Vandré Colares
Acadêmico do 3°
semestre de Relações Internacionais da UNAMA
No mês de maio, o mundo esteve atento e pôde observar os resultados das
eleições parlamentares europeias. A partir desse fato internacional, é possível
analisar por meio das teorias de Relações Internacionais o caso em questão. Assim,
é oportuna a contribuição do teórico crítico Andrew Linklater e sua relação com
o frankfurtiano Jürgen Habermas para entender os fatos que envolveram aquelas
eleições.
As eleições foram marcadas pelo latente avanço de partidos
de extrema-direita. Bem como os chamados “eurocéticos”, isto é, grupos
contrários à integração e aprofundamento das relações do bloco europeu. Há que
se destacar que apesar do perceptível crescimento do número de cadeiras dos
referidos grupos, os partidos pró-europa ainda garantiram a maioria dos votos,
fazendo dos “eurocéticos” um grupo ainda minoritário. Esta é uma informação
fundamental para entender como o fato expressa o pensamento de Linklater.
Habermas preconizou o conceito de “ação dialógica”,
no qual afirmava que o entendimento de um ser como tal depende do diálogo e
interação com outro. Linklater, então, parte desse mesmo conceito para fazer
sua aplicação internacionalista. Em termos kantianos (utópico), segue afirmando
que a emancipação (libertação em relação às forças dominantes) dar-se-á
justamente através da abertura ao diálogo tal como propõe Habermas.
Além disso, Linklater idealiza a comunidade
dialógica como inclusiva e cosmopolita, que “celebra as diferenças”. Em suma,
ele pretende que grupos outrora excluídos das discussões, minorias por assim
dizer, passem a fazer parte da comunidade. É neste ponto que as eleições europeias
e o pensamento do autor se encontram. O presidente do Conselho Europeu, Herman Van
Rompuy, afirmou que a decisão da escolha do próximo chefe da Comissão Europeia
será feita por meio da abertura de diálogos com os grupos políticos a serem
formados dentro do parlamento. Tradicionalmente, o cargo é preenchido por
nomeação dos líderes do bloco.
É clara a expressão das ideias de Linklater na
afirmação. Quando Rompuy declara que a decisão passará a ser feita em
contabilização dos resultados das eleições parlamentares europeias, ou seja,
com as minorias obtendo voz na discussão, a utopia do crítico, mesmo que apenas
neste recorte, se concretiza.
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