sexta-feira, 31 de outubro de 2014

A importância da Segurança Humana na Contemporaneidade

Paulo Yuri Lameira
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


            Desde o final da Guerra Fria o cenário internacional começou a passar por sérias modificações, como o surgimento de novos atores internacionais com interesses diversos, associado a uma nova agenda de temas internacionais. Com isto, um dos principais conceitos do campo de estudos das Relações Internacionais também sofreu alterações: a segurança passou a ser foco principal dos Estados. O tema, no decorrer dos anos, ganhou uma definição mais abrangente, elevando a percepção da qualidade de vida humana, em detrimento do conceito de segurança tradicional, militarista e estatocêntrica.
O conceito de Segurança Humana defende todas as formas de proteção para a sociedade, gerando uma interação a todas as instâncias sociais, como por exemplo a economia, a alimentação, a política, a saúde e até mesmo as questões ambientais. Por isso, o conceito de segurança humana é uma preocupação institucional necessária para qualquer ator internacional. Isto se deve ao fato de a segurança humana ser um conceito operacional, com empenho de aliviar o sofrimento humano, mobilizando ações tanto por parte dos Estados, como por Organizações Internacionais, ONGs e a sociedade civil.
Questões como soberania, territorialidade, impactos climáticos, combate ao desemprego e bem-estar social, estão contidos nas premissas de segurança humana. Proteger os povos nunca foi tarefa fácil quando se vive em um mundo com uma imprevisibilidade enorme. Por isso, a ideia de segurança humana se complementa com os conceitos de Diretos Humanos e Desenvolvimento, buscando fortalecer uma alternativa às tradicionais perspectivas de segurança a nível global. Sendo assim, por se tratar de vidas humanas, possui dois aspectos principais: 1) manter as pessoas a salvo de ameaças crônicas como fome, doenças, repressão e; 2) protegê-las de mudanças súbitas e nocivas nos padrões de vida cotidianos.
O Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD) é uma Importante agência coordenadora de questões sociais, presente na organização das Nações Unidas (ONU), que tem por objetivo identificar as dimensões que a segurança pode apresentar para melhor proteger a todos os seres humanos. Seriam elas: Segurança Econômica, para garantir o emprego e remuneração; Segurança alimentar, para combater a fome e a Má distribuição de alimentos; Segurança Sanitária, para combater as epidemias, doenças e até falta de água; Segurança Ambiental, para questões de preservação; além da sustentabilidade e da Segurança Política, para garantir o respeito aos direitos fundamentais do homem. Todas estas dimensões devem reproduzir um processo viável e eficiente para melhorar cada vez mais o bem-estar das pessoas.
Assim como a paz, a segurança também é construída socialmente, ao passo que, em segurança, não se pode ter uma vida plenamente digna, pois ela envolve fatores essenciais, como já foram citados. Neste sentido, é possível perceber que algumas construções teóricas em Relações Internacionais são questionadas, tais como a soberania estatal e o princípio da não intervenção, principalmente porque as intervenções humanitárias também se incluem nos fundamentos de segurança humana.
Portanto, a segurança é a probabilidade de redução do risco e da vulnerabilidade. Ou seja, a diminuição e o controle da insegurança podem ser vistos como uma forma de prevenção das diversas causas dos males que preocupam o mundo. Alguns casos de vulnerabilidade podem ser percebidos atualmente, como o vírus Ebola, que vem afetando o continente africano e preocupa a comunidade internacional como um todo, gerando, assim, cooperação mútua para combater a epidemia
Com isso, É necessário que as políticas de segurança internacional foquem na preocupação com a dignidade da vida humana, pois é impossível estar realmente seguro enquanto ainda acontecerem mortes em massa causadas pela fome, doenças, guerras civis, desastres naturais, dentre outros. As intervenções humanitárias servem justamente para isso: proteger os seres humanos de contextos adversos, e promover o apoio ao desenvolvimento de normas para construção de um mundo realmente seguro.


REFERÊNCIAS

OLIVEIRA, Arianna Bazzano de. Segurança Humana: avanços e desafios na política internacional. Universidade estadual de Campinas são Paulo, 2011, pag. 73 - 88. 

