, diferente do que os positivistas dizem, a identidade não é fixa, fidedigna.  A possibilidade de ser flexível, para os positivistas, é ínfima ou mesmo beirando à zero. Segundo Adler, os agentes definem identidades que expressam seu interesses­­. A relação social entre os agentes é de suma importância para que uma estrutura seja formada. Sendo assim, o ciclo se torna vicioso. Ou seja, a relação entre os agentes formam a estrutura, e a estrutura influencia os agentes.
A maioria dos ucranianos sonha com uma democracia de fato. Libertos de “bloqueios” de outros países e muito mais integrado com o resto da Europa. O desafio do presidente eleito é nada menos do que encarar essa realidade juntamente com os cidadãos que vivem na Ucrânia, sejam os de etnia russa ou não. Colocar a Ucrânia no eixo das principais rotas econômicas. Inserir-se na UE e mostrar a sua identidade para aquela região e para sua população. O papel do Líder/Presidente, agora, é fundamental para que ocorram mudanças necessárias para que o país seja estabilizado na área sócio- econômico advindo de fraquezas da política externa da Ucrânia.
Na verdade, a Ucrânia está em um momento decisivo de sua formação como um Estado. Por um lado, tem-se a perda de sua “soberania”, cujo significado e sentido desta expressão para a dinâmica mundial foi construída intersubjetivamente pelos agentes da Estrutura. Há neste momento a ideia de soberania como algo a ser ainda respeitado, valorizado.
Assim, a situação deste momento é a seguinte: o futuro presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko, terá uma grande escolha a fazer. Ou se alia ao Ocidente pela construção de uma cooperação diante da União Europeia, ou ficará à sombra de uma potência eurasiática. Há uma terceira opção. Pode escolher manter relações tanto com Rússia quanto com o Ocidente.
De qualquer forma, é inegável que a população, como detentora de poder, pode escolher seu futuro nas urnas. A construção deste futuro, na verdade é incerto. Não se sabe para onde caminham as mutações e transformações do sistema internacional. Contudo, é obvio que se se cultiva boas relações atualmente, o futuro tende a ser pacífico, caso contrário, há que se esperar o pior.

O mais importante disto tudo é que a Ucrânia possui o poder de se relacionar com os demais agentes da estrutura, para assim, conjuntamente vislumbrar fazer parte das relações mútuas do sistema internacional. A população é importante porque juntamente com a identidade, o país formará seus interesses. Logo, o líder apreenderá estes interesses e formulará a política externa da qual a Ucrânia baseará seus passos na política internacional. Cabe agora esperar para ver o rumo para onde caminhará a política internacional frente à crise ucraniana.

Referências




BUENO, Adriana Mesquita Corrêa. Perspectivas contemporâneas sobre regimes internacionais: a abordagem construtivista. Rio de Janeiro Campus (PUC-Rio), Rio de Janeiro, Brasil, jul 22, 2009.

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