quarta-feira, 18 de junho de 2014

Eleições Europeias: Um Olhar Internacionalista

Vandré Colares
Acadêmico do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


No mês de maio, o mundo esteve atento e pôde observar os resultados das eleições parlamentares europeias. A partir desse fato internacional, é possível analisar por meio das teorias de Relações Internacionais o caso em questão. Assim, é oportuna a contribuição do teórico crítico Andrew Linklater e sua relação com o frankfurtiano Jürgen Habermas para entender os fatos que envolveram aquelas eleições.
As eleições foram marcadas pelo latente avanço de partidos de extrema-direita. Bem como os chamados “eurocéticos”, isto é, grupos contrários à integração e aprofundamento das relações do bloco europeu. Há que se destacar que apesar do perceptível crescimento do número de cadeiras dos referidos grupos, os partidos pró-europa ainda garantiram a maioria dos votos, fazendo dos “eurocéticos” um grupo ainda minoritário. Esta é uma informação fundamental para entender como o fato expressa o pensamento de Linklater.
Habermas preconizou o conceito de “ação dialógica”, no qual afirmava que o entendimento de um ser como tal depende do diálogo e interação com outro. Linklater, então, parte desse mesmo conceito para fazer sua aplicação internacionalista. Em termos kantianos (utópico), segue afirmando que a emancipação (libertação em relação às forças dominantes) dar-se-á justamente através da abertura ao diálogo tal como propõe Habermas.
Além disso, Linklater idealiza a comunidade dialógica como inclusiva e cosmopolita, que “celebra as diferenças”. Em suma, ele pretende que grupos outrora excluídos das discussões, minorias por assim dizer, passem a fazer parte da comunidade. É neste ponto que as eleições europeias e o pensamento do autor se encontram. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, afirmou que a decisão da escolha do próximo chefe da Comissão Europeia será feita por meio da abertura de diálogos com os grupos políticos a serem formados dentro do parlamento. Tradicionalmente, o cargo é preenchido por nomeação dos líderes do bloco.
É clara a expressão das ideias de Linklater na afirmação. Quando Rompuy declara que a decisão passará a ser feita em contabilização dos resultados das eleições parlamentares europeias, ou seja, com as minorias obtendo voz na discussão, a utopia do crítico, mesmo que apenas neste recorte, se concretiza. 


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