Globalizando: ONU e agências internacionais unem-se para combater escravidão moderna

A Organização Internacional do Trabalho se juntou à Organização Internacional para Migrações e à Organização para Segurança e Cooperação na Europa para combater o problema da escravidão moderna. Em 1948, a Declaração Universal da ONU sobre os Direitos Humanos proclamou que "ninguém pode ser mantido em regime de escravidão”. Desde então, novas formas de escravidão surgiram, como é o caso do tráfico humano. Saiba mais sobre o assunto amanhã, no Programa Globalizando, ao ar na Rádio UNAMA FM 105.5 às 11h. 


quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Globalizando: BRICS compartilham estratégias contra desnutrição

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, FAO, representantes dos BRICS, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, enfatizaram que segurança alimentar e desnutrição só podem ser resolvidos com compromisso político forte e recursos adequados, garantindo que ministérios e atores não-estatais trabalhem de forma coordenada. Apesar da queda no número de pessoas passando fome, a estimativa é que pelo menos dois bilhões de pessoas sofram de deficiência de micronutrientes e outras 500 mil sejam obesas. 


quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A importância da leitura para o pensamento crítico


Nossa relação com os livros determina,
em grande parte, a nossa relação com a cultura.
(Irina Bokova, Diretora-geral da UNESCO)


Loriene Torres
Acadêmica do 3° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

Em 29 de Outubro de 1810 a Real Biblioteca Portuguesa foi transferida para o Brasil, quando então foi fundada a Biblioteca Nacional. Esta data foi escolhida para comemoramos o DIA NACIONAL DO LIVRO. A Biblioteca fica na cidade do Rio de Janeiro e é considerada pela UNESCO uma das dez maiores bibliotecas nacionais do mundo e também a maior biblioteca da América Latina.
Este dia comemora a força dos livros para nos reunir, e transmitir a cultura dos povos e seus sonhos de um futuro melhor. Propicia uma oportunidade para pensarmos juntos sobre maneiras de difundir a cultura da palavra escrita e de permitir que todos os indivíduos, homens, mulheres e crianças, tenham acesso a ela, por meio de programas de alfabetização, livrarias, bibliotecas e escolas.
Os livros têm o poder para fomentar a realização individual e produzir mudanças sociais incomparáveis. Íntimo, mas profundamente social, os livros proporcionam amplas formas de colóquio entre comunidades e indivíduos através do tempo. Eles são nossos aliados na propagação da educação, da cultura, da ciência e da informação. Ler é um ato repleto implicações, consequências, e dependendo do leitor, de motivações.
Com o desenvolvimento científico e tecnológico, que é um atributo acentuado da sociedade moderna, observa-se que a leitura cada vez mais tem se tornado um meio indispensável para a inserção social do indivíduo e consequentemente para a formação da cidadania, uma vez que através dela é possível o acesso a uma gama de informações e novos conhecimentos de fundamental importância para interação de uma forma mais consciente na sociedade. 
Com essa perspectiva, a Cátedra Unesco de Leitura da PUC-Rio criou o Observatório de Projetos e Políticas de Leitura no Brasil e na América Latina: um espaço dinâmico, de convergência de informações e interações pessoais, que estimula a reflexão e o diálogo permanentes, em torno de diversas ações de incentivo à leitura no Brasil e demais países da América Latina.
A leitura é um instrumento primordial para que o ser humano saiba posicionar-se, ter opiniões próprias, ser crítico, ter embasamento necessário para toda e qualquer atividade ou área, conforme tantos autores já louvaram. E precisa-se ressaltar também a leitura como lazer, um hábito que garanta prazer ao Ser Humano.
O acréscimo de conhecimento está intrinsecamente ligado à construção do senso crítico, do modo de se portar perante o mundo, e tal atitude leva ao estabelecimento da personalidade original, forte, marcante, única.
Sendo assim, bem mais do que uma ação cotidiana, o ato da leitura refletida garante ao homem o desenvolvimento intelectual necessário para a construção de utopias e para a desconstrução do pensamento hegemônico de que tecnologias (des)necessárias são indispensáveis, propiciando, deste modo, a emancipação humana frente à alienação da ordem tecnológica-científica-informacional.


