Raylson Max
Acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA
Sabemos
que as eleições internas dos países são bastante importantes para os eleitores.
São de suma importância para o contexto geopolítico internacional. As eleições
ucranianas, onde os inúmeros assuntos de interesse da política internacional
estão voltados, a importância é maior devido as questões que ocorrem no leste
europeu e os países do ocidente acompanham de forma direta ou indireta. O que
ocorre na região euroasiática do mundo pode ser analisado à luz das teorias construtivistas.
Por questões
históricas, para se entender melhor o que está acontecendo e o porquê de estarem
acontecendo, é bom entender o que os cidadãos ucranianos reivindicam para a
melhora de seu país. A identidade da Ucrânia está sendo altamente mexida
influenciada por movimentos étnicos russos. A “Revolução Laranja” e o “Euromaidan” é crucial para entender os primórdios
desse movimento o qual “desaguou” nas eleições ucranianas onde o oligarca Petro Poroshenko, o “Rei do Chocolate” como
ficou conhecido, ganhou com cerca de 54% dos votos. Ele foi seguido da
ex-primeira ministra Yulia Tymoshenko, do Partido Pátria, com 13,9%.
Para entender as
eleições na ótica da teoria construtivista, é preciso saber os pontos seminais da
teoria, a qual vem ganhando bastante visibilidade no cenário da análise
internacional.
A
teoria construtivista parte do princípio de que agente-estrutura estão sendo
co-construídos em um movimento de retroalimentação continuada contínua. Outro
ponto bastante importante é a questão da identidade a qual leva e/ou adquire
como valores, normas, ideais, cultura. Há ainda a importância do papel líder.
No
construtivismo, a identidade é relacional, ou seja, diferente do que os
positivistas dizem, a identidade não é fixa, fidedigna. A possibilidade de ser flexível, para os
positivistas, é ínfima ou mesmo beirando à zero. Segundo Adler, os agentes definem
identidades que expressam seu interesses. A relação social entre os agentes é
de suma importância para que uma estrutura seja formada. Sendo assim, o ciclo se
torna vicioso. Ou seja, a relação entre os agentes formam a estrutura, e a estrutura
influencia os agentes.
A
maioria dos ucranianos sonha com uma democracia de fato. Libertos de
“bloqueios” de outros países e muito mais integrado com o resto da Europa. O
desafio do presidente eleito é nada menos do que encarar essa realidade juntamente
com os cidadãos que vivem na Ucrânia, sejam os de etnia russa ou não.
Colocar a Ucrânia no eixo das principais rotas econômicas. Inserir-se na UE e mostrar
a sua identidade para aquela região e para sua população. O papel do Líder/Presidente,
agora, é fundamental para que ocorram mudanças necessárias para que o país seja
estabilizado na área sócio- econômico advindo de fraquezas da política externa
da Ucrânia.
Na
verdade, a Ucrânia está em um momento decisivo de sua formação como um Estado. Por
um lado, tem-se a perda de sua “soberania”, cujo significado e sentido desta
expressão para a dinâmica mundial foi construída intersubjetivamente pelos
agentes da Estrutura. Há neste momento a ideia de soberania como algo a ser
ainda respeitado, valorizado.
Assim,
a situação deste momento é a seguinte: o futuro presidente da Ucrânia, Petro
Poroshenko, terá uma grande escolha a fazer. Ou se alia ao Ocidente pela
construção de uma cooperação diante da União Europeia, ou ficará à sombra de
uma potência eurasiática. Há uma terceira opção. Pode escolher manter relações
tanto com Rússia quanto com o Ocidente.
De
qualquer forma, é inegável que a população, como detentora de poder, pode escolher
seu futuro nas urnas. A construção deste futuro, na verdade é incerto. Não se
sabe para onde caminham as mutações e transformações do sistema internacional.
Contudo, é obvio que se se cultiva boas relações atualmente, o futuro tende a
ser pacífico, caso contrário, há que se esperar o pior.
O
mais importante disto tudo é que a Ucrânia possui o poder de se relacionar com
os demais agentes da estrutura, para assim, conjuntamente vislumbrar fazer
parte das relações mútuas do sistema internacional. A população é importante
porque juntamente com a identidade, o país formará seus interesses. Logo, o
líder apreenderá estes interesses e formulará a política externa da qual a
Ucrânia baseará seus passos na política internacional. Cabe agora esperar para
ver o rumo para onde caminhará a política internacional frente à crise
ucraniana.
Referências
http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/efe/2014/05/25/poroshenko-vence-eleicoes-ucranianas-segundo-pesquisas-de-boca-de-urna.html visualizado em
17:18
http://edition.cnn.com/2014/05/26/world/europe/ukraine-crisis/index.html?iref=allsearch
visualizado em 17:39
BUENO,
Adriana Mesquita Corrêa. Perspectivas contemporâneas sobre regimes
internacionais: a abordagem construtivista. Rio de Janeiro Campus
(PUC-Rio), Rio de Janeiro, Brasil, jul 22, 2009.
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