Globalizando: OMS diz que vacina contra ebola será testada em humanos

A Organização Mundial da Saúde informou que começará a testar duas vacinas contra o ebola em seres humanos e os resultados dos testes clínicos devem estar disponíveis já em dezembro. Uma vez liberada, a imunização deve priorizar o pessoal da área de saúde, trabalhadores de funerárias que realizam os enterros de vítimas do ebola, parentes e pessoas em contato com os doentes. 



terça-feira, 28 de outubro de 2014

Pensamentos Internacionalistas: A sociedade internacional heterônoma

Nicholas Onuf (1941) é cientista político com Ph.D em estudos internacionais pela Johns Hopkins University. Onuf introduziu o Construtivismo nas Relações Internacionais. Segundo este teórico é correto pensar que os Estados participam de uma sociedade heterônoma, ao invés de uma sociedade anárquica. Pois o Sistema Internacional nada mais é do que uma construção social, que advém de regras, as quais podem ser modificadas e transformadas através do processo de interação de Agentes e Estrutura.


 “If anarchy is a condition of rule unrelated to any agent’s intentions, then international relations is no anarchy. We need another term to indicate the form of rule in which agents intend that they be ruled by what seem to be unintended consequences of exercising their rights. Heteronomy is a better term”.

ONUF, Nicholas. Constructivism: a user’s manual. In: International Constructed World. 1998

Globalizando: Portugal eleito para o Conselho de Direitos Humanos da ONU

Com 184 votos, Portugal foi eleito para integrar o Conselho de Direitos Humanos das Nações Unidas. Além de Portugal, Holanda também foi eleita, com 172 votos. No total, 15 cadeiras estavam disponíveis para países de todas as regiões, e os eleitos vão ocupar o Conselho de Direitos Humanos durante três anos. A principal função do Conselho é promover os direitos humanos no mundo, apontar violações e fazer recomendações aos países.


Globalizando: Brasil se torna 3º maior destino de migrantes na América do Sul

De acordo com a Organização Mundial para Migrações, OIM, o Brasil se tornou o terceiro maior destino de migrantes na América do Sul, com 600 mil estrangeiros no país. A OIM afirma que outra tendência tem sido o retorno ao país de origem, assim como a crescente volta da Europa de sul-americanos com dupla nacionalidade. Segundo a OIM é importante focar na regularização como forma de fortalecer os direitos humanos dos migrantes e integração regional.



segunda-feira, 27 de outubro de 2014

O Desarmamento é um Passo Fundamental para a Paz




Renato Cordeiro
Acadêmico do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA

A Organização das Nações Unidas instituiu os dias entre 24 a 31 de outubro como a Semana Mundial do Desarmamento. A reflexão sobre a necessidade de tornar o sistema internacional mais seguro, através da regulação de armamentos, é de extrema importância para entender a situação da ameaça sempre presente de guerras e conflitos, e como os desentendimentos internacionais podem ser potencializados por meio de armas com poderio inimagináveis. Por isso, a organização enxerga o desarmamento como uma forma de propagar a Cultura de paz e a amistosidade entre as nações.
O desarmamento é a retirada e/ou destruição de qualquer tipo de arma, podendo também estar atrelada a uma política de impedir a criação de novas armas e controlar as já existentes. No âmbito das Relações Internacionais, as armas e os acordos de desarmamento são motivos de muitos dos principais conflitos que ocorrem entre países.
       Neste contexto, foi assinado em 1925 o Protocolo de Genebra, o primeiro acordo do tipo na história; nele vetava-se totalmente o uso de armas químicas e bacteriológicas. O acordo, que entrou em vigor em 1928, embora bem intencionado, não foi bem sucedido quanto ao fim do emprego destas armas, visto que a Alemanha, embora tenha assinado o tratado, não o ratificou e ainda voltou a produzir tais armamentos durante o governo de Hitler, que por sua vez não encontrou impedimentos para utilizá-las novamente na Segunda Guerra Mundial, e desta vez em escala industrial, como ocorria com as câmaras de gás dos campos de concentração.
         Com isso, o Protocolo de Genebra foi abandonado, assim como as discussões quanto a utilização de armas químicas e biológicas. No entanto, este serviu de base para as futuras convenções que retomariam este assunto. Apenas em 1972, 27 anos após o fim da Segunda Guerra Mundial, retomou a discussão, com a Convenção sobre as Armas Biológicas, assinada em Washington e que novamente proibia o uso, mas também a produção e o armazenamento destas armas.
Já as armas químicas continuaram sem regulamentação, devido os impasses entre as grandes potências no contexto da Guerra Fria, produzindo episódios lamentáveis, como o uso de Napalm pelos EUA na Guerra do Vietnã e o uso de vários tipos de armas de químicas pelo Iraque durante as guerras contra o Irã(1980-1988), na Guerra do Golfo(1991) e em ataques contra aldeias curdas no país que deixaram milhares de mortos.
Apenas em 1993, após o término da Guerra Fria, foi assinado um novo tratado internacional sobre o assunto, a Convenção sobre as Armas Químicas, entrando em vigor em 1997 e criando a Organização para a Proibição de Armas Químicas (OPAQ). No acordo, determina-se as mesmas proibições destinadas às armas biológicas, com o acréscimo da obrigação de destruir as armas químicas já existentes.
           No entanto, o tipo de desarmamento mais importante para a segurança internacional é o desarmamento nuclear. Essas armas, criadas pelos EUA durante a Segunda Guerra Mundial e usadas apenas duas vezes, em ataques a Hiroshima e Nagasaki, no Japão em 1945, levaram o mundo a uma nova corrida armamentista, com a criação de arsenais nucleares grandes e poderosos o suficiente para inviabilizar a vida na Terra em caso de uso das mesmas em uma eventual Terceira Guerra Mundial.
Cientes disso, as grandes potências da época (EUA e URSS), criaram a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), e, após a Crise dos Misseis em Cuba, viu-se a necessidade da criação de um tratado a respeito da regulamentação desses armamentos, o que foi concretizado em 1968 com a criação do Tratado de Não-Proliferação Nuclear, além de vários acordos bilaterais assinados posteriormente.
     Obviamente, todos esses tratados não conseguiram eliminar as ameaças representadas por essas armas, como pode-se notar pelo ataque com armas químicas ocorrido na Síria em 2013, além da obtenção de bombas atômicas por Índia, Paquistão, Israel e talvez pela Coréia do Norte. Entretanto, as agências resultantes de tais acordos tem uma atuação constante e relevante, por servirem de fórum para discussões a respeito de armas e determinar diretrizes a serem seguidas sobre o assunto; prova disso foi que a OPAQ recebeu em 2013, mesmo ano dos ataques na Síria, o Prêmio Nobel da Paz.
Assim, constata-se a relevância de todos esses acordos e organizações intencionais, para que não se concretize na prática a famosa frase de Albert Einstein: “Não sei como será a terceira guerra mundial, mas sei como será a quarta; com pedras e paus”.


Referências:

A ONU e o Desarmamento. Disponível em:http://www.onu.org.br/a-onu-em-acao/a-onu-e-o-desarmamento/

Convenção de 1972 sobre a proibição de armas bacteriológicas e sobre sua destruição. Disponível em:https://www.icrc.org/por/resourchttps://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/5yblc9.htmes/documents/misc/5yblc9.htm

Saiba mais sobre a Opaq, laureada com o Prêmio Nobel da Paz de 2013. Disponível em:http://g1.globo.com/mundo/noticia/2013/10/saiba-mais-sobre-opaq-laureada-com-o-premio-nobel-da-paz-de-2013.html

Decreto No 2.864, de 7 de dezembro de 1998. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/d2864.htm
Decreto No 2.977, de 1o de março de 1999. Disponível em:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D2977.htm

Protocolo de Genebra que proíbe armas químicas e bacteriológicas completa 80 anos – E agora?. Disponível em:https://www.icrc.org/por/resources/documents/misc/6ddhtv.htm.





 

domingo, 26 de outubro de 2014

RESENHA: A REDE (1995)

Brenda de Castro
Internacionalista e Mestranda em Ciência Política (PPGCP/UFPA)

Após denúncias de Wikileaks e Julian Assange sobre diversos temas envolvendo governos, diplomacia, espionagem e a segurança cibernética, a questão da tecnologia e a internet estão cada vez mais presentes na esfera política.
Por se tratar de uma tecnologia relativamente nova e que se desenvolve rapidamente, a própria intensificação dos processos de globalização e a maior interação de indivíduos e empresas, independente das distâncias, era tida como uma das principais consequências desta. Contudo, a velocidade com que a tecnologia se desenvolveu não foi acompanhada por leis que a protegessem e refletissem a nova realidade. A discussão do espaço cibernético como de soberania estatal está mais que nunca em voga.
Entretanto, a questão é menos atual do que se imagina. Já em 1995, quando a tecnologia ainda não tinha se alastrado tanto para nosso cotidiano (com redes sociais e smartphones), o filme A Rede (The Net, no original) do diretor Irwin Winkler trouxe a temática para discussão.

O filme conta com Sandra Bullock no papel principal de Angela Bennet, especialista em sistemas de informática. Ela é o grande enfoque do filme, talvez até excessivamente. Por conta da profissão ela é tida como uma pessoa retraída, que trabalha em casa e não interage muito com as pessoas, a não ser pelo computador. Quase que uma premonição do que nos esperava na década seguinte ao filme.
A interface dos programas utilizados por ela mostra a distância tecnológica que nos separa do momento do filme, mas que ainda assim remete a semelhanças da atualidade. O enredo inicia por enfatizar a peculiaridade da rotina profissional de Angela passando assim para o momento que um colega de profissão – que nunca a viu pessoalmente – envia para ela um vírus que ele considera importante de analisarem juntos. O encontro, no entanto, é impedido por conta de um acidente suspeito que ele sofre.
A trama demora a se desenvolver e ficamos nos perguntando do que se trata o vírus, enquanto isso ela sai de férias e encontra um jovem charmoso, que na verdade estaria apenas criando uma armadilha para se apoderar do disquete que ela tinha em mãos.
É importante revelar alguns desenvolvimentos do filme para compreender melhor a questão a ser abordada. É então que o filme em si começa. Ela sobrevive a uma tentativa de assassinato, mas, em outro país, perde sua identidade e recebe outro nome. Um dos primeiros momentos-chave do filme é quando ela tenta se convencer do seu real nome e não consegue, já que estão se baseando por informações do sistema de computadores, as quais não corroboram com o que ela afirma.
Sem ter escolha, assume a nova identidade e volta para seu país buscando solucionar seu problema quando descobre que sua identidade na verdade foi assumida por outra pessoa e, por uma ironia do destino, não tem como provar quem é de verdade, já que nunca interagiu com as pessoas do trabalho, além de sua mãe sofre Alzheimer.
A questão mostra a vulnerabilidade a que estamos sujeitos, do fato de tudo que nos diz respeito está em sistemas, mas que estas informações, o que nos define, estão totalmente disponíveis a sofrer modificações ou serem perdidas. Como se o virtual valesse mais que o real.
O longa-metragem enfoca demasiadamente nos impactos pessoais na vida de Angela o que acaba pecando por perder o outro ponto interessante que é justamente o vírus em questão e seus possíveis impactos políticos. Quando o filme o faz, mostram-se como as informações são facilmente manipuladas e aceitas. Descobre-se que um programa que na verdade prometia a segurança era a fonte da invasão e distorção de vários conteúdos secretos do governo.
Apesar de datar de quase uma década atrás, o filme mostra como é atual a confiabilidade que temos na rede mundial de computadores e, por conta disso, estamos totalmente vulneráveis à exposição, assim como totalmente dependentes.

Talvez o filme enriquecesse mais a temática se dedicasse mais minutos para o vírus em si, para a organização por trás dele e para os objetivos envolvidos. Mas ainda assim é uma interessante opção para analisar como a situação parecia “mirabolante” uma década atrás e agora é extremamente atual.

sábado, 25 de outubro de 2014

Papo de Acadêmico

No “Papo de Acadêmico”, o aluno fala sobre qualquer assunto relacionado ao curso de Relações Internacionais. O entrevistado de hoje é o acadêmico, do 4º semestre, Paulo Yuri.

Confira o que ela tem para falar sobre R.I!

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

ONU aos 69 anos e a Ordem Multicêntrica: As Perspectivas de Mudança no Sistema Onusiano

Christiane Ramos
Acadêmica do 4° semestre de Relações Internacionais da UNAMA


A Organização das Nações Unidas foi criada em 1945, após a Segunda Guerra Mundial. A organização representa a institucionalização da governança global sobre a paz e a segurança internacionais. Os temores de que houvesse outro conflito de proporção global, possibilitou que os Estados passassem a enxergar a cooperação como um meio de construção da paz.
Após a Segunda Guerra Mundial, foi possível perceber um novo reordenamento da política internacional. Dois polos de força contrários começavam a ser formados, tendo como “líderes” de um lado os Estados Unidos e de outro, a União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS). A ordem, naquele momento, era a do alinhamento à uma das forças, o que representava uma espécie de equilíbrio de poder centrado entre duas grandes potências, onde os demais Estados com menor poder-força, se aliavam aos Estados com poder-força mais elevado.
Durante o período da Guerra Fria, a ONU esteve estagnada, principalmente o Conselho de Segurança. Para que seja realizada uma ação com decisão advinda deste órgão, é necessário aprovação unânime. Contudo, influenciados pelas ideologias e ações contrárias, os membros permanentes do Conselho (Estados Unidos, Reino Unido, China, França e União Soviética) possuíam dificuldades para cooperar entre si, portanto não se chegava a um consenso sobre o que deveria ser feito para alcançar a paz e segurança internacionais. Segundo SARDENBERG (2013, p. 61),

“Os cinco membros permanentes, embora tenham interesses em comum no Conselho, nem sempre formam um grupo em si. Até meados dos anos 80, as desavenças entre EUA e URSS eram as grandes responsáveis pela pouca relevância do Conselho”.

            A derrocada URSS e o fim da Guerra Fria possibilitaram uma quebra das correntes da bipolaridade. Os atores não estatais passaram a ganhar notoriedade e, novas “potências” econômicas emergentes destacavam-se não pela qualidade da força bélico-militar, mas por possuírem uma economia forte, tornando-se capazes de agir em um sistema internacional livre das sombras das potências.

Na verdade, a corrente Neoliberal das Relações Internacionais considera que o período após a Guerra Fria pode ser chamado de unimultipolaridade. Logo, passou-se de um sistema bipolarizado para um meio ao qual não há centralidade visível de poder, pois as fontes e recursos de poder são variados. Há uma potência (EUA), que no entanto, não comanda ou lidera a política internacional.
Deste modo, o sistema internacional passou a sofrer algumas modificações, principalmente no que se refere ao direcionamento do poder global. Assim, as reivindicações sobre o órgão seleto e restrito da ONU – Conselho de Segurança – ganharam força. Países como a Alemanha, Brasil e mais recente, a Venezuela acreditam que possuem capacidade para requerer uma cadeira no Conselho.
GUERREIRO (1995) e AMORIM (2005), apesar de tratarem de momentos diferentes as relações que envolvem a ONU, possuem um ponto em comum: acreditam que a organização deve se adequar ao contexto e aos tipos de relação entre os atores do sistema internacional. Isto significa que, conforme as dinâmicas no cenário internacional mudam ou se transformam, a ONU, da mesma forma, deve se adaptar ao contexto da realidade internacional vigente, para vislumbrar atingir seus objetivos.
A 69ª Assembleia das Nações Unidas, ocorrida no dia 24 de setembro de 2014, foi um grande palco de discussões acerca do tema, decorrente da necessidade de uma reformulação do Conselho de Segurança e das Nações Unidas. De acordo com o discurso de presidente venezuelano Nicolás Maduro (2014),

“Hoy Naciones Unidas tiene que adaptarse a um mundo multipolar, multicéntrico, pluripolar, com nuevos actores en el mundo. Con países y regiones emergentes que tienen voz propia, pensamiento propio, aspiraciones. Naciones Unidas tienen que adaptar su organismo”.

Maduro acrescentou ainda a necessidade de uma reformulação da Secretaria Geral, pois acredita que o órgão tem o dever de escutar e representar todos os membros. Abordou a conveniência de reconfigurar o funcionamento da Assembleia Geral, dando-lhe um papel protagônico, e que se discutam realmente os temas importantes da agenda internacional. Admite, portanto, a inevitabilidade de se construir um novo sistema das nações unidas para a paz em um mundo multipolar.
A restrição ao Conselho de Segurança impede os Estados, que não possuem uma cadeira permanente, de serem ouvidos. O fato de os membros do Conselho conservarem grande poder bélico e militar já não suporta mais a tese da restrição, pois a segurança e paz internacionais (objetivos da ONU e do Conselho de Segurança) são difusos, e estão diretamente ligados à questões humanitárias, como a fome, pobreza, recursos naturais, dentre outros.
Sendo assim, quando se trata dos 69 anos da ONU e das perspectivas de reconfiguração do sistema onusiano, é imprescindível relatar que a reforma vai além de questões estruturais. Deve ser notado que os discursos, os modos de significações, a forma de pensar e agir dos Estados e das Nações Unidas, como um sujeito de Direito Internacional, deve ser repensado. Desta forma, a esperança é que os clamores por reformas sejam ouvidos e que estas mudanças realmente ocorram, promovendo assim, a indiscutível e necessária reformulação do sistema das Nações Unidas.

REFERÊNCIAS

AMORIM, Celso. A ONU aos 60 - Artigo do Embaixador Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, publicado na "Revista Política Externa", vol. 14. http://www.itamaraty.gov.br/sala-de-imprensa/discursos-artigos-entrevistas-e-outras-comunicacoes/ministro-estado-relacoes-exteriores/a-onu-aos-60-artigo-do-embaixador-celso-amorim>. Acesso em: 15 de out. de 2014.Visualizado às: 22:18.

GUERREIRO, Ramiro Saraiva. ONU: um balanço possível. Estudos Avançados 9 (25), 1995.

SARDENBERG, Ronaldo Mota. O Brasil e as Nações Unidas. Brasília: FUNAG, 2013.


YOUTUBE. Nicolás Maduro, Discurso completo en la Asamblea General de la ONU, 24 septiembre 2014. < https://www.youtube.com/watch?v=nEls1zezqZQ>. Acesso em: 16 de out. de 2014. 

Globalizando: Dia da Organização das Nações Unidas

A data é comemorada desde 1948, como aniversário da entrada em vigor, em 1945, da Carta das Nações Unidas. Com a ratificação deste tratado pela maioria de seus signatários, incluindo os cinco membros permanentes do Conselho de Segurança, as Nações Unidas oficialmente passaram a existir. A celebração foi determinada em 1947 pela Assembleia Geral de forma que o dia fosse dedicado tornar conhecidos pelos povos do mundo os objetivos e conquistas da ONU. 


quinta-feira, 23 de outubro de 2014

Globalizando: Simulação de Organismos Internacionais

Acontece hoje e amanhã a Simulação de Organismos Internacionais da Universidade da Amazônia que permite ao acadêmico de Relações Internacionais simular uma reunião da Assembléia Geral da Organização das Nações Unidas. A simulação ocorrerá pelo quarto ano consecutivo e em 2014 tem como tema a "segurança cibernética", que também será debatido no Programa Globalizando. Sintonize no sábado às 11h na Rádio UNAMA FM 105.5.

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

Programa Globalizando "Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo e na A...

O Programa desta Semana é sobre "Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo e na Amazônia". O dia 16 de outubro é considerado o Dia Mundial da Alimentação. E temos como convidada a professora Lorena Falcão, especialista em nutrição clínica pela Universidade Federal do Pará - UFPA. Além de ser mestranda do Programa de Ensino em Saúde na Amazônia pela UEPA.

Programa Globalizando,uma produção de qualidade feita por acadêmicos de RI da Universidade da Amazônia (UNAMA).Não deixe de conferir! 


A Importância das Simulações para a formação do Internacionalista

Arantxa Santos
Internacionalista formada pela UNAMA


Uma das atividades mais importantes na formação do internacionalista é a simulação de reuniões de fóruns de discussões internacionais, em especial de Organizações internacionais relevantes no mundo contemporâneo.
Nos cursos de Relações Internacionais (RI), a simulação parte da ideia de projetar o real funcionamento de uma organização internacional, de modo que os participantes possam lidar com temas de relevância global compreendendo os variados pontos de vista dos países, assim como aplicarem o aprendizado adquirido em sala de aula e treinarem a capacidade de diálogo.
Em qualquer projeto de simulação, independente da organização utilizada como base, o primeiro passo é criar um contexto internacional, real ou fictício, e elaborar um tema para a atividade que incentive os participantes a buscarem conhecimento sobre tal situação. Dessa forma, o participante passa a desempenhar um papel que está sob a influência não apenas do tema em questão, como também da real atuação do país que representará.
O principal objetivo da simulação no ambiente universitário é abordar os temas atuais de maneira interdisciplinar, de modo que o acadêmico possa identificar a importância das diferentes disciplinas presentes na grade curricular e como elas podem ser base para a análise dos fatos internacionais. A simulação também trabalha diversas habilidades como capacidade de cooperação, técnicas de negociação, resolução de conflitos, aptidão em discursar, além da elaboração de documentos oficiais e soluções para os problemas presentes no sistema internacional.
Nesse sentido, a Simulação de Organismos Internacionais da Universidade da Amazônia acontecerá pelo quarto ano consecutivo, dando aos acadêmicos de Relações Internacionais a oportunidade de representar uma reunião da Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
Um dos principais diferenciais da atividade é o fato que, desde a sua primeira edição, é organizada pelos próprios acadêmicos de Relações Internacionais sob a supervisão do Prof. Dr. José Gilberto Quintero Torres, do curso de RI da Universidade da Amazônia.
O evento ocorrerá nos dias 23 e 24 de outubro com discussões sobre Segurança Cibernética, temática que ganhou importância no sistema internacional após as revelações de Edward Snowden à imprensa mundial sobre o programa secreto de espionagem estadunidense.
Durante uma simulação, os acadêmicos incorporam diplomatas que representam um Estado-membro da organização internacional, defendem o posicionamento deste sobre o tema em questão e elaboram estratégias baseadas na política externa do país que representam.
Com isso, se reconhece que simular a reunião de um organismo internacional é essencial para a formação do profissional de Relações Internacionais, de forma que o mesmo possa praticar suas habilidades, ampliar seu conhecimento e futuramente se tornar um internacionalista capaz de compreender a realidade internacional, analisá-la sob os mais variados pontos de vista, e o mais importante, encontrar soluções para os principais obstáculos ao desenvolvimento humano.


Globalizando: Casos de ebola podem chegar a 10 mil por semana em dezembro

A Organização Mundial da Saúde previu que os casos de ebola podem chegar até 10 mil por semana, em dezembro. No último mês, os registros de novos casos estão girando em torno de mil por semana. Os casos da doença chegaram aproximadamente a 9 mil e o número de mortos é de quase 5 mil. No entanto, há sinais positivos de uma redução da propagação do surto em alguns países da África Ocidental, apesar de ser cedo para declarar que a epidemia esteja diminuindo.





terça-feira, 21 de outubro de 2014

Pensamentos Internacionalistas: Ruggie e o Construtivismo no Contexto da Governança Global

John Gerard Ruggie (1944) é cientista político, professor de relações internacionais em Kennedy School of Government, na Universidade Harvard. Atuou por seis anos (2005-2011) como representante especial da ONU, onde foi um dos idealizadores do Pacto Global das Nações Unidas, lançado em 2000, pelo secretário-geral Kofi Annan.
Para Ruggie a globalização contextualiza as relações internacionais contemporâneas, ressaltando os aspectos positivos da globalização. Ele também trata dos fatores que trazem perigo aos benefícios da globalização, as “novas guerras”, e outros aspectos conjunturais, que estão associadas a instabilidade intra-estatal como a criminalidade internacional, as doenças globais e os problemas ambientais.


 “Não pode existir uma conduta de relações internacionais mutuamente compreensível sem existirem regras constitutivas reciprocamente reconhecidas que assentem na intencionalidade coletiva”.

Ruggie, John. What Makes the World Hang Together? Neo-utilitarism and the Social Constructivist Challenge. 1998


Globalizando: OIT debate geração de empregos nas Américas

A Organização Internacional do Trabalho, OIT, debateu a situação do trabalho nas Américas na 18ª Reunião Regional Americana que ocorreu em Lima, no Peru. O encontro que acontece a cada quatro anos, reuniu 400 representantes dos países da região, que discutiram os desafios relacionados à geração de empregos e também à regulamentação do trabalho informal. Também foram discutidas questões como o emprego juvenil, proteção social e o diálogo social.